"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

quinta-feira, 31 de março de 2011

Elegância - Martha Medeiros

Procurando um texto que uma amiga me enviou e que gostaria de compartilhar nesse blog, me deparei com este sobre "elegância". Num tempo em que ser elegante vem sendo confundido com ser fresco, esse texto vem bem a calhar.
Na minha opinião, o mundo é muito melhor quando se vive com

ELEGÂNCIA 

MARTHA MEDEIROS

"Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado.
É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada.
É possível detecta-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam, nas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.
É possível detecta-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.
É possível detecta-la em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante você fazer algo por alguém e este alguém jamais saber disso...
É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.
É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.
É elegante o silêncio, diante de uma rejeição.
Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo.
É elegante a gentileza...
Atitudes gentis, falam mais que mil imagens.
Abrir a porta para alguém... é muito elegante.
Dar o lugar para alguém sentar... é muito elegante.
Sorrir sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...
Olhar nos olhos ao conversar é essencialmente elegante.
Pode-se tentar capturar esta delicadeza pela observação,
Mas tentar imita-la é improdutiva.
A saída é desenvolver a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que “com amigo não tem que ter estas frescuras”.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe: não é frescura."

***

Filosofia de boteco

Depois de  vencer a maratona por um apartamento e encontrar o lugar em que viverei em Paris e refeita da agonia em que me encontrava desde o "quase golpe", observando todo o "vasto" espaço de que disporei, cheguei a uma incrível conclusão:

A Gema só geme porque precisa dividir o ovo com a Clara!

***

Alugar um apartamento em Paris: uma maratona

Para um francês, alugar um apartamento (ou melhor, um apErtamento) em Paris é uma verdadeira maratona. Pesquisas na Internet, cuidados para não cair em golpes, visitas aos imóveis, entrevistas em imobiliárias, mais cuidados com os golpes, papéis e mais papéis a apresentar e taxas altíssimas de remuneração a serem pagas às agências imobiliárias, isso SE e QUANDO encontra alguma coisa...

E quando encontra, ainda há, normalmente, uma quantidade enorme de interessados que chegam a dar lances pela locação, como se estivessem num leilão.

Parece difícil, né? Mas isso é moleza se comparar com o que passa um estrangeiro para conseguir algum lugar para morar em Paris.

Em Paris, para tentar encontrar onde morar em razão do mestrado, contei com o apoio de um amigo do curso que resolveu "vestir a camisa". Como eu dispunha de 2 dias na "cidade da luz", ele se dispôs a dedicar esses dois dias a me ajudar a encontrar um imóvel. Juntos telefonamos a meio mundo e andamos por toda Paris, durante um dia inteiro, visitando todas as imobiliárias que encontrávamos. Andamos tanto que consegui bolhas enormes nos meus pés. 

E apesar do empenho, na maior parte de nossa busca, não encontrávamos imóveis disponíveis. E quando achávamos alguma coisa, mesmo que em alojamento estudantil, a resposta era, inevitavelmente, a mesma: não é possível alugar para um estrangeiro que não tenha fiador na França.

Num dos alojamentos estudantis, chegaram a me solicitar uma garantia bancária no valor de 01 (um) ano de locação!

No fim, contudo, "Papai do Céu" resolveu interferir. Fomos visitar um imóvel de que eu havia gostado (em minhas buscas pela Internet) e que  era bem localizado. O proprietário, compatriota de meu amigo, disse que gostou muito de nós dois e  que alugaria o apartamento para mim, mesmo sem fiador. O problema era que havia 2 pessoas na nossa frente e se uma delas quisesse alugar o apartamento, como ele havia empenhado sua palavra, teria de cumprir.

Saímos do apartamento e meu amigo, ansioso, preferiu parar num restaurante perto para jantar e aguardar a resposta do proprietário, já que os dois candidatos que estavam antes de nós iriam visitar o apartamento ainda naquela noite.

Depois de uma hora, fomos novamente recebidos pelo proprietário que, nos serviu doces marroquinos, e nos resumiu os acontecimentos dos últimos 60 minutos. Dos dois interessados, o segundo da fila, um italiano, queria alugar o apartamento, irritou-se por saber que havia fila e saiu chutando o ar; o primeiro da fila , também queria o imóvel, mas viveria lá com sua namorada. O proprietário o convenceu de que o imóvel era pequeno demais para duas pessoas e, depois de um telefonema, encontrou um imóvel um pouco maior para atender às necessidades do rapaz.
Assim, exaustos, depois de mais de 13 (treze) horas de busca, encontramos o lugar em que viverei pelos próximos 6 meses, nessa nova fase do curso.

Chaves na mão, buscamos minha mala no hotel em que eu a havia deixado e meu amigo me levou para o meu novo cantinho para que eu pudesse descansar e passar a primeira noite no lugar a que chamarei de lar.

Finalmente, essa fase da maratona estava vencida!


***

quarta-feira, 30 de março de 2011

Bestialidade

Sentada numa poltrona de um trem noturno, atrás de um rapaz que deseja transformar sua poltrona em cama*, chego a conclusão que não há no mundo nada mais não-discriminatório que a falta de educação.

A falta de educação, como a doença e a morte, não diferencia sexo, credo, etnia. Ela simplesmente se instala. E, pior que a doença ou a morte, a falta de educação é perene; ela é a doença da alma e a morte do humano.


* Explico: não satisfeito com a inclinação da poltrona, o rapaz se joga, de tempos em tempos, para forçar a cadeira a descer. E eu, sentada atrás dele, tenho que "proteger" meus joelhos dos "coices" do ogro...


***

terça-feira, 29 de março de 2011

E a saga continua...

Depois de ser uma "quase vítima" de um "quase golpe", e sabendo que o tempo está "justo, justo, justíssimo", mandei e-mails, torpedos e sinais de fumaça a todos que poderiam me ajudar ou que pudessem conhecer alguém que possa.

Uma moça me indicou sites de "colocação", ou seja, sites em que pessoas propõem quartos para alugar. Na pior das hipóteses, se eu não encontrar nada, posso alugar um quarto na casa de alguém.

Está bem... Isso não parece muito agradável, mas...

Acessei um dos sites e fiz um anúncio com toda a urgência que eu sentia: "procuro uma colocação em Paris pra ontem. Aceito dividir apartamento com mulher ou homem; hétero, homo ou bissexual; que tenha filhos ou não; que tenha bichos (de estimação) ou não; que seja fumante ou não". Pouco importavam os "detalhes tão pequenos" da pessoa... Minha busca era pelo "teto".

Respostas "pipocaram" em minha caixa de mensagem. Algumas sérias, com imóveis legais; algumas sérias com imóveis não adaptados às minhas necessidades (localização e preço); e algumas não tão sérias (?) com fotos dos "candidatos". É, pois é. E os candidatos não eram os imóveis, mas seus habitantes... Fala sério!

E como "quem tem boca vai a..." Paris (ih! Adaptei!), peguei o trem noturno de Toulouse a Paris para procurar in loco.


E "  que a força esteja..."   comigo! (adaptei novamente...)

***


E já que me vali de uma frase do "Mestre Yoda", deixo mais essas para reflexão:

"  Não! Tentar não. Faça ou não faça. Tentativa não há." 

"  O medo é o caminho para o lado negro. O medo leva a raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento." 

*** 

domingo, 27 de março de 2011

Francês que não se aprende na escola

Procurando um lugar para morar em razão da segunda fase do curso de mestrado, trombei com uma palavrinha que não aprendemos em nenhum curso de línguas: "arnaque".

Essa bela palavrinha significa, em bom e velho português, "golpe". E se o português vier acompanhado do meu sentimento diante disso, o "golpe" vira "pilantragem", "safadeza", "sacanagem".

Pois bem. Pesquisava um studio (apErtamento) em Paris com a ajuda de um amigo parisiense (em tese, vacinado) quando encontramos um anúncio interessante. Boa localização, preço razoável (porque tudo em Paris é ultra caro) e as fotos bem legais. Mandamos um e-mail e meu amigo tirou o time dele de campo. "Ema, ema, ema, cada um com seus pobremas!" Agora era comigo.

Alguns e-mails trocados com o suposto proprietário e a constatação: eu estava a um passo de me tornar vítima de golpistas franceses.

Escapei ilesa, mas perdi um tempo precioso da minha busca, além de ter ficado bastante chateada com essa história toda.

***

sábado, 26 de março de 2011

A Hora do Planeta

Hoje, entre 20h30 e 21h30 haverá um ato simbólico pelo planeta organizado pela WWF, a Hora do Planeta, que já está em sua quarta edição, tendo começado em 2007.

Todas as pessoas no mundo inteiro estão sendo convidadas a desligarem as luzes de suas casas, desplugarem os aparelhos eletrônicos das tomadas e permanecerem sem o uso da energia elétrica por 60 minutos. Mesmo a iluminação de monumentos como a Torre Eiffel será desligada. 

Google, McDonald´s e Coca-Cola também aderiram ao movimento.

É, como disse, um ato simbólico. Não causa nenhum efeito prático representativo para a redução do aquecimento global, mas, certamente, é uma forma de mostrar que eu e você nos importamos com a questão do aquecimento global.

Eu, como estou aqui na França, decidi que dedicarei 120 minutos do meu dia ao movimento "Hora do Planeta": um primeiro turno no horário da França, quando as pessoas aqui desligarão seus aparelhos; e um segundo turno no horário do Brasil.

E você?



***

quarta-feira, 23 de março de 2011

Um cisne nem negro, nem branco: cinza


Assisti há alguns dias ao filme "Cisne Negro".

Os comentários que, até então, tinha escutado, eram os melhores possíveis.: uma obra-prima, um filme psicológico denso que lhe levaria ao questionamento existencial supremo... E lá fui eu.

No fim da sessão, uma amiga e dois amigos dela comentam que o filme era genial, maravilhoso, que era preciso caminhar um pouco para digeri-lo. 

"E vc, Ju, gostou do filme?"  A pergunta me atingiu como um soco seco na boca do estômago. "Eles querem a verdade? Ai, caramba! Não, não gostei. Achei fraco, forçado, exagerado, longo e arrastado." Foi o momento ahfalei.com.br .

Na verdade, a idéia do filme é ótima e Natalie Portman está perfeita no papel. Ela consegue transportar o público em sua agonia, em seus questionamentos, suas transformações. Transmite, com perfeição, toda a dor de sua personagem, atormentada pela eterna busca da perfeição inatingível. Incorpora, com perfeição, a jovem bailarina que vive toda a tortura enlouquecida que o ballet impõe a quem dele queira viver. Ao mesmo tempo, compartilha com o público a jornada da menina super-protegida, fruto das projeções e frustrações de sua mãe, que busca livrar-se do cárcere familiar em que vive para tornar-se mulher. Uma personagem densa, madura e difícil que Natalie Portman interpreta de forma magistral.

De fato, Cisne Negro é um filme psicológico que teria tudo para ser perfeito, não fosse o fato de o diretor ter "errado na mão". O filme ficou longo demais, arrastado em alguns momentos e com recurso desnecessário ao suspense quase "fantasmagórico" que não tem nada a ver com a história. 

"Sacadas" geniais, como os dedos dos pés que se colam como se estivessem se transformando em nadadeiras, perdem ponto diante do grotesco da cena em que as pernas da bailarina arqueiam como as de uma ave, ou do momento em que a bailarina retira uma pena que começa a nascer em sua pele.

Contudo, há cenas fantásticas como a metamorfose completa durante a coreografia do cisne negro e a poesia da sombra da bailarina, com as asas de um gigantesco cisne.

Enfim, é um filme que merece ser visto, apesar de não ser a obra-prima que se anuncia.

***

Colo de vó

Meu apErtamento está de cabeça pra baixo, pernas pro ar, "loco loco loco"... E isso para uma pessoa que adora ter as coisas organizadas, bem arrumadas e bonitas é a mor-te! 

Mas, como na vida é preciso ter fluidez, vou me controlando para não ter um ataque de nervos. Como digo sempre: "respira, oxigena o cérebro e vamos lá!".

A bagunça, nesse momento, é necessária e não há nada que eu possa fazer para mudar isso: na verdade, até tentei organizar a bagunça, mas, ainda assim, bagunça é bagunça, organizada ou não. E não existe cor mais "eca" que "bege papelão". Não dava pra fazerem essas benditas caixas de uma cor menos deprimente?

Minhas coisas estão empacotadas aguardando a minha partida. Não tem jeito. É assim que tem que ser. Algumas ainda aguardam que eu tome coragem e as empacote, mas são poucas, muito poucas mesmo, e de hoje não escapam!

E pra tomar coragem, resolvi tomar um café. E, é claro, a cafeteira não está guardada, mas as minhas xícaras já estão na caixa. No apErtamento, restam apenas as louças  emprestadas pela faculdade para meu uso  pessoal até minha partida. Os copos disponíveis não chegam a ser "copos de geléia", porque nunca foram usados para este fim, mas são aqueles copos "duralex", ou seja, "copo de geléia" com etiqueta! E não adianta fazer cara de que não sabe do que estou falando porque to-do-mun-do tem alguma coisa da "duralex" em casa (um copo, um prato, um pirex, qualquer coisa). Antes de dizer que não, dá uma olhadinha na sua cozinha!

Pois bem. Preparei meu café e me servi no "duralex" mesmo. E no primeiro gole me lembrei de minha avó materna, D. Bona,* que já não está nesse mundo, mas certamente ainda está bem pertinho de mim, viva em cada lembrança que guardo dela.

O café tinha o gosto do café da minha avó, que era servido no "copo de geléia" (ou no de requeijão, que, normalmente, é maior). 

Minha avó era uma mulher simples, não frequentou as melhores escolas, não tinha diploma de nenhuma faculdade, mas tinha a sabedoria que só a vida pode dar. Em sua simplicidade, não havia um único dia em que você chegasse na casa dela e ela não lhe servisse um bom café, bem forte, e, pelo menos, um pão com manteiga. Pra mim, primeira neta, afilhada e xodó, tinha sempre chá fresquinho, biscoitinhos e tomate em cubinhos com cebola, sal e azeite (do jeitinho que eu adoro)!

E eis que, como uma brisa boa, a lembrança da minha avó querida veio a me dar colo e o desconforto da bagunça ficou bem mais suave. Obrigada, vovó!

* Apelido carinhoso pelo qual chamava minha avó.


***

Rio na TV

Zappeando à noite, tentando pensar em algo agradável e que não me causasse preocupação, me deparo com uma emissão sobre o Rio de Janeiro. O nome do programa? "Gangs de Rio"... Sentiu, né? Lá se foi minha tranquilidade acéfala...

Após alguns minutos, lá estava a verdade "nua e crua". Muito nua, com as roupas mínimas e os decotes máximos das "esposas" dos traficantes. E extremamente crua, jorrando sangue dos corpos dos bandidos abatidos e das vítimas cujas vidas foram ceifadas em razão da guerra contra a crescente criminalidade de nosso Estado.

Na tal emissão, traficantes entrevistados enquanto "multiplicavam" a cocaína, misturando-a com outros "ingredientes"; enquanto preparavam os saquinhos de droga, preocupando-se com a "quantidade", que deveria ser "mais ou menos" a mesma sempre; enquanto empunhavam suas armas nas vielas das favelas; enquanto desafiavam a morte com frases de efeito do tipo "se 1 morre, vem 10 no seu lugar"; enquanto seus corpos, sem vida, eram carregados, cobertos de sangue.

Na tal emissão, as esposas dos traficantes eram entrevistadas. Uma, de 27 ou 28 anos de idade, já era viúva pela 6ª vez. Entre choro de saudades e revelações sobre quantas mulheres estavam em volta do caixão do traficante, com quantas mulheres dividia seu marido, sobre quanta "porrada" levava de seu "companheiro", as mulheres dos traficantes mostravam a normalidade com que encaram a "vida-e-morte" de suas existências.

Fonte: Imagens gratis
Na tal emissão, ainda, dois jovens adolescentes foram entrevistados. No início, encapuzados e empunhando suas armas. Depois, afirmando que teriam abandonado o tráfico e que não eram mais bemvindos no morro onde moraram, sem capuz, de boné "da moda" e camisa de futebol (um estava com a camisa da equipe de Portugal), foram entrevistados enquanto devoravam um sunday como qualquer criança. Mas a criancice acabava aí. Os dois falavam como homens vividos, calejados, a cuja infância a violência cotidiana violentou brutalmente, deixando marcas que não serão apagadas.; E num passeio em uma loja, experimentaram roupas que não poderiam mais comprar. Antes, segundo afirmavam, eles entravam e compravam o que queriam; não havia limite. Agora, palavras deles, eram "uns merdas", pois precisavam aferir o preço para verificar se estava dentre dos limites que poderiam pagar....

Enfim, eram "uns merdas" como eu e você, que trabalhamos e pagamos as contas no fim do mês e precisamos, sim, verificar o preço das coisas para saber se estão dentro de nossas possibilidades. Não eram "uns merdas", mas pessoas normais.

Na tal emissão, ainda, nossa polícia é mostrada como sendo bárbara, atroz. A população gritando, proclamando sua descrença com a "Justiça dos Homens"; crianças vítimas de balas perdidas; policiais que riem quando contam quantos abateram; traficantes enfileirados "expostos como troféus de guerra", segundo a narração do documentário. CORE. Caveirão. Evidentemente, a emissão dedicou muito mais tempo à vida do tráfico do que à vida daqueles que se dedicam a combatê-lo... Por que será?

E no fim da tal emissão, a infeliz constatação de que é essa a imagem que se "vende" do Rio de Janeiro:  uma terra sem lei, em que imperam o turismo sexual, o trafico, as drogas, a violência,  a barbárie...

Se eu queria uma noite de descanso, sem pensar em nada, "me dei mal", pois depois dessa bendita edição, impossível não me perguntar "onde é que vamos parar?".

Fonte: Rio de Janeiro Sitiado


***

Facebookeando... Ou não

Confesso que, no meu isolamento, ganhei (ou contraí*) o hábito de acessar o Facebook para saber dos amigos, curtir comentários, dar pitacos etc. 

Mas, como todo instrumento "de massa", o Facebook vem representando uma forma exagerada de exposição... E sinceramente, tem gente "dando atestado"...

Agora, querendo ou não, desde que você acesse o site de relacionamento, você saberá onde alguém está, com quem e fazendo o que. A sensação é que as pessoas perderam um pouco do limite do que é "manter a sua vida privada" e o que é "jogar a sua vida na privada"...  

Sabe-se mais do que se gostaria e muitíssimo mais da que se deveria saber.

Acho que para tudo na vida há uma "regra de etiqueta" aplicável. E como "regra de etiqueta" parece coisa do "tempo do uêpa", e a maioria das pessoas não quer usá-la por julgá-la "demodê", acho que deveriam ser  criados guias para utilização desses instrumentos sociais, com capitulos básicos como:  aprenda a preservar sua intimidade e sua imagem; fotos que não devem ser expostas; coisas que não devem ser ditas;  o que não compartilhar on line...



* Como dizia um professor de Direito que tive na faculdade, o verbo contrair só é empregado para 3 coisas: dívidas, doenças e matrimônio... Será que pode ser empregado para "facebook"?!


***

E quem falou em pescar?

Você certamente já ouviu que Deus não dá o peixe, mas ensina a pescar,certo?

Pois é... Eu sempre tive o mau hábito de dizer "Dê-me paciência" diante daquelas situações em que a vontade é de esganar pelo menos um. Pra piorar, muitas vezes a frase vinha dirigida mesmo a Ele, O "manda-chuva", e saía como "Senhor, dai-me paciência!", ganhando ares de oração.

Fonte: Melhores do youtube
As únicas coisas de que eu me esquecia quando soltava essa frase eram que o "todo-poderoso": (1) tem um senso de humor contestável; (2) não é muito fã de atalhos; e (3) tem essa mania de querer ensinar a pescar...

Resultado: ao invés do peixinho pronto, frito com batatas, a cada vez que eu pedia paciência, eu ganhava mais situações que me obrigavam a exercitar minha paciência. Ou seja, eu pedia peixe e ganhava vara, anzol, linha e até a mais recente edição de  "pescaria para dumbies", o livro...

Cansei! Não peço mais paciência. Quem foi que disse que quero aprender a pescar?!

***

Nuvem radioativa

Depois da tragédia no Japão, a nuvem radioativa proveniente da central nuclear de Fukushima se espalha pelo mundo e carrega consigo o pânico.

 

Por mais que as autoridades francesas assegurem que não há risco para a saúde, a chegada da nuvem radioativa à França Metropolitana, prevista para ocorrer amanhã (ou no máximo quinta-feira), vem causando preocupação, inclusive por haver já a experiência com o ocorrido em Tchernobyl.

O que causa a maior preocupação é que a possível contaminação não tem muito como ser evitada, pois o vetor é o ar e os alimentos expostos, principalmente, o espinafre e o leite. A única recomendação feita, assim mesmo não muito divulgada, é o consumo de pastilha de iodo, que ajudaria a proteger a tireóide da radioação.

"Nós que aqui estamos"* esperamos que as notícias estejam corretas e que não haja risco nossa saúde


* Referência ao documentário "Nós que aqui estamos por vós esperamos" dirigido por Marcelo Masagão, e que tem por título a frase disposta no letreiro de cemitério de Paraibuna (interior de São Paulo).


Fonte:
JB- Terremoto no Japão
Exame - Site francês mostra o avanço da radioatividade
Destination Sante
Le Post
G1 - Nuvem radioativa chegara a Europa

***

segunda-feira, 21 de março de 2011

Imagens fabricadas...

Domingo. 00H30. Eu estou sozinha no meu apErtamento no campus, dobrando minhas roupas depois de ter tomado um calote da máquina de lavar (É, a coisa está feia. Máquina de lavar agora dá calote!).

Musiquinha em volume baixo, computador ligado na esperança de receber notícias do Brasil. Em outras palavras, eu curtia um "momento Maria*" na tranquilidade do "sacro santo lar" num final de domingo qualquer.

Batem à porta. Incrédula, olho o relógio. É isso mesmo: 00H30. "Delirei? Estou ouvindo coisas?" Batem mais uma vez."Tá; não é delírio..." Antes de abrir, verifico se estou "decentemente vestida.", afinal não contava em receber ninguém em meu apErtamento àquela hora. Dou aquela olhada pra baixo típica de quem nem sabe o que está vestindo. Calça de moleton e camisetinha. (Pois é... Eu uso calça de moleton no conforto do lar. É horrível, eu sei, mas é quentinho e confortável... Fazer o que, não é?) "Aceitável", penso. "E também, se não for, problema de quem veio aqui sem me avisar e a essa hora!"

Abro a porta e encontro minha vizinha de corredor que entra para um papo rápido.

Ela comenta que notou que eu abri a porta de forma a me "esconder" atrás da porta e me pergunta o porque. Explico que poderia ser algum dos meus colegas de classe e como estava com "roupa de ficar em casa", instintivamente, me "protegi". Ao que ela responde: "Então você também é conservadora! Pensei que você fosse totalmente liberal!"... 

Dorme com um barulho desses...


* "Momento Maria" é o nome que, carinhosamente, dou aos momentos em que Maria, uma dona de casa prendada, resolve se apossar de meu "corpitcho" para realizar as tarefas domésticas que ela acha que eu, sozinha, não darei conta. E quando ela "baixa" é um tal de lavar roupa, passar, faxinar, cozinhar... Ufa! Cansa só de pensar!

***

domingo, 20 de março de 2011

Punzinho mimado

Você já ouviu falar na "Geração Y"? Não? Mas na "Geração Coca-Cola" já, ou não?

Pesquisava sobre a "Geração Y" (Wikipedia), classificação sociológica para definir as pessoas nascidas entre meados dos anos 70 e meados dos anos 90, pois havia lido algo sobre uma subdivisão da classificação, que agora comportaria a "Geração Y2".

De acordo com sociólogos, a "Geração Y", da qual, surpresa, eu faria parte, foi criada em período de grandes desenvolvimentos tecnológico e econômico. Os indivíduos que a compõe, portanto, teriam sido mimados com excesso de presentes, atenções e atividades, e, por isso, teriam se tornado pessoas com auto-estima elevada, capacidade para realização de múltiplas tarefas, facilidade no "domínio" da tecnologia, e com consideráveis preocupações ambientais; seriam, também, ambiciosos, egoístas.

"Folgados, distraídos, superficiais e insubordinados são outros adjetivos menos simpáticos para classificar os nascidos entre 1978 e 1990. Concebidos na era digital, democrática e da ruptura da família tradicional, essa garotada está acostumada a pedir e ter o que quer." (Revista Galileu)

Enfim, resumindo, eco-tecnocratas-mimados.

A "Geração Y2", também conhecida por "XY", seria uma classificação dos nascidos no período já indicado, mas que teriam algumas características da "Geração X", ou seja, seriam pessoas mais idealistas, independentes, batalhadoras, politizadas e respeitadoras.

Tudo bem que eu ainda prefiro "U2", já que adoro a voz do Bono, mas só de saber que "Y2" existe, já dá uma sensação de felicidade... Quem sabe eu posso ser classificada como sendo da "Geração Y2" ao invés de "Y"?

E imagina se não existisse a "Geração Y2"? Você consegue imaginar como seriam os filhos de alguém da "Geração Y" com alguém da "Geração Coca-Cola"? Será que sairia um "punzinho mimado"?

Brincadeiras a parte, a "Geração Coca-Cola", evidentemente, não é realmente uma classificação sociológica. Ela é fruto da "licença poética" de Renato Russo ao compor a letra da música homônima, referindo-se, em verdade, a "Geração X" (composta por indivíduos nascidos entre 1965 e 1977).


Geração Coca-Cola

Legião Urbana 

Composição: Renato Russo / Fê Lemos

Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove as seis.

Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola

Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser

Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola

Depois de 20 anos na escola
Não é dificil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser

Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-cola

***

sexta-feira, 18 de março de 2011

Fechando ciclos

Fonte: Aquilo que acredito
Estamos acostumados a viver um dia após o outro como se não fosse ter fim. Estamos acostumados a conviver com as pessoas sem perceber que um dia elas poderão não estar mais ali. E assim vamos seguindo, numa sequência de dias, semanas, meses... e um dia, aquela pessoa que sempre esteve ali, não está mais... e, com sorte, você tem a oportunidade de se despedir; um até breve ou um adeus, mas uma despedida.

Por isso é importante viver de forma plena; ser fiel a suas crenças; dizer às pessoas o quanto elas são importantes para você (e só se elas realmente o forem - nada de hipocrisia!). Assim, no momento da despedida, você poderá dizer para si mesmo: "Pronto! Vivi plenamente e foi ótimo, mas é hora de encerrar!"

Mais um ciclo de minha vida está se fechando. Fiz a última prova do mestrado. Agora é o momento de partir para o estágio (parte prática do mestrado) e para a produção da tese.

Saí, ainda sem prestar atenção a esse "detalhe", e voltei para "casa". Quando cheguei no meu apErtamento é que me dei conta de que era o último dia de aula e que não veria alguns de meus colegas pelos próximos 6 meses. Deixei minhas coisas em casa e corri de volta para a sala de aula, mas a maioria já tinha partido.

Fonte: Sehussein
Encontrei com um amigo super querido que me pediu para assinar sua camiseta. Escrevi uma mensagem em português e expliquei o que significava. E na vontade de não dizer o "até breve", caminhamos para tomar um café. Ficamos conversando um tempão, prometemos nos falar regularmente e nos despedimos.

É muito importante fechar um ciclo para poder abrir um novo. Fechar o ciclo é o primeiro passo. Se não finalizássemos a parte teórica, não poderíamos preparar a tese. Eu sei. Compreendo.  Aceito. Mas fica aquele gostinho de quero mais... Sinal de que, no fim das contas, o saldo foi positivo e a experiência foi muito boa.

***

quinta-feira, 17 de março de 2011

O Rio de Janeiro continua lindo (sempre será)

Apresentação de um projeto de estratégias de desenvolvimento aeroportuário. 

Por "indicação" dos examinadores, o objeto do nosso trabalho foi "escolhido": Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro / Galeão - Antônio Carlos Jobim.

Na elaboração do trabalho, precisávamos analisar os pontos fortes e fracos do aeroporto, bem como as oportunidades e as ameaças impostas à atividade aeroportuária do Aeroporto Galeão, para, a partir dessa análise, apresentar as estratégias de gestão a serem adotadas.

Evidente que como oportunidades, foram apontados os eventos previstos para ocorrer no Brasil, em especial no Rio de Janeiro:
  •  Conferência Rio+20 da ONU - 2012;
  •  Copa do Mundo - 2014; e
  •  Jogos Olímpicos - 2016.
Como havia introduzido a apresentação dizendo que, durante a exposição, faríamos uma breve viagem ao Brasil, aproveitei para passar o vídeo de candidatura do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

O resultado foi o esperado: todos ficaram maravilhados com as imagens do meu tão amado Rio de Janeiro, que continua LINDO e sempre o será!!!


***

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tem que rebolar...

Estar num país estrangeiro, sendo mulher e brasileira, requer muito jogo de cintura.

Nunca gostei do excesso de exposição do corpo das mulheres no carnaval. Não que os corpos não sejam  bonitos; a maioria parece mesmo uma obra de arte (e alguns até o são mesmo), mas o que me incomoda é o excesso (ou o excesso da falta), principalmente pela mensagem que passa.

Completados 5 meses de França, por uma única vez fui afrontada por um colega que, bêbado, disse que sinônimo de puta na França era "brasileira". Deu uma vontade de perguntar se a mãe dele estava bem.... Mas respirei fundo e fiz pior: expus o carinha para os nossos colegas, abrindo a questão a todos, já que ele tinha me brindado com essa pérola "ao pé do ouvido".

Não preciso nem dizer que ele ficou super sem-graça, todos os nossos colegas o criticaram horrores e, depois disso, por mais que ele tente falar comigo, eu faço questão de ignorá-lo sumariamente.

Pois bem. Passado todo esse tempo, estávamos trabalhando num projeto sobre o aeroporto do Rio de Janeiro e eis que um outro colega resolve querer colocar uma foto de uma sambista nua no meio da apresentação, defendendo que se tratava de uma representação da minha cultura. E para piorar, começa a soltar piadinhas de que eu deveria sambar no meio da apresentação.

Sambar, nem tanto, mas que tem que ter muito jogo de cintura para não perder o rebolado quando se está diante de uma situação como essa, isso tem.

***


Pagu
Rita Lee

"Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão
Eu sou pau pra toda obra, 
Deus dá asas à minha cobra

Minha força não é bruta, 
não sou freira nem sou puta

Porque nem toda feiticeira é corcunda, 
nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone,
sou mais macho que muito homem 

Sou rainha do meu tanque,
sou pagu indignada no palanque
Fama de porra-louca, tudo bem, 
minha mãe é Maria ninguém

Não sou atriz, modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima 

Porque nem toda feiticeira é corcunda,
nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone,
sou mais macho que muito homem"

***

Soirée Brésilienne

Domigo passado fui com dois amigos a uma festa brasileira aqui em Toulouse. O bar, La Cabana, estava todo decorado com referências ao Brasil: bandeira, tamborim, painel com imagem do Cristo Redentor e do rosto do Ronaldo.

E as referências não se limitavam à aparência. No cardápio, como bebida havia caipirinha e como comida: coxinha de galinha e pão de queijo.
A música variava entre o forró, o samba e o pagode. Teve direito até a uma roda de samba no melhor estilo carioca (em menor escala, óbvio). E eu me acabei de tanto dançar!



No meio da noite os músicos chamaram os brasileiros para tomar uma "cachacinha" no centro da roda de samba e lá fui eu, empurrada pelo meu amigo, tomar uma dose de cachaça (com direito a brinde e limãozinho).

Para encerrar a noite: um pequeno show de funk, que parecia mais uma sequencia de agachamentos de academia, super light perto do que se vê por aí, mas que despertou o interesse de muita gente...

Quem me conhece sabe que eu combino tanto com funk quanto um lutador de sumô combina com um pratinho de salada verde, mas me diverti de qualquer forma.

Agora imagina traduzir "Vai vadiar" do Zeca Pagodinho para o francês... Ou pior: traduz o "Agora eu sou solteira" (vulgo: "de sainha") da Gaiola das Popozudas! Imaginou? Pois é. Meu amigo queria saber o que significavam as letras e eu tendo que traduzir... Não preciso nem dizer o quanto rimos dessa situação, não é?

Foi uma noite muito agradável e revigorante! 

***

O primeiro selinho...

O primeiro selinho a gente nunca esquece...

Sempre achei super legal ver os "selos" nos blogs que acompanho. E agora achei mais legal ainda, pois, por indicação da Dani Gomes, do blog O mundo para chamar de meu , o "En France" ganhou o seu primeiro selinho! É o selo "Seu blog é muito fofinho", criado pela Loisane, do blog De tudo um pouco.  Adorei!!!




E como isso aqui não é bagunça, sigo as "regras do jogo" e indico outros blogs para receber o selo:

E os indicados da noite são:


A Monga e a Executiva

Dialogo Externo

Falando sobre Tudo

O mundo para chamar de meu

Vida de Personal Trainer

Os blogs indicados devem responder a Meme abaixo e indicar outros blogs queridos para continuar com a brincadeira:

1- Linke o blog que te indicou.

2- Qual seu maior sonho?
Conseguir manter sempre viva a minha capacidade de sonhar, acreditar e realizar!


3- Para você, a aparência importa?
Importa, mas não é fundamental.

4- O que é ser feliz?
É poder aproveitar a louca experiência de viver!

5- Você é uma pessoa amiga?
Sempre!

6- Conte-nos 4 defeitos seus.
a)Verborrágica;
b) Impulsiva;
c) Workaholic; e
d) Crítica (comigo mesma).

7- Conte-nos 4 qualidades suas.
a) Sincera;
b) Tolerante;
c) Companheira; e
d) Modesta (hahaha... essa eu não aguentei... precisava fazer uma "brincadeirinha básica") Está bem, troquemos o "modesta" por "brincalhona", tem mais a ver comigo...

8- Tem algum preconceito? Se sim, qual?
Não. Estou sempre disposta a aprender com as diferenças.

9- Indique alguns blogs fofinhos a responderem este meme! 

***

terça-feira, 15 de março de 2011

Colo, carinho e proteção

Há uma semana, aproximadamente, meu avô adoeceu. Estava com dificuldade de respirar e meu tio o levou ao hospital, onde descobriram um edema pulmonar. Foram realizadas duas punções e retirados 2 litros de líquido de seus pulmões. Ele ficou internado e está fazendo os exames necessários para saber o que lhe aconteceu. 

O vovô é um homem ativo, lúcido, forte, que trabalha até hoje e não se deixa abater facilmente; no segundo dia no hospital já estava tentando convencer o médico que ele poderia receber alta e que voltaria depois para fazer os exames... E, "modernoso" que só ele, lá estava meu avô, no hospital, conectado à Internet e falando com a neta pelo Skype!

Mas o coração da neta aqui fica apertadinho.

Sei que ele é forte, mas é meu avô, eu o amo e, não tem jeito, bate o medo da perda, da despedida forçada a que todos teremos que nos submeter, mais cedo ou mais tarde. E o coração fica pequenininho. E a distância faz com que nos sintamos ainda mais impotentes, obrigados a nos conformarmos com as notícias que vem dos parentes pela Internet.

E, como não me faço de rogada, aprendi que, mesmo que a cultura aqui seja diferente, gente é gente em qualquer lugar, e, mesmo aqui, tenho amigos com que posso contar.

Ontem, coração apertadinho, pedi colo a um amigo. Ficamos conversando por horas até que eu me sentisse melhor para poder dormir mais tranquila.

E como amigos são amigos, não importa a distância, recebi um e-mail de uma querida amiga, com quem não falava havia algum tempo.O seu e-mail chegou assim, inesperadamente, com palavras de carinho que me fizeram lacrimejar. Fiquei emocionada por receber o carinho dela e saber das notícias dos nossos amigos do trabalho. Ela não sabe da minha preocupação com o meu avô, mas o e-mail não poderia ter vindo em hora mais adequada.

Um pouco mais tarde, um e-mail de outro amigo do trabalho, igualmente carinhoso, ajudando a encher o meu "potinho" de carinho e cuidado.

No finzinho da tarde, uma amiga aqui da faculdade, de uma outra turma, veio me visitar e conversar um pouco.

Taí... Sou um ser de muita sorte por ganhar carinho de pessoas tão queridas que a vida me deu a oportunidade de conhecer.

***

Ah! E acabo de receber a notícia de que o vovô já fez todos os  exames necessários e receberá alta amanhã. Os resultados dos exames ainda vão demorar a ficar prontos, mas, pelo menos, a vida de meu avô começa a voltar ao normal.

***

Setorizando a bucha...

Acompanho com regularidade o blog A Monga e a Executiva


Gosto muito do humor e da ironia com que a autora do blog descreve situações do dia-a-dia do mundo empresarial (e da vida).

Concordo com muitas coisas que ela escreve. Discordo, algumas vezes. Me escangalho de rir, outras tantas. Me identifico com algumas situações e, por vezes, encontro algo que me faz lembrar de alguém ou de alguma experiência compartilhada.

Lendo as últimas postagens, trombei com uma entitulada "Setorizando a bucha" e foi impossível não me lembrar de uma amiga e pessoa querida que foi minha chefe por mais de 1 ano... Ô saudade! Só ela sabia como distribuir abacaxis, pepinos e otras cositas mas de forma que ficávamos até felizes com os "presentes de grego"...


"   Setorizando a bucha

Dentre os ganhos efetivos que uma claríssima política de cargos e funções pode assegurar há um em especial que me fascina. 
Conhecer as responsabilidades e atribuições não é nada, se compararmos à deliciosa possibilidade de remeter ao sujeito o pepino que lhe cabe (sem trocadilhos). 
Eu chamo esta benfeitoria organizacional de GESTÃO DESCENTRALIZADA DE ENCRENCAS, ou para os íntimos, departamentalização de problemas."

(Fonte: A Monga e a Executiva)

***

quarta-feira, 9 de março de 2011

A fauna no metrô

Metrô. Fim de tarde.

Fonte: My Pet Brasil
Um rapazote com seu MP3 devidamente plugado se senta a minha frente e começa a fazer movimentos pendulares com a cabeça, sem parar. Eu, já ficando incomodada com a cena, começo a fazer ginástica com meus olhos, que percorrem teto, chão e qualquer pessoa que não o rapaz que me fazia querer rir por parecer aqueles cachorrinhos que as pessoas colocam nos carros e que ficam dançando com suas cabeças. E quanto mais eu me esforçava para não olhar para ele, mais ele me seguia com o olhar e inclinava o movimento na minha direção.

Chega o ponto de conexão entre as linhas A e B do metrô e eu, mais que rapidamente, saio do veículo, deixando o "cachorrinho de táxi" para trás.

Entro no veículo seguinte e encontro um lugar vago. Fico toda "animadinha", afinal estava indo para a estação final e ia ser bem chato passar toda a viagem de pé. 

Me sentindo "a última bolacha do pacote", sento-me e começo a ouvir uma ruminação sem fim: a mocinha ao meu lado, franja cobrindo os olhos e jaqueta de oncinha, está empolgadíssima mascando seu chiclé e fazendo questão de fazer aquele "tnhã" característico.

Pronto, fugi do cachorrinho e trombei com a vaquinha* fantasiada de oncinha...

A fauna estava solta!



* Antes que eu seja mal interpretada,"vaquinha", no presente caso, não tem nada de seu sentido pejorativo, me refiro ao animal quadrúpede que tem a ruminação como auxiliar de sua digestão, uma vez que seu sistema digestório (que quando estudei ainda se chamava "sistema digestivo") é composto por 04 estômagos.


domingo, 6 de março de 2011

Se nada der certo, me mando para a Tunísia

No final de semana, saí para passear com uma amiga tunisiana de 23 anos de idade que está fazendo faculdade de engenharia na ENAC.

No meio de nosso papo ela me conta que, se chegar aos 27 anos e ainda não estiver casada, volta para seu país de origem. A forma como ela falou, como se essa fosse a decisão mais lógica do mundo, me surpreendeu, pois eu não conseguia entender a ligação entre a idade, o casamento e o retorno à terra natal. Não resisti. "O que tem uma coisa a ver com a outra?"

E a explicação: na Tunísia, se uma mulher não estiver casada até seus 27 anos, já está "passando do ponto". Então, se ela não se casasse aqui até essa idade, voltaria para sua terra natal.


(Não preciso nem dizer que me imaginei como uma fruta que faz força pra não cair do galho apesar de ser chacoalhada pelo impiedoso vento do tempo...)

Mas o poço de perguntas aqui não resiste e solta mais uma: "Mas se você voltar para a Tunísia, você ainda vai conseguir casar?"

"Claro!" (E a pessoa aqui, entendendo menos ainda. Como assim? Claro?! Pra mim, está tudo escuro.).

Diante de minha cara de ponto de interrogação, ela me apresenta os motivos de sua certeza: em primeiro lugar, sua beleza; em segundo, sua formação intelectual, afinal será uma engenheira formada; em terceiro, o fato de ter vivido na França. De acordo com seu "currículo", ela, na Tunísia, mesmo aos 38 anos, conseguiria se casar com um rapaz de 25 anos...

Então está decidido: se nada der certo, me mando para a Tunísia! Meu passe deve valer alguma coisa por lá...

***

Nos braços de Morfeu

Domingo delicioso, sem qualquer necessidade de justificar minha existência. Dia ensolarado, temperatura amena, e não me sinto obrigada a sair para conhecer nada: nem um parque, nem um museu, nadinha. 

Nos Braços de Morfeu, deus dos sonhos, obra de Willian E. Reynolds-Stephens (1894)
Minha compulsão por ser produtiva, conseguiu calar-se, ou melhor, dei-lhe um outro objetivo: desfazer minhas olheiras; descansar minha cabeça, meu corpo e minha alma; recarregar minhas baterias.

Companhia, hoje, só do meu edredon, das músicas e dos livros de que gosto, e de Morfeu, que me acolheu carinhosamente em seus braços. Hoje é um tempo que, egoisticamente, batizo de "meu", só meu. E vou aproveitar.

***

sexta-feira, 4 de março de 2011

Comemoração do aniversário de Stephane

"Semaninha braba", todos cansados e estressados com um trabalho de gestão financeira que parecia não ter fim. No meio da semana, aniversário de Stephane, um colega de turma que se tornou um querido amigo. O aniversário dele era na quarta-feira, dia em que teríamos que passar todo o tempo debruçados sobre o bendito projeto. Risco, claro, de passar em branco, pelo excesso de trabalho e pela falta de tempo.

Mas quem é "festeira" por natureza como eu não se abala com isso e aniversário foi feito para ser comemorado.

Mohamed, uma pessoa super legal que tive o prazer de conhecer melhor nesse módulo, se ofereceu para me dar carona até o mercado e lá fomos nós, Mohamed, Kamal e eu, na terça-feira à noite, fazer mercado.

Mercado feito, jantamos, conversamos, rimos muito e voltamos para casa. Os meninos, voltaram ao projeto; a menina aqui, foi encarar o fogão. Incorporei  Maria e, "mãos na massa", comecei a preparar os quitutes que imaginei que ninguém aqui conhecia! 

Algumas horas mais tarde, estavam prontos os pratinhos de brigadeiros, beijinhos de coco, morangos (enormes) banhados em chocolate e damascos ao chocolate. Uma amiga, pelo MSN, ainda me deu um toque para que eu não colocasse chocolate ao leite no brigadeiro, pois os franceses não gostam muito de doce, mas já era tarde de mais. Tudo já estava pronto e no melhor estilo brasileiro mesmo.

Na manhã do dia seguinte, Kamal me ajudou a levar e arrumar os doces e os refrigerantes para sala de aula.
 
Stephane ficou feliz com a surpresa e todos os colegas fizeram uma pausa nos projetos para experimentarem os docinhos. Foi um momento de confraternização regado a muitos elogios aos nossos quitutes brasileiros que, como imaginava, não eram conhecidos aqui. Meu beijinho chegou a ser comparado ao Ferreiro Rocher Raffaello!
E o sucesso ficou ainda mais evidente quando vi todos os pratos completamente vazios!

***

quinta-feira, 3 de março de 2011

Deu branco? Preenche!

Fonte:Despublicitando
Apresentação do trabalho de grupo sobre financiamento de um aeroporto. Até aí, tudo bem.

Quando começa a chuva de cifras, códigos, planilhas que se acumulam, aí é que tenho vontade de pedir para "fechar as cortinas" e "apagar a luz"... Meu Deus! Ninguém me avisou que eu fosse estudar grego!

No fim de uma semana de trabalho intensivo, alimentação precária, olheiras em alta e sono em crescente déficit,  lá estamos nós, meus queridos companheiros de grupo (e anjos-da-guarda)  e eu, com planilhas de excel, gráficos, powerpoint; tudo pronto para a apresentação.

Conversa de coxia para dividir quem fala o que e lá fomos nós.

Nos colocamos diante da banca constituída por seis professores e dos nossos colegas de turma. Stan, um dos bons amigos que fiz aqui abre a apresentação. Após, passa a palavra pra mim. Começo a falar. Apresento um slide, depois outro e, no terceiro, o projetor para de funcionar. Tudo branco no telão. Os rapazes do meu grupo se reunem em torno do emaranhado de cabos do computador buscando fazer o bendito projetor funcionar. E eu lá, parada diante de todos, sem poder continuar a apresentação.

Para "quebrar o gelo", solto, em tom de brincadeira: "vai ver esse negócio prefere que eu fale em português". O clima fica mais suave, alunos e professores riem e o projetor volta a funcionar.

No fim, exaustos e quase sem dormir durante a semana, voltamos todos para casa, cada um para a sua, mas todos com o mesmo sonho: dormir um pouco Apresentação feita. Boa nota. Missão cumprida. Pelo menos até amanhã. Afinal, temos prova pela manhã.

No medo de ser vencida pelo cansaço, não durmo esta noite. Passarei mais uma noite em claro, estudando. Aproveito para contar-lhes o ocorrido, enquanto desanuvio os pensamentos.

Agora, "refeita", apesar do sono, deixo-os por aqui, para voltar as benditas planilhas e fórmulas que, literalmente, me tiraram o sono ao longo da semana. O meu e dos meus colegas também. Estamos todos com cara de zumbis...

Mas a tortura tem prazo de validade. Amanhã, após a prova, ela passa. E sábado eu hiberno! Ah, se hiberno!!!

***

terça-feira, 1 de março de 2011

Paciência - Lenine

Ando numa fase "leniniana"... Queria muito postar duas músicas dele que eu adoro, mas não consigo encontrar na Internet nenhum vídeo com elas... Fico, então, com esta que é perfeita!

Espero que curtam!




Paciência

Composição: Lenine e Dudu Falcão

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

***