"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Retrospectiva

Detesto “com todas as minhas forças” aquelas retrospectivas de final de ano que são exibidas nas programações televisivas. Em minutos, somos “bombardeados” por imagens fortes e, normalmente, dramáticas, dos eventos ocorridos ao longo do ano, e, no fim, ficamos com a sensação de que fomos atropelados por um “trem descarrilado” e nos pegamos pensando: “ufa! Ainda bem que acabou!”.

Mas nada acabou. A vida segue e nosso calendário ganha mais um “aninho”. Só isso. Ganhamos mais um sopro de esperança e temos a gostosa sensação do recomeço, muito embora saibamos que a vida não permite que apaguemos nossos “outros recomeços”.

E é justamente pelo recomeço simbólico presente na virada do ano que não gosto daquelas retrospectivas.



Recomeço precisa de ânimo, de gás, de alegria, de esperança, de sonhos; não precisa de “caminhões desgovernados” de tristeza e drama.

Pensando nisso, resolvi fazer a minha retrospectiva como uma forma de celebrar tudo o que vivi ao longo desses últimos 365 dias...

Nesse ano que se encerra, vivi uma maravilhosa experiência de férias com a minha mãe, só nós duas, num delicioso “tour” europeu, falando besteira, rindo a toa, subindo e descendo as escadarias dos metrôs das belas cidades que visitamos. Foi uma experiência maravilhosa cujas memórias guardarei sempre comigo.

Vivi também a experiência de um insólito fim de noivado e de uma separação  que me deu a oportunidade de perceber o quanto sou querida e cuidada pelos meus amigos. Mudei;-me achei meu “cantinho”, só meu, onde morei antes mesmo de ligar o relógio de luz, iluminada apenas por velas e lanternas, só para  curtir aquele mágico momento de intimidade comigo mesma.

Fui selecionada no meu emprego para concorrer a uma vaga de mestrado; fiz provas, inclusive a de proficiência em francês, da qual fugia havia anos, e fui aprovada.

Me separei mais uma vez, mas agora da minha casa, de minha família, de meus amigos, de meus “cãochorros” e do meu “gatucho” e de tudo o que me assegurava meu “aconchego”; e me mudei, mais uma vez. Mudei de casa, de país, de rotina.

A trabalho, voltei aos bancos da faculdade e comecei a estudar coisas que nunca havia estudado antes e num outro idioma que não o meu.

Graças a tecnologia, apesar da distância, mantive contato com minha família e meus amigos, meus maiores e mais preciosos tesouros. E recebi (e recebo) frequentemente a demonstração do carinho dessas pessoas a quem tanto amo. E como amigos são jóias que se somam e acumulam, conheci gente nova e reencontrei gente conhecida em lugares novos e senti novamente a “delícia” do recomeço.

No final do ano, um reforço vindo do reino das fadas: minha mãe, armadura macia de amor e proteção, veio ao meu encontro e me presenteou com seu carinho incondicional, passeios, risadas e “preguicinhas”, diminuindo a distância e amainando as saudades.

Problemas? Claro que existiram (e ainda existem alguns graves a serem solucionados e que me consomem noites e noites de sono), mas quem quer saber deles nesse momento? No início de 2011, tenho a certeza de que, renovadas as esperanças, tudo será resolvido.

E assim, com a clareza de que 2010 me deu tudo de bom que poderia e que eu tive a percepção de aproveitar cada oportunidade recebida, me despeço com carinho e respeito desse gentil ancião e acolho em meus braços, com amor, o recém-nascido que se chamará 2011 e que vem cheio de possibilidades e com um futuro inteiro pela frente; futuro esse que já começou.

Feliz ano novo a todos!


domingo, 26 de dezembro de 2010

Favela Chic

Curiosa como sempre, "fiquei em cólicas" para conhecer o Favela Chic, uma casa noturna em Paris que serve iguarias brasileiras como coxinha de galinha, pão de queijo, caipirinha e cerveja (brasuka, sim, mas de que não farei propaganda aqui, até porque não está entre as cervejas de que gosto).

O lugar não poderia ser mais despojado. 

Cartazes colados nas paredes, cozinha exposta com azulejos verdes e amarelos, bancos cobertos com mantas de retalhos, um São Jorge cercado por bananas e coco, imagens de santos católicos e de entidades de umbanda misturados, enfim, um grande caldeirão brasileiro no centro da capital francesa.

Minha mãe na entrada da Favela Chic
Interessante é que o ambiente não tem nada de "organizado", mas fica absolutamente lotado, com fila na porta e tudo. E a música, que não pára, também obedecia a essa charmosa desordem, com muitas remixagens e muitas misturas de estilos e origens.

Já na saída, quis tirar uma foto perto do espelho com o nome da casa escrito em pecinhas de lego e o segurança da casa, que foi super simpático, literalmente travou a porta da boate para que ninguém atrapalhasse a minha foto. Muito legal!

A quem quiser conhecer, deixo o endereço da Favela Chic na Internet: http://www.favelachic.com/start/

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Instituto do Mundo Árabe

Como estivemos há pouco tempo em Paris, eu e minha mãe, e fizemos os programas turísticos tradicionais, resolvemos inovar um pouco. Comprei um pequeno guia de viagem "Paris en quelques jours" ("Paris em alguns dias"), que recomendo, e fui vendo o que havia de "diferente" para fazermos.

Resolvemos, então, conhecer o Instituto (museu) do Mundo Árabe.

Apesar de estar localizado em um grande edifício (cuja fachada é fascinante), o museu  em si não é muito grande; divide espaço com outras searas de propagação cultural, todas, evidentemente, ligadas a cultura árabe.

A despeito de seu tamanho, contudo, o museu possui em seu acervo peças interessantes, que vão desde a antiguidade até a arte contemporânea, passando pela caligrafia e pelas ciências de matemática, astronomia, química.



Uma obra que estava em exposição e que me impressionou bastante foi a escultura "Chalom", criada pelo artista Georges Jeanclos (nome real: Georges Jeankelowitsch), em 1990. A riqueza dos detalhes me seduziu de tal forma que, de tudo o que vi, essa foi a imagem que mais tive desejo de compartilhar. 

O portal do museu na Internet é http://www.imarabe.org/ e há a possibilidade de visualização da página em inglês (na página principal, lá em baixo, à esquerda tem uma janelinha que permite escolher o idioma).

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sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal! Joyeux Noël!

Hoje é Natal.

Nesta data, normalmente, nos juntamos a nossos familiares e amigos mais queridos, para celebrar o milagre da vida e do amor. Aproveitamos para renovar nossas esperanças na humanidade.

Pegamos as "caixinhas de sentimentos" guardadas nas estantes de nossos corações, as espanamos bem e as abrimos, permitindo que nossas esperanças se renovem.

Que sejam renovadas, pois, as esperanças de que poderemos sempre fazer melhor; de que poderemos  sempre estar mais próximos dos que amamos; de que poderemos sempre ser mais afetuosos, mais verdadeiros, mais entregues.

É claro que não precisamos, em tese, de uma data para essa renovação, pois isso é o resultado de uma vida inteira, dia após dia, de dedicação, mas somos animais ritualistas e é saudável que tenhamos um dia para lembrar do que jamais devemos nos esquecer.

Então, nessa noite de Natal, desejo a todos que, perto ou longe, estejam com os que amam em seus corações e que desfrutem!

Feliz Natal! Joyeux Noël!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A viagem

Eduard Munch - O dia seguinte (1894)

Combinamos, eu e minha mãe, de nos encontrarmos em Paris para passarmos, juntas, o Natal.

Ela partiria do RJ no domingo a tarde. Eu, de Toulouse na segunda de manhã.

Tudo certo, combinado e marcado. 

No domingo, contudo, o vôo da mamãe foi cancelado em razão de forte nevasca no aeroporto de Paris. Cancelado seu vôo, somente lhe seria possível partir para a França na tarde do dia seguinte. 

Em razão do meu voo, marcado para 06h30 de segunda, eu deveria chegar no aeroporto até 05h30, horário em que não há transporte público em Toulouse. Liguei para um amigo e peguei o telefone de uma cia de táxi de confiança dele. Marquei o táxi para 05h00 de segunda.

Como medo de não acordar em tempo, sequer dormi de domingo para segunda, tendo aproveitado para assistir um “filme cult” francês, mas que, ao meu sentir, não tinha nada, absolutamente nada, de “cult”; estava mais para uma versão francesa de “Todo mundo em pânico” do que qualquer outra coisa. O filme, se você quiser experimentar essa tortura, se chama “La cité de la peur” e trata de um filme B de terror a ser lançado em Cannes e que serviria de inspiração a um “serial killer”, que se fantasia como o assassino do filme B... 

Tudo bem. Passei pela tortura direitinho, resignada, sem ter a menor idéia do que me aguardava.

Arrumei meu quarto, joguei o lixo fora, coloquei água nas minhas “mini-plantinhas”, acendi um incenso e parti para esperar o táxi. A lua cheia iluminando a escuridão daquele dia que relutava em nascer.

Tudo certo, o taxista chegou pontualmente e, simpático, fomos conversando todo o caminho e chegamos ao aeroporto em 10 minutos.

Fiz o check-in e me apresentei ao setor de segurança, para passar pelo raio-x, sendo obrigada a tirar casaco, relógio, cinto e bota.

Como o tempo permitia, saí descalça pelo aeroporto até encontrar uns puffs em que me sentei para calçar as botas, pois tal atividade acho que pode ser comparada ao que imagino que seja um “parto de criança cabeçuda”...

Cheguei ao portão de embarque, me sentei e fiquei lendo e ouvindo música aguardando a chamada de meu voo. Se tudo desse certo, as 08h00 estaria desembarcando no Aeroporto Charles De Gaule. Se tudo desse certo... E esse “se” era todo o problema.

O embarque começou as 06h00 e partimos as 06h30, com previsão de voo de 1h30.

Contudo, quando chegávamos próximo de nosso destino, o piloto nos dá as “boas novas”. Os Aeroportos de Paris (Charles de Gaule e  Orly) estavam fechados em razão da nevasca e nós não tínhamos combustível suficiente para sobrevoar Paris aguardando sua reabertura. O jeito seria irmos para outro aeroporto, para reabastecer e aguardar a reabertura dos Aeroportos de Paris.

E lá fomos nós.

Chegamos ao outro aeroporto sem poder desembarcar da aeronave. Aguardamos o abastecimento. Aguardamos a reabertura. Aguardamos... e nada.

O piloto, então, informa que iríamos decolar em direção a Paris, mas no meio do caminho, chama nossa atenção para o fato de que as condições climáticas de Paris continuavam desfavoráveis e que, por fim, retornaríamos a Toulouse.

Chegamos a Toulouse e ficamos presos na aeronave por cerca de 45 minutos, pois não havia nem ônibus nem escadas para nosso desembarque.

Fiquei pensando como somos mal acostumados e como reclamamos dos nossos aeroportos. Fiquei imaginando se tudo isto estivesse acontecendo no Aeroporto Galeão, como seriam as manchetes? Pois é... Dá pra imaginar, não?

Eram 13h00 quando desembarcamos em Toulouse, depois de 5h00 de caos sobrevoando a França.

Fomos, então, recuperar nossas bagagens e tentar obter a troca da passagem.

 Uma fila gigantesca; 2 horas de espera para, ao final, cansada e com fome, ser informada que eu só poderia ser “encaixada” no voo de quarta-feira a noite e se quisesse o reembolso, deveria solicitá-lo pela internet ou por telefone.

Já eram 15h15 quando, sem reembolso e sem passagem, fui comprar uma passagem “sobretaxada” de TGV (trem de grande velocidade) para ir a Paris naquele mesmo dia, pois minha mãe chegaria na terça pela manhã e eu precisava chegar antes dela para lhe auxiliar.

Comprei a passagem do trem com horário mais cedo disponível, o das 17h35, que chegaria a Paris as 23h00 de segunda.

Parei no Paul, uma cafeteria “tradicional” daqui para comer algo. Comprei um sanduíche e uma caixinha com “mini macarons” sortidos, de longe os melhores que já comi até hoje, e, talvez, os responsáveis pelos melhores momentos desse caótico dia.

Caminhei, então, em direção à saída do aeroporto, onde deveria pegar o ônibus para ir do Aeroporto à estação de trens.

Chegando lá, assisti a uma cena das mais insólitas: um rapaz de seus 25 anos “sentava a mão” violentamente no rosto de um senhor de seus 60 anos, fazendo um estrondo enorme e arremessando os óculos do senhor a uma enorme distância. Fiquei ligeiramente em choque com a cena e corri para catar os óculos do senhor e tentar socorrê-lo de alguma forma. Mas o que mais me impressionou foi a sua reação: nenhuma. Ele ficou tão estupefato que não teve qualquer reação.

Como não poderia deixar de ser, o trem, ainda, estava com atraso de 20mn. Mas o que são 20 minutos pra quem está há mais de 12 horas tentando sair da cidade?
A viagem do TGV foi tranquila. Fui intercalando momentos de cochilos encostada na janela do trem com momentos de papo com o rapaz sentado ao meu lado, engenheiro florestal que estudou por 7 anos em Toulouse. 

Cheguei a Paris, peguei um táxi e cheguei ao meu hotel, um simpático pequeno hotel. Deixei minhas coisas no quarto e fui tratar de encontrar algo para comer às 23h50... 

E assim, depois de quase 19 horas de "viagem", chego a Paris...

***

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Os pequenos detalhes de meu natal




As comemorações de Natal sempre me encantaram, a começar pela decoração, cheia de cores e brilhos e com aquele jeito especial de infância.

 Aqui em Toulouse, a despeito do tamanho de meu "studio" (nome "metido a besta" para designar um apErtamento), eu não poderia deixar de colocar enfeitinhos de Natal. É mais um dos meus truques para me sentir em casa...

Mas como tudo é pequenino aqui, a decoração teve que combinar e ficou restrita aos pequenos detalhes, como um Papai Noel pendurado na maçaneta do quarto.
Independente do espaço disponível e do orçamento, o importante é não deixar de fazer o que lhe faz bem, mesmo que precise de fazer umas "adaptações"...






domingo, 19 de dezembro de 2010

Passeio de sábado



Seguindo a dica de um colega, fui a pé até o centro da cidade, acompanhando o Canal du Midi. Uma caminhada interessante de, mais ou menos, 1 hora, em que aproveitei para curtir a paisagem, me divertir com as pessoas que passavam, as famílias que caminhavam às beiras do canal, esportistas correndo, pedalando ou remando e até mesmo um grupo de amigos que ensaiava uma pescaria... Ensaiava, pois não vi nenhum peixe com eles quando passaram por mim algum tempo depois...



Tem uma parte do caminho em que a cena é absolutamennte insólita. Uma avenida passa por debaixo do canal,  que se apresenta suspenso tal qual uma ponte. É muito interessante,. Infelizmennte, contudo, não consegui encontrar um ângulo favorável para fotografar mais essa criação do ser humano... 



De qualquer forma, o passeio é delicioso e bucólico até chegarmos próximo do centro da cidade, quando o barulho dos carros e o cheiro de fumaça toma conta e o melhor a fazer é entrar no clima e "voltar" à realidade  dessa pequena cidade agitada pela proximidade do Natal: ruas lotadas, lojas abertas e pessoas carregadas de sacolas.






E enquanto passeava pelas ruas em direção à lojinha da Tunísia de que gosto, pensando no chá de menta quentinho que tomaria e no doce folheado delicioso que eles servem lá, passei diante de uma loja em cuja vitrine estava escrito "Juju s´amuse a Toulouse!", ou seja, "Juju se diverte em Toulouse!"...

E não é que adivinharam?!

***

Seven Nation Army - Ben L´Oncle Soul

Minha mais recente descoberta, Ben L´Oncle Soul:


Seven Nation Army

Exército das sete nações

I'm going to fight them off
A seven nation army couldn't hold me back
They're gonna rip it off
Taking their time right behind my back
And I'm talking to myself at night
Because I can't forget
Back and forth through my mind
Behind a cigarrette.
Estou tirando eles de cena
Um exército dos 7 continentes não poderia me trazer de volta
Eles estão para fazê-lo na marra
Gastando o seu tempo me perseguindo
E eu estou falando comigo mesmo de noite
Porque eu não posso esquecer
Vai e volta na minha cabeça
Atrás de um cigarro
And the message coming from my eyes
Says me to leave it alone.
E a mensagem vindo aos meus olhos
Diz deixe quieto
Don't want to hear about it
Every single one's got a story to tell
Everyone knows about it
From the Queen of England to the hounds of hell
And if I catch it coming back my way
I'm gonna serve it to you
And that ain't what you want to hear,
But that's what I'll do.
Não quero ouvir a respeito
Cada um tem uma história para contar
Todos sabem a respeito
Da Rainha da Inglaterra até os cães do inferno
E se eu pegá-lo vindo em minha direção
Irei servir a pátria para você
E não é isso que você quer ouvir
Mas será isso que farei
And the feelling coming from my bones
Says me to go back home.

E o sentimento vindo da minha espinha
Diz encontre um lar

sábado, 18 de dezembro de 2010

Fantástico Mundo de Bobby... ou será da Ju?

Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa como o Bobby, do "Fantástico mundo de Bobby"...

Não posso ouvir alguma coisa (em especial, alguma coisa bizarra), sem que, imediatamente, se forme uma imagem na minha cabeça...

Efeitos de quem cresceu, mas mantem a alma de criança...

Pois bem. Estava na lavanderia hoje quando entrou um rapaz. Ele estava indo pegar as roupas dele que já estavam lavadas. Quando ele entrou, a lavanderia foi invadida por um cheiro que, automaticamente, me fez pensar naqueles "traillers" de cachorro-quente da Lapa, no melhor estilo "podrão" de fim de noite. Sabe aquele cachorro-quente com molho, maionese, ketchup, batatinha frita e ovo de codorna? Aquele "podrão" completo? Aquele que corta qualquer porre? Esse era o cheiro do rapaz.... E, na hora, olhei pra ele e vi um cachorro-quente. Não preciso nem dizer que tive que prender o riso, né?

Pra piorar, quando ele abriu a máquina para retirar suas roupas de lá, me imaginei correndo na direção dele e o empurrando pra dentro da máquina, fechando a porta e o vendo "rodar" dentro da máquina, envolto em água e sabão.

O riso, então, ficou ainda mais difícil de conter e tive que sair rapidamente da lavanderia...

É o "Fantástico Mundo de Bobby"... Ou será o "Fantástico Mundo da Ju"?

***

Sonhos de uma pequena tagarela

Fonte: SpaceBlog
Estava curtindo um papo entre uma menininha fofa, de seus 5 anos de idade, e sua mãe.

A pequena, animada, cantava e falava sem parar. De repente, ela informa à mãe que gostaria de ser bailarina, cantora, "chef de cozinha" ou advogada quando crescesse.

Não bastasse ser "tagarelinha" e espontânea, a pequena ainda solta essa pérola! Fiquei me coçando para não entrar no papo e dizer: "Fofa, espero que você goste da novidade, mas eu sou você amanhã!". Fui bailarina; adoro cozinhar e cozinho muito bem (modéstia bem à parte); adoro cantar e sou advogada, profissão com a qual sonhava desde que era pequenina como a graciosa tagarelinha.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Experiência com casacos

Fonte:Blog Cornflakes
O frio aqui está cada vez mais intenso. Ontem nevou e hoje choveu e ventou muito. Mesmo no meu quarto, com a calefação ligada, faz frio.

Depois da prova de hoje, fui dar uma volta no centro comercial e aproveitei para entrar em algumas lojas a busca de um casaco com capuz.

Enquanto eu experimentava um casaco, uma senhora francesa começou a conversar comigo. Ela queria minha opinião sobre casacos. Disse que teve dificuldade de se vestir hoje por causa do frio, intensificado pela chuva e pelo vento.

E o engraçado foi como a conversa começou. Ela se virou pra mim e me pediu minha opinião, como se eu estivesse acostumada com o frio e com a escolha de casacos. De acordo com ela, eu aparentava ter "experiência" com casacos...

Mas, afinal, como é uma pessoa com "experiência com casacos"?

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Ma tasse du thé

Fonte: Blog Bebidinhas
Entre as expressões que tenho aprendido aqui, uma bem comum é "c´est pas ma tasse du thé" que é similar ao nosso bom é velho "não é minha praia"...

Pois é. Nós cariocas, quando não gostamos ou não somos familiarizados com algo, dizemos que "não é nossa praia".

Aqui, com o frio (e com o consumo de bebidas quentes para amenizar a sensação), quando algo não é familiar ou não é agradável, dizemos que "não é nossa caneca de chá".

Interessante, não?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Et voilà...

O trabalho de grupo de planejamento de um novo aeroporto francês especializado em HUB regional europeu me enlouqueceu durante as últimas duas semanas, até porque, além do trabalho escrito, da apresentação em PowerPoint, da apresentação perante um "júri" e os demais alunos, ainda nos obrigava a preparar planilhas e plantas do futuro aeroporto (com direito a pistas e "fingers") de acordo com o tráfego atual, projetando-o para o futuro, até o ano de 2040.

Fonte: Blog "Curioso Legal'
Logo de manhã, fui tomar café com uns amigos e quando eles me perguntaram como estava o trabalho, brinquei: "Tout est presque, rien est prêt" ("tudo está quase, nada está pronto")... caimos na risada, ao que eu arrematei, "mais ça ne vas pas m'emmerder" ("mais isso não vai me irritar")... Aí que rimos mais ainda... E essa frase nos acompanhou o  resto do dia.

Emmerder é um verbo muito muito muito informal, quase uma gíria, que significa "chatear", "irritar", mas que eu acho particularmente engraçado porque, óbvio, quand o ouvi pela primeira vez, "pensei m". E claro que ninguém esperava me ouvir dizer uma giria, e por isso acharam graça, mas tenho um colega aqui que adora me ensinar essas coisas... E besteira é sempre mais fácil de aprender!

Já em sala, hoje pela manhã, cada um do meu grupo agarrado a seu laptop  tratava dar os "últimos toques" no trabalho. Comentei com um colega (que até então eu jurava que não "ia com a minha cara") que eu adoraria um pouquinho de música enquanto terminava a "bendita" tarefa, ao que ele, gentilmente, sorriu e me disse que conectaria seu HD externo... E, alguns instantes depois, eu estava trabalhando ao som de Marvin Gaye, cantor que ele escolheu para "satisfazer meu desejo".

Trabalho terminado, dividimos as partes da apresentação do trabalho e aguardamos nossa vez. Pouco antes de começar, brinquei com dos colegas do grupo que eu "não queria brincar mais, não". Mais uma gentileza inesperada. Ele riu e disse para que eu ficasse calma que eu era a "queridinha" do grupo.
 Blog "Nosso Grãozinho de Bico"

E lá fomos nós.

Ao fim da apresentação, quando saímos da sala para "deliberação do júri", alguns colegas vieram me elogiar e um fez "festinha", me dando um "soquinho" no braço (que quase me custa minha latinha de refrigerante). Outro falou que eu fui uma "agradável surpresa" da apresentação, pois falei muito bem.

Et voilà que o peso do "bendito" trabalho desapareceu, mas o "drama" ainda não acabou, pois amanhã é dia de prova...

***

Dans mon cafe - Vanessa Paradis

Acordei com essa música "tocando" na minha cabeça...



Dans Mon Café
(Didier Golemanas)
 No meu café
Tu Es Le Clown Dans Mon Café
le Ballon Rouge Sur Mon Nez
le Magicien Auditionné
au Plus Grand Cirque Jamais Monté
Você é o palhaço no meu café
a bola vermelha sobre meu nariz
o mágico ensaiado
no maior circo já montado
des Trapezistes S'sont Ramassés
des Lionnes, Des Tigres Dépareillés
tu Es Le Seul Dans Mon Café
l'seul Numéro Qu'j'peux Pas Sucrer
os trapezistas estão presos ao chão
os leões, os tigres misturados
você é o único no meu café
o único número que não posso apagar
mais Qu'as-tu Fait Des Plus Futés
de Ceux Qui Me Faisaient Du Thé
du Lait Dont J'aurais Dû Douter
le Bel Autodafé
le Bel Autodafé
que T'as Fait Là
dans Mon Café
mas o que você fez com os mais espertos
aqueles que me preparavam chá
do leito de que deveria ter desconfiado
a bela fogueira
a bela fogueira
que você fez
no meu café

tu Es Bien Le Diable Embarqué
pas Besoin D'me L'faire Remarquer
la Cuillère a Beau Tourner
t'es Toujours Là Dans Mon Café
você é mesmo o diabo embarcado
não tem necessidade de me fazer perceber
mesmo que eu torça a colher
você está sempre no meu café
même Si J'ai Pas Fini
De Jongler si J'ai Pas Assez
Répété avec Toi C'est Les Yeux
Fermés tous Ces Couteaux Qu'tu vas M'lancer
mesmo se eu não tenha terminado
de jogar as coisas, se eu não repetido o suficiente 
com você, os olhos estão fechados
para todas as facas que você me atirará
qu'as-tu Fait Des Plus Affutées
de Celles Que T'as Jamais Plantées
des Feux De Bengale De Chak'côté
le Bel Autodafé
le Bel Autodafé
que T'as Fait Là
dans Mon Café
o que você fez dos mais espertos
daqueles que nunca lhe enganaram
os bastões iluminados de cada lado
a bela fogueira
a bela fogueira
que você fez
no meu café
 
le Bel Autodafé
le Bel Autodafé
que T'as Fait Là
dans Mon Café
a bela fogueira
a bela fogueira
que você fez
no meu café

Gentileza

Certamente, você já ouviu aquela "máxima" de que "gentileza gera gentileza". Eu acredito que os nossos atos, por mais insignificantes que pareçam, influenciam o mundo ao nosso redor e vez ou outra eu colho os frutos dessa minha "teoria da paz"...

Hoje, na hora do almoço, resolvi ir ao centro comercial mais próximo ao campus para colocar um documento no correio. Só que o "centro comercial mais próximo", não fica perto e é preciso pegar um ônibus para chegar lá.

Fazia um frio daqueles (3 graus negativos) e lá fui eu, toda encasacada, para o ponto de ônibus. Mas, por mais que você coloque casaco, a sensação que dá é que suas roupas estão molhadas e, pior, virando gelo sobre sua pele.

Fonte: Site Mãe com Filhos
Então, eu estava lá, parada no ponto de ônibus, sozinha, fazendo treinamento pra picolé, quando uma senhora me chamou. Ela havia parado o carro mais a frente. Veio caminhando em minha direção e me perguntou se eu estava indo ao Labège (nome do centro comercial). Disse que sim e ela se ofereceu para me levar, pois estava muito frio para eu ficar ali no ponto de ônibus.

E assim, entrei no carro de uma completa estranha e fomos conversando, quentinhas no conforto do carro dela, até o centro comercial. Ela me deixou na porta do Labège, agradeci a gentileza e ela seguiu seu caminho.

O que posso dizer? Adorei esse "presente"!

***

Corda esticada

As últimas 4 semanas do curso foram coordenadas pelo mesmo professor, a quem falta didática e noção de planejamento. As matérias são super importantes, mas tudo é dado de forma rápida, jogada, corrida.

Uma semana, ainda vai. Mas ao final de 4 semanas nesse ritmo, sem dormir direito, fazendo trabalhos de grupo e provas e tendo aula até mais tarde, percebi que estou uma corda esticada, faltando pouco para arrebentar.

A única coisa que me tranquiliza é que meus colegas estão tão fatigados quanto eu. As carinhas estão de dar pena. Acho que nunca desejamos tanto que o natal chegasse... Quem sabe, com sorte, Papai Noel nos trará cremes anti-olheiras e remédio para dor de cabeça...

***

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Be my baby - Vanessa Paradis

Mais uma da Vanessa Paradis... Chama-se "Be my baby", que não tem como ficar bem em português... De qualquer forma, coloquei a tradução da letra...


Be My Baby

Seja meu amorzinho (Tradução)

I saw you walk down the street
With some other girl
Always thought that I was the only one in your world
Baby can you tell me so
Out of sight out of mind ain't what love ought to be
And I hoped all the time that you'd be faithful to me
You´d be faithful to me
Eu vi você andando na rua
Com uma outra garota
Sempre pensei que eu era a única no seu mundo
Amor, você pode me dizer isso?
Fora de alcance, fora da mente, não é o que o amor deveria ser
E eu esperei o tempo todo que você fosse fiel a mim
Você fosse fiel a mim
All I'm asking you for when you walk out the door
Is to be my baby, baby
I just want to be sure
That forever and more
You would be my baby
Tudo que estou lhe pedindo é para que quando você sair
É que seja o meu amorzinho, amorzinho
Eu só quero ter a certeza
Que para sempre e mais
Você será meu amorzinho
Love is just like a flower baby it has to grow
And when you are away I'm even loving you more
I just have to let you know
One on one is the way and that's the way it should be
So if you're not gonna stay
Then don't be playing with me
You can set me free
O amor é como uma flor, querido, tem que crescer
E quando você está longe, eu estou lhe amando ainda mais
Eu só preciso que você saiba
Um para um é a forma e é como deveria ser
Assim se você não vai ficar
Então não fique brincando comigo
Você pode me libertar
All I'm asking you for when you walk out the door
Is to be my baby, baby
'Cause all this love is for you
And you know that I'm true
And I'll be your baby
Tudo que estou lhe pedindo é para que quando você sair
É que seja o meu amorzinho, amorzinho
Porque todo esse amor é para você
E você sabe que sou sincera
E eu serei seu amorzinho
All I'm asking you for when you walk out the door
Is to be my baby, baby
'Cause you knew from the start
That you were working my heart
Won't you be my baby
Tudo que estou lhe pedindo é para que quando você sair
É que seja o meu amorzinho, amorzinho
Porque você soube desde o início
Que você fazia meu coração bater
Você não será meu amorzinho?
I remember our walk the other Saturday night
Sweet harmonies filled and floated through our minds
Never felt this way before
We were riding so high on love and understanding
So why go wasting your time when you have got such a find
That is everlasting
Eu me lembro nosso passeio num sábado a noite
Doces harmonias preenchiam e flutuavam em nossas mentes
Nunca me senti deste jeito antes
Estávamos voando alto em amor e compreensão
Então por que desperdiçar seu tempo quando você tem essa descoberta
Isto é eterno
All I'm asking you for when you walk out the door
Is to be my baby, baby
I just want to be sure
That forever and more
You would be my baby
Tudo que estou lhe pedindo é para que quando você sair
É que seja o meu amorzinho, amorzinho
Eu só quero ter certeza
Que para sempre e mais
Você será meu amorzinho
All I'm asking you for when you walk out the door
Is to be my baby, baby
'Cause all this love is for you and you know
That I'm true
And I'll be your baby
And I want you to love me baby.
Tudo que eu estou lhe pedindo quando sair
É que seja meu amorzinho, amorzinho
Porque todo esse amor é pra você e você sabe
Que sou sincera
E serei seu amorzinho
E quero que você me ame, amorzinho

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Marché Noel

Meu final de semana não teve nada de final de semana. Parecia a continuação da semana que não tinha acabado, pois em razão de um projeto super complicado que terei que apresentar na quinta-feira, e de um PPS que devo preparar para a apresentação, além do trabalho escrito a ser entregue, passei o final de semana debruçada sobre plantas de aeroportos e suas pistas e terminais de passageiros e os muitos estudos que acompanham esse tipo de obra.

Mas no sábado a tarde, dei uma olhada pela janela. Fiquei encantada com o sol que fazia lá fora e resolvi sair um pouco para respirar, "aerar as idéias", relaxar a cabeça e, novamente, recomeçar.

Fui, então, ao Capitólio, que acho que é um dos meus lugares preferidos aqui em Toulouse, apesar de não ser nem o lugar mais bonito.

Na praça do Capitólio estão montadas várias barraquinhas do Marché Noel (mercado de natal), todas decoradas. Super organizado e muito gracioso, apesar de lotado. Mal dava para andar direito, mas, para variar um pouco, me diverti assim mesmo e fiquei passeando por lá, saboreando o banquete de formas, cores, sons e imagens (também foi só o que deu pra saborear, pois, por causa do frio, tomei um vinho quente que bateu mal e embrulhou meu estômago).


Ao longo da praça, grupos de músicos e artistas de teatro se apresentavam. Curti a música e até me emocionei com uma apresentação de uma peça de teatro de marionetes feitas com lascas de madeira; uma peça triste sobre miséria, fome e solidariedade, em que nenhuma palavra se fazia necessária.


Nas ruas próximas do mercado, outras apresentações se desenrolavam, como a de um malabar fantástico. Fiquei como criança!


Voltei para casa no final da tarde, quando a noite começava a tombar sobre Toulouse. O frio estava terrível, mas me sentia mais leve. Pronta pra recomeçar.

***

Fernando Pessoa

Amei essa citação. Deixo aqui para não esquecer:


"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
Fernando Pessoa

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sonetos de Vinícius de Morais - o Amor Total, a Fidelidade e a Separação

Fonte: Blog Santa Maria...
Já tive oportunidade, aqui neste blog*, de recomedar o documentário sobre Vinícius de Morais, de que gostei tanto que comprei um exemplar para minha coleção particular de filmes (coleção esta que está sempre em constante crescimento).

Logo na entrada do meu quarto, em meu cantinho no meu país, tenho uma placa metálica que me foi presenteada por uma amiga mais do que querida,  em que está gravado o "Soneto da Fidelidade", que eu particularmente adoro.

Matando um pouco das saudades, parei pra ler o soneto uma vez mais e dessa leitura surgiu um link interessante com os sontetos do amor total e da separação. Os dois parecem complementar o soneto da fidelidade, um, antecendendo-o, outro, o arrematando; os três juntos mostrando o fluxo constante que move o mundo, as emoções, os amores, as relações.

Tenho consciência que sou viciada; viciada em me sentir viva, em amar, em acreditar, em tentar, em não me acomodar. Estava adormecida, mas desisti desse estado letárgico em que me encontrava... Agora me decidi. Se eu tiver que chorar, que seja de emoção. Se eu tiver que me cansar, que seja de tanto amar. E se eu tiver que sofrer, que sofra por tanto gostar. E se algum dia me machucar novamente, o que acredito que sempre poderá acontecer, dou uma pausa, respiro, me cicatrizo, e me jogo novamente. Por que de que vale estar vivo sem viver?

E, assim, calo-me diante das palavras do "poetinha"... Depois de tanto dizer, o mais nos resta? Meu coração está aí... 

Fonte: Tem mais samba


Soneto do Amor Total

"Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."


Soneto da Fidelidade
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
 
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
 
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
"


Soneto da Separação
"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
 
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
 
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
 
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."


Mas, como, felizmente, a vida é cíclica, uma separação é o passo necessário para que algo de novo possa surgir. É uma forma de preparação do terreno de nosso coração para um novo cultivo e uma nova colheita. Podemos sofrer, isso faz parte. Muito provavelmente, sofreremos. E há vezes em que queremos ficar presos àquele campo, ao conforto do conhecido.  Há sempre tantas coisas envolvidas que nos esquecemos do prazer de estar vivo. E, assim, deixamos de viver. Nos conformamos e sobrevivemos, mas não vivemos...Eu não quero esse marasmo. A felicidade é muito importante para ser negligenciada. Quero as emoções verdadeiras, aquelas que nos cortam o fôlego e as palavras.

 Mais uma vez, o poeta fala por mim... Das suas palavras, faço as minhas...


"Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho

E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara

Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz

E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina

Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
"

 
Fonte: Som do Vialejo



*Ju en France - Vai, vai, vai... viver!

Divagando sobre o ser humano

Fonte: http://www.ritaalonso.com.br/?p=15791
Uma pessoa muito querida, "tio de coração" (e não é "tio sukita", viu?), me presenteou com a seguinte frase: "o ser humano é muito mais forte do que pensa e muito mais frágil do que gosta de demosntrar".

Fantástico!

Simples, direto e certeiro. Anotei na mesma hora e coloquei no meu quadro branco próximo a minha mesa de estudos aqui em Toulouse, pra que eu me lembre sempre.

Eu sou, sim, muito mais forte do que penso, e acabo por descobrir isso a cada desafio vencido. E sou, igualmente, bem mais frágil do que costumo demonstrar.

Não fui educada para ter (ou demonstrar) fraqueza e, muitas das vezes, as "fraquezas" alheias me enervam. Mas fraqueza e fragilidade são coisas distintas; o difícil é lembrar dessa sutil diferença...

Conversava com um amigo sobre a necessidade que tenho de me sentir protegida, ao que ele me respondeu dizendo que eu não "precisava" de ninguém para me proteger. Mas quem falou em precisar? Eu gosto da sensação, gosto de me sentir protegida, independente de precisar ou não.

E querer se sentir protegida é admitir-se frágil, reconhecer sua própria fragilidade; mas isso, isso não é fraqueza.

Fonte: http://jaquesiqueira.wordpress.com/
E diante desse papo, percebi que eu não tenho medo de mostrar minhas fragilidades e de pedir proteção e colo e carinho quando quero e preciso. E que sou, sim, muito mais frágil do que (normalmente) poderia querer demonstrar a qualquer um, mas que, àqueles em que confio (e pelos quais me sinto protegida), demonstro sim, sem medos ou falsos pudores. Demonstro, e choro, e ligo para "Deus e o mundo", e peço aquilou de que estou precisando: uma palavra, um gesto, um ombro, ou tudo isso junto.

Estou em constante busca de mim mesma e essa é a certeza de que estou verdadeiramente viva.

E sou uma pessoa movida pelo coração. Ele manda em mim mais do que eu nele. Fazer o que? Sempre tivemos essa relação, eu e ele. E nunca me arrependi de assim o fazer,  meu coração sempre me levou aos caminhos certos, às pessoas certas, ainda que isso tenha lhe custado uma cicatriz aqui e outra ali. Isso também faz parte da experiência de estar viva.

Sou, sim, uma pessoa em constante construção (e "desconstrução"). E essa é a beleza de não se ter tantas respostas e muitas perguntas.

E adoro conhecer meus pontos fortes e aprender com meus pontos fracos, e descobrir que os pontos fortes podem ser fraquezas e os pontos fracos, verdadeiras fortalezas.

Não precisamos ter todas as respostas do mundo (nem devemos), mas precisamos, sim, fazer todas as perguntas...

Festa Surpresa da Aurélie

Ontem foi aniversário da Aurélie, colega do curso de mestrado. Ela é de Paris e, portanto, está aqui "longe" dos seus amigos e familiares (não tão longe quanto eu, mas está longe...). Laurine, outra aluna do mestrado, e que mora aqui em Toulouse, decidiu, então, organizar uma festa surpresa para Aurélie, idéia a que aderi instantaneamente. Nos cotizamos para a compra do presente e Laurine se encarregou de escolher o lugar em que iríamos fazer a comemoração. Num primeiro momento, a idéia era irmos a uma pizzaria, o que ficaria dentro dos "orçamentos" individuais de todos nós, estudantes...

No fim, contudo, houve uma deliciosa mudança... A Laurine conseguiu uma reserva na boite mais badalada daqui, super VIP, de entrada restritíssima, e onde dois colegas do grupo já tinham sido "impedidos" de entrar.

Pois é... Fiquei chocada de saber, mas aqui na França, os seguranças decidem quem pode e quem não pode entrar em determinados lugares "mais seletos"... É quase um estudo de fisionomia... E o preconceito impera: negros e árabes são barrados com mais facilidade... Se a roupa não é "chique" o suficiente: barrado. Se o sapato não é "o último grito da moda": barrado.

Diante dessa "novidade" absurda, perguntei se isso não violava a legislação nacional; se não havia previsão contra esse tipo de discriminação, e, surpresa, descobri que há, mas que as coisas funcionam assim... e os "censores", os seguranças "fisionomistas", jamais lhe dirão o verdadeiro porquê de terem impedido a entrada de determinada pessoa, evadindo-se por meio da frágil alegação de que a casa estava lotada, por exemplo.

Meu amigo que me explicava tudo isso é francês, de Paris, mas tem ascendência muçulmana (evidente  em suas feições). Enquanto me contava isso, me convidou a olhar em volta, passar os olhos por todas as mesas do local (pois de onde estávamos, podíamos ver todas as mesas), e procurar uma única pessoa que fosse afrodescentente, ou de origem mulçulmana (sem contar com ele)... E a constatação: não havia um único ser humano além dele que tivesse tais características étnicas de forma aparente... Revoltante constatar que isso é uma realidade aqui na França!
Alunos das turmas de MA e MTA
Enfim, surpresa ruim a parte, o lugar era até interessante.

Sentamos em frente a cabine do DJ, que "mandava bem", apesar da "apatia" geral do público.

Todos ouviam as músicas, conversavam, bebiam, comiam seus pequenos "tapas", fumavam seus cigarros, charutos e afins... mas ninguém, absolutamente ninguém, dançava.

Depois, enquanto conversava com a aniversariante, que acabara de completar 23 anos de idade, ela me perguntou minha idade, pois, segundo ela, era muito difícil de advinhá-la, uma vez que com a vida profissional que eu já tenho "nas costas", eu não poderia ter a idade média das pessoas naquele grupo (22 a 24 anos), mas a feição era de uma pessoa de seus 26 anos... Ego "massageadíssimo," revelei: tenho 31 anos de idade e... adooooorooooo! rs
Aurélie (a aniversariante), Ju (euzinha), Kamal e Antony

***

Divine Idylle - Vanessa Paradis

Minha mais recente descoberta aqui na França é a cantora Vanessa Paradis, uma francesa, de 37 anos de idade, casada com Johnny Depp, e que canta deliciosamente, acompanhada por músicos fantásticos! Vi um DVD com o show "Une nuit a Versailles" e me apaixonei!

Gostei muito de várias músicas interpretadas por ela nesse DVD, mas a música "Divine Idylle" é perfeita. Ritmo delicioso, harmonia perfeitinha e uma letra linda. Amei!  



Espero que gostem; se não tanto quanto eu gostei, pelo menos um pouquinho.



Divine Idylle

Idílio Divino

Dans l'espoir docile
Tes ailes fragiles
Je te devine
Divine idylle
L'amour qui sommeille
Dans un souffle irréel
Na dócil esperança
Tuas asas delicadas
Eu adivinho tua presença
Idílio divino
O amor que cochila
Num estremecimento irreal
Ma folie, mon envie, ma lubie, mon idylle
Minha loucura, meu desejo, meu capricho, meu idílio
Je te vole une plume
Pour écrire une rime
Au clair de la lune
Mon amie l'idylle
Mon âme idéale
À la larme fatale
Te roubo uma pluma
Para escrever uma rima
À luz do luar
Meu amigo idílio
Minha alma ideal
À lágrima fatal
Ma folie, mon envie, ma lubie, mon idylle
Divine idylle
Minha loucura, meu desejo, meu capricho, meu idílio
Idílio divino
Sur mes vagues à l'âme
Elle a hissé la voile
J'ai le mal des chimères
Le coeur en flammes
Des étincelles
Il faut qu'elle freine
Si je ferme les yeux, elle m'appelle
Em minhas ondas de melancolia
Ele iça as velas
Estou mareada
Coração em chamas
Fagulhas
Ele precisa diminuir a velocidade
Se eu fechar os meus olhos, Ele chama por mim
Ma folie, mon envie, ma lubie, mon idylle
Minha loucura, meu desejo, meu capricho, meu idílio
Divine idylle
Mon amie l'idylle
Je réve idylle
Divine idylle
Mon âme idéale
Mon idylle
Idílio divino
Meu amigo, o idílio
Eu sonho o idílio
Idílio divino
Minha alma ideal
Meu idílio
***