"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

terça-feira, 28 de junho de 2011

Uma bela festa para o verão

No dia 21 de junho, para comemorar a chegada do verão, os franceses vão às ruas para a Fête de la Musique, a festa da música.

Poético. Que melhor forma de celebrar o começo do verão do que fazendo a música ecoar por todas as ruas de várias cidades durante o dia inteiro?

Aqui em Paris houve festa por todos os lados. Em frente à minha casa, houve música de qualidade durante toda a noite. Por ser dia de semana, e em razão do meu estágio, tive de me contentar em dar uma olhadinha furtiva nos grupos se apresentando por perto de casa. E, felizmente, como de casa eu conseguia ouvir a música produzida na rua, fui dormir embalada por essa comemoração tão charmosa. 

Como a festa da música já é uma tradição, fica a dica de um ótimo programa (ou vários ótimos programas) para quem estiver por aqui nos próximos anos!

***

O calor parisiense

Fonte: Jornal O Globo - edição de 28/06/2011
Mais cedo postei sobre o calor que tomou conta de Paris e o "Apaguinho" causado ontem pelo excesso de ventiladores ligados ao mesmo tempo no edifício onde está localizado meu estágio.

Algumas horas mais tarde, lendo o jornal O Globo pela Internet, vi que o calor daqui foi notícia aí também.

As fotos, com o título "Estações trocadas", mostram os parisienses tentando se refrescar diante da Torre Eiffel e os cariocas cobertos com casacos diante da praia.

As fotos ilustram bem a realidade (pelo menos daqui), mas o título é um tanto infeliz, pois as estações não estão trocadas: aqui é verão e, portanto, faz calor (tudo bem que está demais, mas...); no Brasil é inverno, e, em tese, deve fazer frio. Não há nada de trocado... De qualquer forma, gostei das fotos e resolvi complementar a postagem anterior com esse adendo.

Mostrei a matéria a um amigo daqui e brinquei dizendo que o calor do Rio tinha vindo comigo para Paris. Recebi uma resposta super carinhosa. Segundo ele eu trouxe o verdadeiro calor carioca (climático e humano) para Paris. 

Uma pena que eu não trouxe o ar condicionado também!

***

Chopin nos Jardins de Luxembourg

O Instituto Polonês de Paris está promovendo concertos de Chopin nos Jardins de Luxembourg. 

O evento é gratuito e acontece todos os domingos, até dia 24 de julho, à partir das 17h00 (com aproximadamente 1 hora de duração).

Domingo passado fui conferir e adorei.


 

Jardim de Luxembourg lotado. Pessoas sentadas nas famosas cadeiras metálicas ou na grama; família, casais, amigos, franceses, estrangeiros, todos reunidos para apreciar o belíssimo concerto.

Para quem está em Paris e gosta de música clássica, recomendo.

Tá besta


 6666 visitas! O blog está mais besta que a besta!


Piadinha infame, eu sei!



***

Apaguinho

Depois de 20 dias sem postar (não por falta de vontade), eis que lá estou eu falando do tempo novamente... Fazer o que, não é mesmo?

Fonte: Marcos Costa
Paris 36ºC. Esta foi a temperatura desta segunda-feira na bela cidade da luz. Da luz do sol que brilha até 22h00 diariamente. E do calor do verão que chegou castigando as nossas peles mas enchendo de beleza as ruas e monumentos dessa cidade já tão bonita.

Mas o calor por estas bandas não é combatido pelos aparelhos de ar condicionado de nossas capitais brasileiras, sempre programados para temperaturas em torno dos 20ºC. Não, aqui as casas e os escritórios têm calefação, mas ar condicionado, não. O jeito é abrir as portas e janelas (as portas no escritório, claro) e recorrer aos velhos ventiladores, daqueles de chão ou de mesa, que, esforçados, sopram um ventinho safado ajudando a secar o suor que teima em escorrer pelos nossos rostos.

E foi nesse contexto que na segunda, por cerca de 30 minutos, o prédio em que estagio ficou as escuras em razão da sobrecarga causada pelo excesso de ventiladores de mesa ligados ao mesmo tempo nos escritórios.

Paris é a cidade da luz, mas isso não significa que ela esteja imune a sua versão do "apaguão": o "apaguinho".

***

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Olhando de perto

O tempo resolveu mudar radicalmente. Depois de um período de calor intenso e sol forte, há dias vem chovendo durante a noite. Segunda-feira, não bastasse a chuva noturna já esperada, o dia inteiro ficou chuvoso.

Aprendi com as francesas a deixar os saltos altos no escritório e, para o deslocamento casa-escritório-casa, usar sapatinhos baixos do tipo sapatilhas. Assim os saltos não são destruídos e posso andar mais rápido (porque aqui se anda muito e sempre rápido).

Em razão do mau tempo, contudo, quebrei a regra e saí de casa de bota. Até aí, nada de mais. Na verdade, nada que justificasse essa postagem.

Na hora do almoço, contudo, surgiu o que me leva a escrever agora.

Estávamos reunidos para o cafezinho ao ar livre, uma "tradição" pós almoço no meu grupo de colegas do estágio. Uns tomam café, outros fumam, alguns fazem os dois, e todos conversam e brincam antes de voltar ao batente. Estávamos lá quando uma das meninas olha pra mim e solta: "Humm! Sapatos novos!". Antes que eu pudesse responder, uma outra disse: "Não! Eu já a vi com esses, mas o casaco é novo!". Com o estarrecimento estampado na minha cara, respondi que nem o sapato nem o casaco eram novos, muito embora eu não tivesse usado o casaco no estágio até aquele momento. Elas riram vendo meu "choque" com o excesso de atenção que elas demonstraram prestar em mim. Brincamos com a situação e eu tratei de mudar o "foco".


Esse episódio me fez lembrar de certa vez na faculdade em que um amigO comentou comigo sobre o cinto do professor, que pelo o que ele viu (e eu, óbvio, não tinha visto) estava puído.

Eu não sei se é distração ou falta de interesse, mas eu não consigo ficar prestando atenção no que as pessoas vestem ou deixam de vestir.

Não que eu não goste de moda, mas também não faço parte daquele grupo de pessoas que mudam seu estilo pra acompanhar o mais recente "grito" da moda. Pra mim, a moda pode berrar, espernear,  ficar rouca, se não tiver a ver com o meu estilo, eu não vou incorporar ao meu armário. E quanto aos outros, se estiverem felizes com suas escolhas, tanto melhor; é o que mais me interessa.

E como eu acredito que se Papai do Céu (ou como você quiser chamar) deu uma vida a cada pessoa para que cada um tome conta da sua (o que, se bem feito, dá um trabalho danado) dificilmente vou olhar o cinto de um ou o sapato de outro. Posso fazer um elogio aqui e outro ali, pois acredito que isso faz bem a quem elogia e a quem é elogiado, mas não espere que eu saiba o que vc estava vestindo na semana passada: provavelmente não lembrarei nem do que eu estava vestindo!

***

domingo, 5 de junho de 2011

Première Pression Provence

Seguindo uma dica do blog Conexão Paris, fui conferir a simpática loja Première Pression Provence especializada em azeites de primeira prensa (prensa a frio) e produtos derivados de azeitonas.

A loja é super charmosa e os produtos realmente deliciosos, com azeites aromatizados e doces feitos com azeitona.

Existe uma lojinha deles no Rio de Janeiro (no Shopping Leblon), mas pelo que o vendedor daqui me falou, o preço é o quádruplo no Brasil. Ai! Pois é, então se você estiver aqui pela França, vale a pena conferir.

Apenas a título de curiosidade, a extração do azeite é feita com duas técnicas: a primeira, com a prensa a frio, extrai o melhor azeite, o mais puro, mais perfumado; a segunda, com a prensa quente, extrai o que a prensa a frio não conseguiu extrair, obtendo um azeite de qualidade inferior (aqueles mais baratos que normalmente encontramos em latinhas retangulares nos supermercados). No Brasil encontramos bons azeites de primeira pressão (prensa a frio) no supermercado, por um preço razoável. Vale a pena experimentar.

Se quiser saber um pouco mais (inclusive os endereços das lojas aqui em Paris): Première Pression Provence

***

A psiquiatria na berlinda

Passeava pelo centro de Paris num sábado qualquer quando recebi um folheto da "La Commission des Citotens pour les Droits de l´Homme " (Comissão dos Cidadãos pelos Direitos do Homem) (CCDH) em que imputavam aos psiquiatras e aos remédios psiquiátricos a responsabilidade por crimes e suicídios.

A manifestação trazia em destaque "La psychiatrie et ses traitements sont responsables de beaucoup trop de morts. Ça suffit! " ("A psiquiatria e seus tratamentos são responsáveis por muitas mortes. Já chega!"). 

Como "fatos", apontavam que a taxa de cura da psiquiatria é de menos de 1%; que a maioria dos grandes criminosos estavam em tratamento psiquiátrico ou teriam sido submetidos a tratamentos psiquiátricos antes da prática de seus crimes; e que 70% dos suicidas ou estavam em tratamento psiquiátrico ou tomavam psicotrópicos.

Como "soluções", propunham o julgamento e a responsabilização dos psiquiatras que dão alta aos "assassinos" e que prescrevem psicotrópicos aumentando os riscos de suicídio e de prática de atos violentos; e um controle externo da profissão, com avaliação dos resultados reais da psiquiatria, seus métodos e os riscos que ela impõe a sociedade.

É evidente que haja um grande número de suicidas que já tenha se submetido a tratamento psiquiátrico. É evidente, também, que alguns assassinos se submetessem a tratamento. A culpa dos suicídios e dos crimes praticados, contudo, não é do psiquiatra e/ou do tratamento, mas dos distúrbios emocionais, psicológicos, mentais de que os suicidas ou assassinos sofriam.

A meu sentir, trata-se de um erro de premissa: parte-se de uma premissa errada para chegar-se, evidentemente, a um resultado equivocado.

Responsabilizar os psiquiatras pelos crimes praticados por pacientes ou ex-pacientes é como culpabilizar o fabricante de colchões pelas famílias desfeitas em razão de adultério.

***

Os animais como vítimas

Estava assistindo o noticiário quando me surpreendi com uma notícia alarmante: aqui na França há um enorme número de casos de furtos de animais de estimação, em especial cachorros. Os furtos são, em grande parte, para revenda do animal pela Internet, mas há casos de pedido de resgate.

Aonde nós vamos parar?!

sábado, 4 de junho de 2011

Les vedettes du Pont-Neuf

Uma dica legal quando em Paris é fazer o passeio de barco pelo Sena, oportunidade de ver a cidade por um ângulo diferente. O passeio dura cerca de uma hora e custa 13 euros, com comentários de um guia em francês e em inglês.

Compartilho com vocês algumas fotos que tirei no caminho. Espero que curtam.










 











Jardins de Luxembourg

 


No meu guia de Paris, os Jardins de Luxembourg estão entre os lugares que o turista precisa conhecer. Eu concordo com a indicação e compartilho com vocês algumas imagens desse que é considerado o parque mais chique de Paris.

Aqui em Paris, se o tempo está bonito e o sol dá o ar de sua graça (e ele tem resolvido dar o ar de sua graça todos os dias), os parisienses (de nascença ou de coração) partem aos parques, às margens do Sena ou aos cafés para fazer piqueniques, pegar sol ou tomar um vinho ou uma cerveja gelada.

Nos Jardins de Luxembourg a grama é proibida, mas há as cadeiras metálicas, que são a marca dos jardins, são logo tomadas pelos visitantes que ficam ali, contemplando o tempo passar, lendo, conversando ou "piquinicando" (aqui entre os franceses o piquenique chega a ter um verbo próprio).

Os Jardins foram construídos no século XVII pela Rainha Marie de Médicis e está ornado por aproximadamente 80 estátuas, que fazem do parque um museu a céu aberto. Uma das sequências mais charmosas de estátuas está organizada em semi-círculo voltado para o Castelo de Luxembourg: são as rainhas francesas, todas "velando" o Castelo, onde hoje está localizada a sede do Senado.

















Napoleão dedicou o parque às crianças e até os dias atuais pode-se ver crianças brincando com os pequenos barcos que colocam para flutuar na fonte octogonal diante do castelo.

Conciergerie - Paris

A Conciergerie, residência e sede do Poder Real Francês dos séculos X ao XIV, foi transformado em prisão do Estado em 1392, que ocupava o andar térreo do prédio e suas duas torres. O andar superior era reservado ao Parlamento Francês.

Em 1793, o Tribunal Revolucionário passou a ocupar o primeiro andar do edifício, o que foi justificativa para a transferência de todos os prisioneiros detidos em Paris e algumas províncias. Dali, os prisioneiros, julgados, saiam diretamente para o encontro da morte pela guilhotina; foram 2278 pessoas mortas nesse período sangrento da história e seus nomes ocupam três paredes inteiras de uma sala, em ordem alfabética.

Prisioneira ilustre, Maria Antonieta foi detida em 1793, lá permanecendo até sua morte pela lâmina da guilhotina.

Na visita, pode-se conhecer a última cela ocupada por Maria Antonieta enquanto aguardava seu julgamento. Era uma cela pequena, com uma mesa, uma cama de solteiro e um biombo. Atrás do biombo, dois guardas a supervisionavam, para evitar nova tentativa de fuga. No local onde ficava a primeira cela, de onde foi transferida após uma tentativa de evasão, Luís XVIII mandou construir uma capela.


Enquanto visitava a pequena cela da rainha deposta, reconstituída para dar a idéia de como era à época, com bonecos em tamanho real, ouvi uma conversa entre uma mãe e sua pequena filha. A menina, nitidamente impressionada com o que via perguntou à mãe porque aquela mulher estava presa e a mãe, numa simplicidade esclarecedora, respondeu "porque estava no lugar errado na hora errada; ela era casada com o rei e era austríaca  ". A menina se satisfez com a resposta. Eu não podia deixar de concordar com aquela mãe. Como se explicar a uma criança as barbaridades praticadas pelo ser humano?

O ponto alto da visita, contudo, não é a cela de Maria Antonieta, apesar da curiosidade geral que causa, mas, na minha opinião, é a sala de armas (Salle des Gens d´Armes), com sua impressionante arquitetura. São 64 metros de comprimento por 27,5 metros de largura e pé-direito de 8,5 metros e diversos e impressionantes arcos.

 
A Conciergerie fica aberta à visitação de março a outubro, das 9h30 às 18h00, e, de novembro a fevereiro das 9h00 às 17h00. A entrada custa 7 euros, mas, se você quiser conhecer a Saint Chapelle (que é ao lado), é mais vantagem comprar o ingresso combinado, que custa 11 euros.
















 
Curiosidade: Em francês, chama-se policial de "gendarme", palavra que veio de "Gens d´Armes" ou "pessoas das armas".

***