Fonte: Thiago Miranda |
Só, cercada por pessoas; só, uma ilha em mim mesma.
Esse isolamento tão espontâneo quanto forçado me faz questionar minhas escolhas e duvidar de meu discernimento.
O que tem o coração a ver com esse sentimento?
Se fosse assim tão simples, não haveria no mundo rios de lágrimas a se fundirem ao mar de emoções que, juntos, lavam as terras ressequidas de esperança e desilusão. E se não houvesse esses rios e mares, como poderíamos, boquiabertos, contemplarmos um campo árido explodir em cores e formas por um simples sorriso ou um furtivo olhar?
A complexidade do que é simples às vezes sufoca por querer buscar respostas onde só há perguntas. As respostas, essas só querem se tornar perguntas; não têm certeza de absolutamente nada. E as perguntas não querem ver-se respondidas; não querem transformar-se em incertezas, dúvidas; pedem apenas que as sintamos; experimentemos; conheçamos os pontos de interrogação que elas nos cravam no peito, sem consciência da dor que nos causam.
Só, uma ilha em mim mesma, admiro o silêncio desse estado desértico, enquanto imploro pelos sons da ocupação.
Só, cercada por pessoas; sem respostas, sem certezas; coração vazio de tudo e tão cheio de perguntas; peito transbordando de emoções conflitantes e doendo pela pressão do vácuo que aperta e estrangula.
Na garganta, um nó que quer virar fala, mas que se falasse, não saberia o que dizer.
Só, uma ilha que quer tornar-se arquipélago, mas teme virar-se em península.
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