"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A vida me ensinou - Charles Chaplin


"A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir; aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças;
sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", 

embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente,

como um presente que da vida recebi,
e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenho que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher."

Charles Chaplin





Linha cruzada de sentimentos

Assistimos a tantos filmes policiais (pelo menos, eu assisto), vemos tantas notícias preocupantes nos jornais do mundo inteiro, a internet nos "bombardeia" incessantemente com uma crescente banalização dos crimes, que, no fim, acabamos vivendo em busca de segurança e olhando com desconfiança para todos os lados.

Sexta-feira passada, acordei super cedo pois tinha que pegar um avião para Paris para uma aula prática no Aeroporto de Orly.

Depois da aula, que durou o dia inteiro e me fez andar feito uma louca para cima e para baixo, literalmente, corri para a estação de trem e fui para Bordeaux, cidade que não conhecia e onde havia decidido passar o final de semana... Pelo mesmo preço de uma passagem de Paris a Toulouse, comprei duas passagens: uma, Paris-Bordeaux, e outra, Bordeaux-Toulouse e lá fomos eu, euzinha e eu mesma.

"Sozinha?!?!" Essa é a pergunta que mais escuto de meus amigos, daí e daqui. "Sim, sozinha. E por que não?"

Minha teoria é: se quero fazer algo, por que deveria condicionar isso a ter companhia para fazê-lo? Se tiver companhia, melhor, mas não tendo... faço assim mesmo!

Assim, cheguei a Bordeaux já passava das 22:00 e o hotel em que me hospedaria ficava a 10 minutos a pé da estação. Quando estava me dirigindo ao hotel, um homem me abordou e me pediu indicação de algum hotel na região para que ele pudesse pernoitar, pois havia perdido a estação em que deveria descer e agora precisaria dormir em Bordeaux para seguir viagem na manhã seguinte.

Expliquei que eu havia feito minha reserva pela internet num hotel de 2 estrelas (propaganda enganosíssima) que eu não conhecia, mas que meus critérios tinham sido objetivos: banheiro não compartilhado, proximidade da estação, horário do check-in e preço, o mais barato que pude encontrar nessas condições.

Fomos conversando e caminhando até o hotel. Chegamos, fiz o meu check-in, me despedi e o deixei na recepção, providenciando o seu check-in. Exausta que estava, nem dei muita importância a nada nem a ninguém, só queria dormir; entro no quarto, tomo meu banho, visto meu pijama e me enfio debaixo das cobertas (que eram tão "2 estrelas" quanto o hotel).

Eis que, já deitada, curtindo aquela "molezinha" que antecede o sono, escuto o telefone do meu quarto tocar. "Como assim?! Será que esqueci de assinar alguma coisa na recepção?! Poxa, não dava para esperar até amanhã de manhã?!"

Atendo e, eis minha surpresa, não era da recepção; era o rapaz que havia caminhado comigo havia poucos minutos (chamemos de Mr.X.).

Mr.X., então, falando como se de um fôlego só, me atropela com um monte de informação; diz que havia ficado encantado comigo, que precisava me ver, que queria bater na minha porta e achou melhor me telefonar antes (ufa!), que não queria o risco de nunca mais me ver... enfim... E eu, completamente muda do outro lado da linha, sem entender o que estava acontecendo ali. Num momento em que ele parou de falar um pouco, expliquei-lhe que "sentia muito", mas estava deitada e precisava dormir. Despedi-me educadamente e desliguei.

Cinco minutos se passaram, eu já começando a digerir aquilo tudo e pegando no sono, o telefone toca novamente: era Mr.X. mais uma vez. Agora, ele pedia desculpas pela forma como ele "me abordou", mas nunca havia se sentido daquela forma e precisava me ver. Novamente, buscando não ser grosseira, mas por "receio" do que qualquer outra coisa, agradeci e me desculpei, mas, realmente, precisava dormir. Nos despedimos e desliguei.

Fonte: Spirit Dreamer
"Pronto. Agora é que não durmo mais..."

O bendito hotel, que como disse, era 2 estrelas, e uma das estrelas já devia estar "cantando pra subir". O quarto, mais que simples, era precário, com direito a uma decoração mais que duvidosa constituída por um poster de navio e uma corda  de ancoragem presa à parede formando um "W". O banheiro, em fibra, era tão pequeno que para tomar banho tinha que deixar a cortina aberta, senão encostava ou na cortina ou na parede, dois lugares em que eu não queria encostar de jeito nenhum. E, óbvio, diante dessas circunstâncias, a porta do quarto não tinha tranca interna, o que significa que, pelo lado de fora, ela abria com a chave do quarto, que estava comigo. Mas saber que a chave de acesso ao quarto estava comigo não era o suficiente para que eu pudesse dormir tranquilamennte. Ora, sabemos que há sempre uma chave reserva na recepção do hotel. "E se o Mr.X. pede a chave ao recepcionista? E se..."

Levantei "de um pulo", agarrei a cadeira do quarto, fui até a porta e, encaixando a cadeira entre a maçaneta e o aparelho de calefação (que parece um radiador preso a parede), travei a porta. Testei algumas vezes se a porta estava bem travada e, vendo que, realmente, era impossível abri-la, fui dormir.

Na manhã seguinte, quando abri a porta, pousado no chão estava um cartão de visita do Mr.X., com um bilhetinho "J´espere vous revoir" ("espero lhe rever") e na recepção, outro bilhetinho dizia "Bon sejour a Bordeaux" ("boa estadia em Bordeaux"). Com os bilhetes, os dados pessoais de Mr.X. (nome completo, telefone, e-mail e endereços comercial e residencial).

Enfim, o Mr.X. pode até ser uma boa pessoa, mas, acostumados que estamos a desconfiar dos outros, a atitude dele, que talvez, no passado, encantasse as "mocinhas solteiras" e "arrebatasse corações", a mim, causou medo e a hilária "reação de defesa" digna dos filmes policiais de que tanto gosto; uma verdadeira linha cruzada de sentimentos.

***

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O adjetivo que me faz tremer

Todos os dias pela manhã, enquanto me arrumo para ir para a aula, deixo o rádio ligado e, assim, aproveito para ouvir música, me atualizar quanto aos acontecimentos e, principalmente, escutar a previsão do tempo. 

Imagem da animação Happy Feet (muito bom!)
E, nos útlimos tempos, tem um adjetivo que, literalmente, me faz tremer: glacial! É isso mesmo. Em francês, o bendito adjetivo quer dizer a mesma coisa que em português e significa, em outras palavras, que eu vou virar pinguim!

Atualmente, a temperatura por aqui anda ganhando esse adjetivo com uma certa frequência. Merecidamente, diga-se de passagem. Está frio "de doer"!

E, nesse momento, a "moda cebola*" toma conta: camadas e camadas de roupa para aguentar o iceberg!

Ontem, a temperatura negativa (com sensação térmica de muito mais negativa ainda) me fez vestir 04 blusas de manga comprida, 01 sobretudo de lã, 01 cachecol de lã, 01 gorro, 01 par de luvas de couro, jeans, meias grossas, bota de cano alto... Imaginou?

Hoje a temperatura estava mais "agradável", em torno de 5ºC, com sensação térmica de 1ºC, o que me permitiu reduzir a quantidade de camadas.

Imagem da animação Era do Gelo (tudo de bom!)
Mas eu, "carioca  da gema", que não me anime muito... De acordo com um amigo, mês que vem é que o frio "vai ficar bom"! Ai!

Está bom que eu adoro o "Era do gelo", sou "fã de carteirinha" daquele esquilinho que vive a perseguir a avelã, e admito que morro de rir com o filme, ao ponto de chorar de tanto rir e  "pagar mico" legal...  Tudo bem... Todos têm seu "lado B" e eu não nego o meu... Mas o fato de eu gostar do "Era do gelo" não me faz querer fazer parte do elenco!

De qualquer forma, uma coisa aprendemos ao passar uma temporada na França: o endereço da Météo France na Internet (http://france.meteofrance.com/), site de consulta obrigatória que lhe dá a previsão do tempo para cada região da França no dia da consulta e nos próximos três dias.
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Feliz por nada - Martha Medeiros

A coisa está feia. As obrigações diárias, enlouquecidas. As áleas, com sempre, surpreendentes. As cobranças internas (as mais cruéis), a mil por hora. O cansaço, às vezes, busca espaço para gritar ao mundo, ainda que mudo, que está ali. Mas vamos levando e (por que não?) cantando. Afinal, se "quem canta seus males espanta", é bom eu não parar de cantar jamais!

Fonte: Contos e Causos
E, eis que "tropeço" nesse texto da Martha Medeiros, "Feliz por nada".

Leio e, imediatamente, penso na Valéria, uma pessoa muito especial com quem trabalho e a quem posso chamar de amiga. Lembro da sintonia que rolava nos momentos em que o "bicho pegava" e eu ficava soterrada de pastas e processos e alguém (sempre) vinha trazer mais um.  Ou eu, voluntariamente, me oferecia para pegar mais um para suprir uma necessidade do serviço ou de algum colega. Naquele momento, eu, brincando no meio do caos (que, confesso, adoro!),  perguntava à ela, cuja mesa era próxima da minha sala: "Valerinha, o que é um punzinho?". Eu nem precisava completar a frase, ela já sabia o que vinha depois e ríamos daquela situação catastrófica.

Isso é estar feliz por nada... Ou melhor, isso é estar feliz por tudo, pois ter saúde, ter trabalho, ter amigos, ter a cumplicidade deles, ter uma casa para onde voltar no fim do dia, tudo isso já é muita coisa e é coisa suficiente para nos alegrar.

***


"Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.

Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.

Feliz por nada, nada mesmo?

Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. "Faça isso, faça aquilo". A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?

Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando "realizado", também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.

Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?

A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.

Ser feliz por nada talvez seja isso."

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domingo, 23 de janeiro de 2011

Seus amigos de verdade... Luiz Fernando Veríssimo

Lia algumas citações no site Pensador.Info quando encontrei esse texto de Luiz Fernando Veríssimo:

"Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender
1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.
5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic."

 Por experiência pessoal, concordo com todos, menos com o item 6, pois nunca testei, apesar de ter chorado de rir imaginando o que pode tê-lo levado a escrever isso...

De qualquer forma, apesar de comungar com a opinião de Luiz Fernando Veríssimo, foi o item 9 da lista que me levou a publicá-la aqui neste blog.

"9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito."

Tenho amigos maravilhosos aos quais amo e pelos quais sei que sou amada. As provas desse amor são constantes. Temos jeitos diferentes, maneiras de ver o mundo diferentes, pensamos diferente, mas em comum temos o amor que nutrimos um pelos outro. E tenho certeza que, em razão dessas diferenças, há momentos em que eles gostariam de me enforcar, mas, por causa de nosso mútuo carinho, mesmo querendo me enforcar, permanecem ao meu lado, me dão amor incondicional, apoio, colo, carinho e, até mesmo, bronca, afinal, quem ama se importa e isso, às vezes, significa dar um "puxãozinho de orelha".

Eles me amam do jeito que eu sou, com qualidades e defeitos. E eu os amo exatamente como são, sem tirar nem pôr. 

Conversando com uma querida amiga pelo Skype, me emocionei vendo o quanto ela gosta de mim e o quanto se importa. Há pessoas que sabemos que estarão sempre em nossas vidas e nos imaginei velhinhas, ainda amigas, ainda compartilhando nossas vidas. É... quem tem amigos, nunca estará sozinho!

E amigos como os que eu tenho, já disse mais de uma vez, mas repito, são um tesouro. Ainda bem que para amizade como a deles não têm "Mastercard", senão estaria endividada por várias vidas!

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Muito além de um prato de fígado

Hora do almoço no refeitório da faculdade. Percorro as travessas expostas com a comida  do dia e me decido com relativa rapidez: salada de cenoura, suflê de abobrinha e picadinho de fígado. Informo ao rapaz que se encarrega de servir minha escolha. Ele estanca. "Fígado?" "Sim, fígado, por favor." "Fígado... fígado. Está bem." Eu ainda me pergunto se falei alguma besteira, mas não, pedi corretamente o bendito fígado. Ele, então, começa a servir uma gigantesca porção de fígado no meu prato, apesar de minhas manifestações de que aquela quantidade (a primeira "colherada de quartel") já era suficiente. Mas ele só me escuta depois da terceira. O prato ficou com aquele aspecto que eu detesto: "montanha de comida", mas fazer o que, certo?

Catei um pãozinho para acompanhar, afinal, vai que está intragável? Posso precisar de algo para empurrar aquela comida feia para dentro e um pão nessas horas é uma ótima pedida.

O surpreendente é que, apesar de no refeitório da faculdade eles dominarem uma técnica especial para estragar um mero bife na chapa, o bendito do fígado estava delicioso. Foi a primeira vez que comi um fígado que não deixasse aquele gosto amargo na boca.

Depois do almoço, fiquei pensando na minha escolha. Por que fígado se eu nem gosto de fígado? E encontrei a resposta: justamente porque eu não gosto de fígado.

Como primeira filha, fui educada com uma "rigidez" da qual meus irmãos escaparam. A teoria de meu pai, compartilhada em parte pela minha mãe, era de que, "uma mocinha educada come de tudo" e que "se passarmos por uma guerra, teremos que comer qualquer coisa", então, vamos ao treinamento. 

Assim, para mim, a frase "não gosto de jiló", por exemplo, era absolutamente proibida. E essa frase me custou uma semana tendo que comer um prato de jiló antes das refeições, sem careta, até me acostumar com o gosto. E o pior é que, não só me acostumei com o gosto, mas aprendi a gostar de jiló.

Fonte:Marina Estilo Infantil
O fígado, contudo, sempre "desceu mal". Nunca conseguiu alcançar o nível existencial do jiló.

E aí, diante das opções alimentares que ali se apresentaram naquele dia, naquele almoço, a minha limitação por fígado resolveu se testar e encarei um prato de trabalhador braçal, "bem servido", de fígado. E, surpreendentemente, gostei.

Eu sei que, atualmente, nessa nossa cultura "liberal" de não-imposição de limites aos pequenos seres em formação, parece coisa de louco obrigar uma criança a comer jiló, bife de fígado e tantas outras coisas para as quais as crianças torcem os seus narizinhos sem nem saber porque, mas acho que ali meus pais estavam treinando meu espírito "adaptável" que hoje me é tão útil.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Everybody´s got to learn sometime - Zucchero

Não bastasse o diminuto tamanho do meu apErtamento, arranjei uma colega de quarto. E a danada é chata demais. O nome dela é In-Sônia e ela fica querendo falar comigo todas as noites quando me preparo para dormir. Ela resolve falar nos meus "inocentes e cansados ouvidinhos" sobre tudo o que eu preciso me lembrar de fazer, todas as minhas preocupações, enfim, um pouco de tudo, mas só "papo cabeça" e fora de hora, e quando ela vê que eu não vou me levantar para dar-lhe atenção, a danada começa a cantar. Resultado: nem ela dorme, nem eu! "Ô, praga!"

Mas hoje ela resolveu cantar uma música que não ouvia a tempos e de que gosto muito.

"Está bem, In-Sônia, você venceu. Vou ouvir a bendita música e depois vamos dormir, combinado?"

E vencida pela minha hóspede implacável, resolvi compartilhar a música aqui com vocês. Espero que curtam.




Everybody´s got to learn sometime
Zucchero
Todos têm que aprender 
em algum momento

Change your heart, look around you
Change your heart, it will astound you
I need your loving like the sunshine
And everybody's gotta learn sometime
 Mude o seu coração, olhe ao seu redor
Mude o seu coração, ele irá surpreendê-lo
Eu preciso do seu amor como o sol
E todos têm que aprender em algum momento
Everybody's gotta learn sometime
Everybody's gotta learn sometime
Todos têm que aprender em algum momento
Todos têm que aprender em algum momento
Change your heart, look around you
Change your heart, it will astound you
I need your loving like the sunshine
And everybody's gotta learn sometime
 Mude o seu coração, olhe ao seu redor
Mude o seu coração, ele irá surpreendê-lo
Eu preciso do seu amor como o sol
E todos têm que aprender em algum momento
Everybody's gotta learn sometime
Everybody's gotta learn sometime
Todos têm que aprender em algum momento
Todos têm que aprender em algum momento
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

London Eye


O London Eye, também conhecido como a Roda do Milênio, é um observatório em forma de roda gigante localizado em Londres (disse o óbvio, né? desculpe) e que foi inaugurado em março de 2000, em celebração ao milênio.



O projeto é de um casal de arquitetos, David Marks and Julia Barfield, e o design evoca o fim do século XX e o momento da "virada" do novo milênio.

As pessoas "embarcam" em cápsulas coletivas de metal e vidro que estão fixas à estrutura da roda gigante e conseguem ter uma visão de 40km de distância em todas as direções. Não só a vista, mas a estrutura em si, são espetaculares!



Estive lá com a mamãe em dezembro e não preciso nem dizer que fiquei enlouquecida tirando milhares e milhares de fotos (sem flash, claro) e andando pela cápsula em todas as direções em busca de ângulos novos a explorar, não é mesmo? Cheguei até a fazer uma amiguinha lá, uma menina de 5 aninhos ao lado de quem me ajoelhei para curtir o ângulo pelo qual ela estava apreciando a paisagem.
 





É um passeio ótimo para fazer quando estiver em Londres, de dia ou mesmo de noite, mas aproveito para reforçar a dica que eu havia deixado anteriormente Londres - dica para economizar : no London Eye o cupom de desconto do trem é válido e assim você paga por um ingresso e recebe dois.




Quer saber mais? London Eye

***

Confesso que subverti

Confesso que subverti a ordem e não terminei de postar tudo o que queria ter postado em 2010...

As aulas diárias, as experiências vividas, as trocas constantes com as pessoas daqui e daí, minha cabeça e meu coração que mais parecem brincar de "pique" de tão agitados (pelo menos não brincam de "comigo não está"), enfim, uma série de coisas que me levaram a prática desse pequeno delito cronológico: atravessei a avenida, atropelei a ordem e avassalei o calendário. Mas confesso: "fiz, sim, seu juiz". Será que isso pode diminuir minha pena?

Com um pouquinho de tempo e um "muitinho" de força de vontade, ainda restabeleço a ordem nesse blog... ou não (há sempre o risco da reincidência!).

***

Aprendendo

Logo que cheguei aqui, estranhava a constatente pergunta "ça va?", que é o equivalente do nosso "tudo bem?".

Como tenho certa implicância com o "tudo bem?", pois sempre achei que era mera formalidade dos tratos sociais, o "ça va?", coitado, não foi bem recebido assim logo de cara. Achava-o estranho. Para que perguntar se você não quer realmente saber se está tudo bem? 
 
No entanto, depois de observar um pouco, com o espírito menos "protegido", vi que me equivocara quanto à interpretação do "ça va?"

Ao contrário do nosso "tudo bem?", o "ça va?" não é mera formalidade e só percebi isso quando experimentei mudar minha resposta.

Como não tenho o hábito de perguntar muito sobre a vida das pessoas, por achar que isso pode, às vezes, ser um ato um tanto invasivo, ao ouvir a pergunta "tudo bem?", respondia que "sim, tudo bem" e ali dava por encerrado o assunto. Percebi, contudo, que deveria experimentar perguntar à pessoa quanto a ela. "E você? Tudo bem?" Coisa que fazemos "no automático" em português e que, normalmente, nos leva ao resultado final já previsto: "tudo" e acabou aí; sem troca, sem nada.

Mas qual não foi minha surpresa ao perceber que as pessoas queriam, sim, saber se estava tudo bem, e trocar experiências. E à minha pergunta, seguia-se uma resposta  sobre se estava ou não tudo bem e, normalmente uma nova pergunta: "o que você fez no final de semana?", por exemplo.

E foi aí que percebi que o interesse é real, eles querem mesmo saber o que eu fiz no final de semana, e compartilhar o que fizeram nos seus dias de descanso, e falar sobre as coisas de suas vidas e saber da minha. E como essa troca é saborosa.

Ao simples fato de não só responder a pergunta, mas de perguntar também, eu não estava sendo invasiva, mas, sim, demonstrando interesse pelo outro e isso muda tudo.

Como é interessante a vida. Se prestarmos atenção, estamos sempre tendo a oportunidade de aprender algo novo.

E você? "Ça va?" 


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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Olhos que falam

Se "Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo" (Leonado Da Vinci), a minha alma grita por meio deles.

Já tinha ouvido pessoas próximas me dizerem que meus olhos me denunciam, dizem o que estou pensando ou sentindo, antes mesmo que eu fale qualquer coisa.

Hoje, por conta de uma cena hilária, escutei algo parecido.

Um colega chegou atrasado e nos encontrou no refeitório, onde almoçávamos todos juntos, alunos, inspetor e o palestrante. Eis que esse colega se coloca em pé atrás de mim e começa a ironizar a aula perdida, sendo que o professor estava sentado em frente ao falante colega, duas cadeiras à minha esquerda. E, vendo que  dois colegas meus tentavam avisar para o terceiro parar de falar que o professor estava ali na frente dele e ele simplesmente não parava, me virei pra ele e sussurrei "entre os dentes" que o professor estava ali, bem na nossa frente. Para mim, a situação tinha acabado ali.  Terminamos de almoçar. Alguns foram tomar um cafezinho, eu fui pagar o aluguel.

Quando cheguei na sala, o comentário dos meus colegas envolvidos foi sobre o olhar que dei ao atrasado enquanto o advertia para parar de falar. De acordo com eles, era um "olhar assassino" que dizia "você é um homem morto". Ninguém merece! Agora meus olhos falam francês!

***

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

É o mundo que está de cabeça pra baixo ou sou eu???

Socorro!!! Pára o mundo que eu quero descer!

Depois de uma provinha chaaaaaata, eu deveria ter ido ao supermercado, deveria ter feito um monte de coisas, mas como não dormi quase nada de ontem para hoje, a preguiça se instalou de vez e me dediquei ao ócio. Fiz comida saudável que não comi, abri um pacote de tortilla, me servi de um delicioso copo d´água e de uma enorme colher de nutella e fui me distrair vendo a série "Amor em 4 tempos" pelo YouTube, modificando um pouco a aparência deste blog e, claro, passeando pelo Facebook dos amigos.

E eis que, nessa minha pesquisa desinteressada (ou quase), descubro uma mensagem de uma amiga falando sobre a mudança dos signos zodiacais. Opa! Interessante! Vou pesquisar!

E lá fui eu!

Fonte: Segredos da vovó
Pois bem. Astrônomos do Minesota Planetarium Society descobriram que a força gravitacional da Lua causou uma oscilação da Terra em seu eixo e isso deu origem a um "salto" de um mês no alinhamento das estrelas. Pra piorar, descobriram uma outra constelação, o que daria origem a um 13º signo (é quase a criação do 13ºsalário astral).

Resultado: um bordel! As pessoas, em sua maioria, passaram a ser do signo anterior ao seu. Que delícia, não é? Mas pode ficar melhor. Para ficar mais confuso, o novo signo veio a bagunçar um pouco mais. Agora, teremos o signo de serpentário!

E assim, se o meu signo não é mais o que foi por 31 anos e eu passei a ser do signo anterior, todas as previsões foram feitas para uma outra Juliana e se foram feitas para outra Juliana, isso significa que existe um outro eu por aí, igual a mim, nascido no mesmo bat-dia, na mesma  bat-hora e no mesmo bat-local e que está vivendo a vida que os astros previram pra mim! Agora está tudo explicado! Pronto!  Sou uma paciente dócil e já até vesti a camisa de força sozinha. Alguém me leva pro hospício, por favor? Mas, espera! Quem vai para o manicômio: eu, meu outro eu ou nós duas?

Brincadeiras a parte, de acordo com a nova descoberta, os signos ficaram assim: 
Fonte: Blog 10ª Dimensão

Capricórnio: De 20 Janeiro a 16 Fevereiro
Aquário: De 16 Fevereiro a 11 Março
Peixes: De 11 Março a 18 Abril
Carneiro: De 18 Abril a 13 Maio
Touro: De 13 Maio a 21 Junho
Gémeos: De 21 Junho a 20 Julho
Caranguejo: De 20 Julho a 10 Agosto
Leão: De 10 Agosto a 16 Setembro
Virgem: De  16 Setembro a 30 Outubro
Balança: De 30 de Outubro a 23 Novembro
Escorpião: De 23 a 29 Novembro
Serpentário (Ophiuchus): De 29 Novembro a 17 Dezembro
Sagitário: De 17 Dezembro a 20 Janeiro
Símbolo que sugiro para o novo signo

Uma confusão, não é, mesmo? Mas, no meu caso, posso tirar a camisa de força e ligar cancelando a ambulância, pois como nasci no dia 20 de agosto, mesmo com essa zona formada, continuo sendo leonina! Ufa!

E como nada é como imaginamos, os astrônomos e os astrólogos não estão de acordo com a suposta alteração; para os astrólogos, nada mudou. Em outras palavras, você pode escolher a que corrente se filiar e em que acreditar! Viva a liberdade de escolha!

Quer saber mais?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Insubstituíveis

Pessoas vêm e vão; bens materiais se consomem e são consumidos avidamente. De concreto, mesmo, só o abstrato; as sensações e lembranças, únicos bens de que não podem nos privar.

Do meu baú de recordações, tiro algumas das lembranças da minha infância que se encontram vivas em meu coração:

# o cheiro da pele da minha mãe e a textura de suas mãos;
# a careca do meu pai e o esforço que eu, pequenina, fazia para me esgueirar entre o banco do motorista e o teto do carro só para lhe dar um beijo na careca enquanto ele dirigia;
# passar horas gravando as minhas "cantorias" e "tagarelices" no gravador do papai;
# acreditar que eu era portuguesa por ter nascido na "Casa de Portugal", maternidade no Rio Comprido, Rio de Janeiro/RJ;
# dizer para todos que meu nome era "Zuzulana" e corrigir quem falava "Juliana";
# pedir para a mamãe limpar minhas orelhas só pelo cafuné e, quando ela terminava, pedir "limpa mais!";
# dormir na cama dos pais quando a noite transformava tudo ao meu redor e eu me sentia indefesa;
# ir, abraçada ao travesseiro, enfrentar os monstros imaginários no meu quarto porque não conseguia dormir com o ronco do papai;
# abraçar a minha mãe enquanto ela falava algo só pra escutar a voz dela ecoando em sua caixa torácica;
# deitar na barriga do papai e achar que era o travesseiro mais perfeito do mundo;
# acordar e ir para a janela dar "bom dia ao sol" com minha avó materna;
# pedir carinho nas costas para a minha avó e dormir enquanto ela sussurrava o "Pai Nosso";
# brincar de correr atrás dos gansos na casa da minha avó paterna;
# andar pelo mato usando as botas de salto agulha da minha avó;
# viver cheia de farpas por gostar de catar pinhas no mato;
# fazer malabarismo com uma bacia para recolher as jaboticabas que meu primo arremessava pra mim do alto da Jaboticabeira, pois eu tinha medo de subir;
# descobrir que eu sei subir em árvores e que é muito mais fácil subir do que descer;
# sentar na grama com uma bacia de jaboticabas e me deliciar;
# fundar meu primeiro clubinho com 7 anos de idade;
# andar pra cima e pra baixo com a máquina de escrever (que ganhei aos 7 anos) e a máquina fotográfica para escrever minhas estórias e registrar as imagens;
# inventar que estava com catapora só pra poder abrir os meus presentes de aniversário sozinha, sem meus amiguinhos;
# brincar que o meu quarto era uma nave espacial disfarçada e fazê-lo decolar com meus amigos;
# brincar de Barbie e gastar mais tempo montando e desmontando os acessórios do que brincando (e essa era a brincadeira);
# inventar que tinha um anel especial (e transparente) que me dava super-poderes;
# achar que 18 anos é muita coisa e que com 21 estaria plenamente realizada, com uma profissão estável, casada e com filhos;
# ver que o tempo voa e que a vida é muito boa para deixar o tempo passar impunemente;
# atacar o açucareiro da casa da avó;
# lamber a mão suja de pimenta, por achar que era alguma calda de compota;
# grudar leite em pó no céu da boca;
# tomar naldecon sem estar gripada, só pelo gostinho de cereja;
# ter que voltar pra casa vestindo um casaco como se fosse saia porque meus amiguinhos esconderam a minha saia enquanto eu estava na aula de educação física;
# segurar meu irmão no colo, o primeiro bebê que eu pude segurar;
# ajudar a trocar as fraldas do meu irmão e tomar um banho de "pipi";
# ouvir meu irmão falar meu nome pela primeira vez ("Tutuana");
# brincar de girar meus irmãos no ar e me divertir com as gargalhadas deles;
# separar as brigas dos meus irmãos;
# ser separada enquanto brigava com meu primo Rapha, um irmão pra mim;
# "bater bafo" com os amigos e voltar pra casa cheia de figurinhas de carros e futebol;
# tentar "passar trote" por telefone, ficar com pena da pessoa e desistir (não nasci pra isso);
# brincar de escorregar na ribanceira com folha de bananeira e me ralar inteira porque a folha ficou presa e "indo" sozinha.


E você? Quais são os seus tesouros emocionais?

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O preço do medo

Li há pouco no blog "Um mundo para chamar de meu"  (Medo não! Pavor de avião...) sobre o medo de avião que aterrorizou a mãe da autora.

Pois bem. Avião não me assusta. E olha que já passei por situações bem aterrorizantes em voo. Mas, se não tenho medo de avião, desde sempre, tenho medo de dentista, ao ponto de sentir descarga de adrenalina só de sentir aquele cheiro tradicional de consultório de dentista. E, para me sentir mais segura, a única pessoa que permito que chegue perto dos meus "dentinhos", mesmo que para fazer uma simples limpeza, é a Dra. Sandra, que cuida de mim há uns 15 anos e em que confio de olhos fechados.

Eis que, aqui em Toulouse, um dos meus "dentinhos" não tão "inho" assim, um molar, resolveu quebrar. "Putz", pensei, "tenho que ir a minha dentista" (detalhe: nem cogitei de ir a um dentista aqui). O pedaço que quebrou foi tão pequeno que pensei que não teria problema em esperar.

Algum tempo depois, meu dente resolveu me provar que minha teoria estava errada. Acordei com uma brutal dor de dente e com a gengiva inchada (e o rosto também, claro). Mandei um e-mail para a minha mãe no melhor estilo "SOCORRO!". Relatei os fatos e pedi para ela entrar em contato com a Dra. Sandra e perguntar o que eu deveria fazer. Minha dentista, fofa como sempre, me prescreveu um anti-inflamatório, que mamãe trouxe quando veio me visitar, e "me mandou a real": eu ia ter que procurar um dentista aqui!

Fonte: Blog Dama das Camélias
Juro que, desobediente, tive a "cara de pau" de esperar que, com o remédio, o inchaço fosse sumir e eu fosse poder esperar para ir ao dentista quando voltasse ao Brasil. E assim fiquei sentindo dor e convivendo com o inchaço por umas 2 semanas, quando, por fim, vendo que não ia melhorar magicamente, me rendi e lá fui eu ao dentista.
Primeira consulta: remédios para a dor e para a inflamação e a explicação sobre o que eu estava passando. Por causa do pedacinho quebrado, eu tinha conseguido uma inflamação na polpa da raiz do dente e, por isso, ia ter que me submeter a um tratamento de canal. Marcamos uma nova consulta e eu fui embora, devidamente medicada.

Caramba! Saí do consultório me sentindo a última das mortais. Um tratamento de canal! Eu nunca tinha passado por isso! Sou absolutamente chata com os meus dentes: passo fio dental antes de cada escovação, escovo regularmente, higienizo com água oxigenada 10 vol. e uso flúor! Canal!?!? Sentia como se tivesse sido premiada com um certificado de relapsa! Fora que com esse nome, "tratamento de canal", isso deve doer horrores!

Segunda consulta e eu já entro no consultório fazendo milhares de perguntas, que, "de cara" explico que são condicionantes ao tratamento, entre as quais a debutante: esse tratamento é feito com anestesia, certo? Errado. O dentista me explicou que para aquele procedimento ele preferia não utilizar anestesia, salvo se eu sentisse dor, mas que ele prometia que ia com calma e que eu não sentiria dor alguma.

Promessa feita e cumprida, 25 minutos depois de entrar no consultório, saí com o dente devidamente tratado e com uma triste lição aprendida: se um dente quebra, não importa se "pouquinho" ou não, devemos tratá-lo logo, sob pena de danificá-lo gravemente...

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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Choques culturais

Não tem jeito, mesmo depois de algum tempo, os choques culturais continuam a me impressionar.

Uma colega que me pergunta se eu tomo banho todos os dias, mesmo com esse frio todo e se surpreende com a minha resposta: um naturalíssimo "claro". "E o cabelo? O meu eu lavo no máximo 1 vez por semana e sem xampu...". "A coisa está ficando complicada", penso. E respondo, tentando ser diplomática, que lavo o cabelo "dia sim, dia não ou a cada dois dias", mas que isso é um hábito nosso, no Brasil... A diplomacia manda "empurrar" a responsabilidade por esse "desperdício de água, sabonete e xampu" para o bendito "costume".

Outro colega abre um debate sobre o uso do desodorante, que, segundo ele, não pode ser passado após o banho. Então quando, bolas?

Um colega originário de Madagascar me acompanha até a lavanderia e se surpreende que eu saiba "operar as máquinas de lavar" e separar as roupas a serem lavadas por cor e tipo. E lá estou eu, na lavanderia, ensinando um homem de 40 anos de idade a separar roupas para lavá-las... No meio da "tarefa" pergunto se ele nunca lavou as próprias roupas antes e tenho que engolir a seco a resposta de que a mulher dele é quem faz isso. "Mas você nunca a ajuda?" e ele, rindo, "você é brincalhona!".

Depois, um colega originário da África me pergunta se há muitos afrodescendentes no Brasil e se eles podem votar. Isso, sem, antes, num papo sobre a comida da cantina (que é horrível, mas assim mesmo é a única que ele come) me agraciar com o comentário que "essas coisas de cozinha" são atividades para mulheres e que ele é incapaz de "operar" o microondas, por isso se submete à comida da faculdade.

E, claro, sendo do Brasil, em especial do Rio de Janeiro, passo por constantes questionamentos culturais que passam por todos os pontos que se possa imaginar, até mesmo sobre as mulheres e as cirurgias plásticas. E hoje, uma colega sentou-se ao meu lado e mostrou o quanto lhe causo curiosidade: ela pediu pra ver os anéis que eu estava usando, quis ver o gloss que uso para que meus lábios não rachem por causa do frio e queria ler o que eu estava escrevendo, mesmo que fossem lembretes meus, pessoais, em português...

Isso sem contar as questões sobre o carnaval; se eu desfilo no carnaval, se uso plumas, enfim... 

Tenho certeza que essa curiosidade é parte da diferença cultural, mesmo, pois as pessoas que manifestam essa curiosidade são pessoas extremamente queridas e que me acolheram com braços abertos.

Em tempo, numa aula, um professor que passou 4 anos trabalhando no exterior falou algo muito interessante: nessas experiências em que estamos longe de nossa família, numa terra distante, são os amigos que fazemos que se tornam nossa "família provisória". E, nesse sentido, tive muita sorte!

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O que me falta e o que me faz falta


Sumissem todas as coisas, nada me faltaria; sumissem as pessoas e eu nada teria.

Vivemos, sobrevivemos, subexistimos num mundo de espelhos. Nada é verdadeiramente o que parece ser.

Mas, por baixo das camadas de "cobertura existencial" reside nosso verdadeiro ser, a nossa essência. 

E é essa essência que me nutre; é dessa essência que me alimento e me sustento para sobreviver, mesmo quando as cinzas se abatem sobre tudo o que há e o caminho parece mais longo do que posso suportar.

E se a distância, carcereira cruel, me afasta de você, continuo a me nutrir da essência que conheci; me abasteço das lembranças. E assim, ainda que furtivamente, lhe tenho aqui comigo.

Porque, se tudo se acabasse, nada me faltaria, a não ser você.

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domingo, 9 de janeiro de 2011

Re(l)ações humanas...

Na semana que passou, no mestrado, estávamos tendo aulas sobre gestão de equipe com uma psicóloga cujo trabalho é prestar assessoria aos administradores de grandes empresas e ao setor de recursos humanos de tais sociedades.

As aulas foram bem interessantes e aprendemos muitas técnicas importantes, para condução de entrevistas (na qualidade de entrevistadores e entrevistados), comunicação em grupo e gestão de crise, parte que, particularmente, eu acho a mais interessante.

A metodologia, contudo, podia se tornar, algumas vezes, um pouco enfadonha, pois precisávamos representar e interpretar, como atores de teatro. É uma técnica que é bastante apreciada pelos franceses, a que chamam "jeu de rôle", que importa em representar uma situação e incorporar um personagem como forma de aplicar, na prática, o que foi ensinado em teoria. A idéia é até boa, mas em excesso se torna um pouco cansativa...Ao mesmo tempo, funciona muito bem para aplicarmos, na prática, os conceitos teóricos apreendidos.

De qualquer forma, algumas das técnicas apresentadas em classe me fizeram lembrar muito do curso de análise transacional  (AT) que fiz (AT101) e tem atiçaram a vontade de concluir a formação em análise transacional, com a participação no curso de AT202. 

Além disso, me fizeram ter a vontade de "furar a fila" das minhas leituras e começar a ler um livro de Eric Berne, criador da AT, "Que dites-vous après avoir dit bonjour?", livro que também foi editado em português e cuja leitura recomendo. Afinal, as relações e inter-relações humanas são eventos do nosso dia-a-dia, não sendo exclusividade de gestores, administradores, advogados e psicólogos.

Apesar de todo o meu interesse pelo tema e do grande prazer que tive em participar dessas aulas, não pude perdi um tempo da aula porque estava com uma incapacitante dor de dente., mas, seguindo as regras da faculdade, avisei ao meu inspetor de estudos, tomei um remédio para a dor e me apresentei para as aulas da tarde, oportunidade em que expliquei à professora sobre minha ausência. A professora, grife-se, psicóloga, se limitou a dizer que era uma pena que eu não tivesse assistido a aula, pois estavam tratando sobre um tema interessante.

Fonte: Talvez você tropece nisso...
A aula, então, recomeçou com apresentações individuais dos alunos do mestrado, em que deveriam demonstrar a boa compreensão das técnicas de oratória aprendidas, como empostação de voz, emprego de "pausas" estratégicas, entonação, captação da atenção da "platéia", domínio de espaço físico etc.

Um após o outro, meus colegas se apresentaram. E após cada apresentação, éramos convidados a apresentar nossas observações pessoais, que eram seguidas das observações da professora. A essa técnica, conhecida e muito utilizada em Biodanza, chama-se "feedback", e é uma excelente forma de aprendermos e percebermos a visão do outro sobre nossas atitudes.

Quando todos terminaram suas apresentações, a professora começou a querer me passar um sermão por não ter assistido ao primeiro tempo da aula e que, por causa disso, eu não poderia me apresentar. Mas eu havia "antevisto" essa atitude da professora e não me surpreendi. Diga-se de passagem, desde o primeiro dia, a professora demonstrou uma postura favorável a admoestação verbal aos alunos, como se estivesse lidando com crianças, e um enorme prazer em censurá-los e constrangê-los.

Como eu havia previsto, ela começou o sermão num tom ríspido ao que respondi que, minha falta ao primeiro tempo foi justificada e que, apesar de não ter tido tempo de preparar uma apresentação, não tinha nenhuma objeção a me apresentar, pois havia apreendido o suficiente durante as apresentações de meus colegas e que, como era um exercício para todos os alunos do mestrado, nada mais justo que eu me submetesse a ele, também.

Ela, sim, não havia previsto minha reação e adotou a mais estranha das posturas. Ela disse que eu não poderia me apresentar, pois estaria em vantagem com relação aos meus colegas,  já que teria assistido as apresnetações deles. Argumento absolutamente desprovido de qualquer razoabilidade. Vantagem? Todos assistimos as apresentações de todos. O último a se apresentar, necessariamente, teria assistido a todas as demais apresentações, certo? Em que consistiria a tal "vantagem"? E eu a questionei sobre esse argumento.

Sem conseguir defender seu argumento, ela resolveu buscar "apoio" nos meus colegas de turma, transferindo-lhes a responsabilidade sobre a decisão. Assim, perguntou-lhes se queriam me ouvir e teve que engolir a soberba quando todos os meus colegas, de forma unânime, se manifestaram a favor da minha apresentação.

A apresentação transcorreu de forma bastante tranquila e recebi os melhores "feedbacks" possíveis de meus companheiros de mestrado. A professora, contudo, limitou-se a concordar com meus colegas, sem emitir sua opnião.

Sinceramente, a postura adotada pela professora foi desarrazoada e deselegante, mas, felizmente, não foi corroborada pelos meus colegas, que me recompensaram com seu apoio.

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Festa de aniversário a distância

Que me desculpem os metódicos, mas subverterei a ordem cronológica dos fatos para contar algo que aconteceu ontem (ou melhor, na madrugada de sábado para domingo): estive presente na festa de aniversário de uma grande amiga, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - Brasil.

Pois é. Sem sair de Toulouse, ou melhor, sem sair do meu apErtamento, estive virtualmente presente no aniversário de minha querida amiga, onde reencontrei meus amigos e matei as saudades (ainda que só um pouquinho).

E como a festa era temática (e eu sempre me fantasio para as festas temáticas dessa minha amiga), fiz a minha participação e aderi ao estilo hippie-chic improvisado...

Adorei!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Madame Tussauds - Londres

A fila para comprar os ingressos.
Outra atração a que fui em minha adolescência e que fiz questão de levar minha mãe para conhecer: o museu de cera de Madame Tussauds.

Madame Tussauds vivia em Paris, nos idos de 1770, quando aprendeu a arte de modelagem em cera e, aos 17 anos de idade, tornou-se tutora da irmã do Rei Luís XVI no Palácio de Versalhes (de que já falei aqui no blog).

Na época da Revolução Francesa, em que o Rei Luís XVI e sua família foram presos, Madame Tussauds foi obrigada a trabalhar para os revolucionários, moldando máscaras funerárias dos aristocratas executados e, no início do século XIX, Madame Tussauds chega a Inglaterra.

O museu de cera de Madame Tussauds, evidentemente, não apresenta as obras criadas pela artesã, mas estátuas finamente confeccionadas de acordo com as técnicas daquela artista. Algumas estátuas surpreendem ao ponto de se confundirem com os turistas que passeiam entre elas nos salões do museu.

Estátua da Madame Tussauds.

Os salões são repartidos por gêneros, havendo o salão de esportistas, músicos, políticos, atores de cinema, personagens de filmes e, até mesmo, serial killers, sendo que, neste último, há a presença de artistas que trabalham para o museu e se misturam às estátuas para interagir com os visitantes e criar uma atmosfera assustadora.

No fim, um cineminha 4D com os heróis da Marvel, com direito a  sair molhado por um espirro do Hulk e  espetado pelas garras do Wolverine. Muito bom!

É um programa lúdico que recomendo.

Abaixo, compartilho algumas fotos que tiramos no museu.





Mamãe jogando charme...

 
Que "Liga da Justiça" que nada... Homem-aranha encontra sua alma gêmea...

Não tem como não se render ao charme do Rei Pelé... ;)

"Menina... Babado fortíssimo... Nem te conto!"
"Você sabe quem eu vi? O  Will e a Yara... Pois é..."
 
"Ai... Foram contar pra ele que eu sei cantar..."
Fazendo a linha "fina": duas "bonequinhas de luxo" tomando chá...


Quer saber mais sobre o museu? Acesse: Madame Tussauds

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