"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Music Hall

Em razão de meu aniversário, fui paparicada por um amigo que fez uma reserva num restaurante gastronômico francês cuja cozinha está classificada entre as melhores de Paris.

O restaurante, localizado no Champs Elysées, é muito charmoso, sem nenhuma luz direta, alguns jogos de espelhos, um piano no centro do salão e muitos pequenos spots que trocam de cor constantemente, fazendo, segundo anunciado no site do restaurante, uma combinação de 16 milhões de cores. Apesar do piano no centro do salão, não houve música ao vivo no sábado de meu aniversário; a seleção musical, a seu turno, não deixou a desejar.

O "Music Hall" é o um "restaurante tendência" que oferece a alta gastronomia francesa, na sua melhor forma.

Um banquete aos olhos, uma viagem gustativa. Deleitamos-nos com nossos pratos, sendo que o meu era, sem dúvida, o mais delicioso: bacalhau negro caramelizado com molho teriaki, acompanhado de arroz negro  perfumado e chicória azul. Absolutamente maravilhoso!

E na hora da sobremesa a gula falou mais alto e pedimos o "L'Avalanche", sim, o nome era esse mesmo. Uma travessa com cinco diferentes sobremesas do restaurante, lindamente decoradas. Detalhe: toda a decoração comestível, com direito a palitinhos de caramelo com sabor de coca-cola. Uma loucura!

Para quem quiser experimentar, o Music Hall Paris está localizado no 63 Avenue Franklin D. Roosevelt - Paris - 8ème. E as reservas podem ser feitas pelo telefone 01.45.61.03.63




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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Defenestração


Notícia no jornal francês de hoje: uma criança de 10 anos de idade defenestrada com pés e mãos atados.


De cara me lembrei do caso de Isabella Nardone. Nesse caso, porém, a criança sobrevive. Está em coma, em estado grave, mas ainda há esperança. Felizmente.

Fonte: Ensaios
Durante o almoço, do qual não participei, por estar "internada" na minha sala, enterrada sob pilhas de papéis, livros, textos e do prazo fatal para a entrega da tese, meus colegas discutiam o assunto quando os espanhóis começaram a "encarnar" os franceses pela existência de um verbo específico para dizer "jogar pela janela". Em francês, tal ato é descrito pelo verbo défenestrer, mas em espanhol, não há um verbo sequer equivalente.


Na volta do almoço, uma amiga me conta o ocorrido e me pergunta se em português há um verbo que signifique jogar pela janela. E, surpresa com minha resposta, disse: você tinha que ter almoçado conosco! Sim, porque, em português, por influência do francês, é bem verdade, nós temos o verbo defenestrar. Admito que esta é uma daquelas palavras empoeiradas que fazem alguns de meus amigos dizer que eu, às vezes, falo como uma pessoa idosa, mas o fato é que o verbo existe.


E, nesse mesmo sentido, encontrei um texto de Luís Fernando Veríssimo que achei interessante  compartilhar por  brincar  com as minhas queridas palavras emboloradas.


"DEFENESTRAÇÃO


Certas palavras tem o significado errado.
Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A falácia Amazônica . A misteriosa falácia Negra.
Hermeneutas deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.
-Os hermeneutas estão chegando!
-Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada...
Os hemeneutas ocupariam a cidade e paralizariam todas as atividades produtivas com seus enígmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisa recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.
-Alô...
- O que é que você quer dizer com isso?...
Traquinagem devia ser uma peça mecânica.
- Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.
Plúmbeo devia ser o barulho que o corpo faz ao cair na água
Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração.
A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um som lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres:
-Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas...Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria assim defenestradores profissionais.
Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? "Nestes termos, pede defenestração..." Era uma palavra cheia de implicações. Devo tê-la usado uma ou outra vez, como em:
-Aquele é um defenestrado.Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada era a palavra exata.

Um dia finalmente procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. "Defenestração" vem do francês defenestration. Substantivo feminino, ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação. Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal,não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então, defenestração?

Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo.
-Les defenestrations. Devem ser proibidas.
-Sim, monsieur le ministre.
-São um escândalo nacional. Ainda mais agora, com os novos prédios.
-Sim, monsieur le ministre.
-Com prédios de três, quatro andares, ainda era admissível. Até divertido. Mas daí para cima vira crime. Todas as janelas do quarto andar para cima devem ter um cartaz: interdit de defenestrer. Os transgressores serão multados.. Os reincidentes serão presos.

Na Bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com notórios defenestreurs. E a compulsão, mesmo suprimida, talvez persista no homem, como persiste na sua linguagem. O mundo pode estar cheio de defenestradores latentes."
(Luís Fernando Veríssimo. O Analista de Bagé. 6ª ed. Porto Alegre.L&PM ed. 1981. p. 29-31)

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Esse cara é bom!

Notícia veiculada no jornal O Globo de hoje informa que um acusado, respondendo a processo criminal pela prática de um furto, teria, após ter participado de audiência, sido surpreendido na posse de aparelho celular de propriedade da Defensora Pública incumbida de sua defesa.
Sim, o acusado respondia por um furto, e, esperto, furtou o celular da profissional responsável por sua defesa durante uma audiência e foi flagrado na posse da res furtiva.
Parece comédia, mas não é. Assim não há « presunção de inocência » que aguente !
Mas diante desses novos fatos, será que daria para alegar que o acusado sofre de algum distúrbio psicológico grave que lhe reduz a capacidade de discernimento ? Sim, porque só sendo louco…
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Barbaridades jornalísticas

Tenho profundo respeito pela profissão de jornalismo , respeito ainda maior do que o que, acredito, tenham alguns jornalistas… Lendo as notícias há algum tempo, me deparei com a manchete : « Estudo : brasileiro fuma menos, mas come mal e é sedentário. »
A manchete, em si, ja está « ruinzinha », mas deixamos passar, certo ?
Pois bem…
A matéria começa com  « A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel Brasil 2010) indica que o brasileiro está fumando menos, mas permanece sedentário e tem alimentação pouco saudável.” Assim mesmo, sem pontuação adequada, sem respeito à qualquer sequência lógica de produção de texto.
O texto segue sem cadência, num desfile de informações desconexas, que me fazem lembrar aqueles cadernos de “resumos” de faculdade, que tenho certeza que todos já, ao menos, folhearam uma vez na vida . Mas o pior ainda estava por vir...
Num momento de clara (eu disse clara?!) coclusão, o jornalista arremata: “A Vigitel Brasil 2010 revela também que 14,2% dos adultos no País são sedentários e, portanto, não praticam nenhum tipo de atividade física durante o tempo livre, durante o deslocamento para o trabalho ou durante atividades como a limpeza da casa. Apenas 14,9% dos entrevistados declararam ser ativos em tempo livre.”
Pára!!! “são sedentários e, portanto, não praticam nenhum tipo de atividade física durante o tempo livre”(?!) “E portanto”???  Portanto introduz uma consequência, uma conclusão lógica; é um sinônimo de “por isso”, “por conseguinte”.  O que ele queria dizer (ou assim espero) é que x porcento da população é sedentária, ou seja, não pratica atividade física regularmente.
E ainda pode piorar!
Os sedentários, segundo o jornalista, não praticam nenhum tipo de atividade física “durante o tempo livre, durante o deslocamento para o trabalho ou durante atividades como a limpeza da casa”! Ai, meu Deus! Imagina a cena: voce esta indo para o trabalho, olha pro lado e encontra um ônibus estilo “flinstones”, com os passageiros pedalando dentro do coletivo. Ou, melhor, uma dona de casa, fazendo a faxina, com enormes caneleiras presas às pernas e, entre uma varridinha e outra, ela faz uma sequencia de glúteos. Sim, porque de acordo com o gênio que escreveu a matéria, esse seria um tempo ocioso em que poderíamos praticar atividades físicas. Francamente.
Ah! E pra fechar com chave de ouro, vem a “conclusão”: “Os dados indicam ainda que 30,2% dos homens e 26,5% das mulheres assistem a televisão mais de três vezes ao dia”. E isso significa o que, hein? Tem ligação com a matéria?
Quem quiser conferir essa maravilha jornalística de altíssima qualidade, pode acessar http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5083219-EI306,00-Estudo+brasileiro+fuma+menos+mas+come+mal+e+e+sedentario.html

Essa é mais uma daquelas situações em que precisamos rir pra não chorar, mas confesso que tenho tido medo até de achar graça.

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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Patrícia Acioli

A execução sumária da juíza Patrícia Acioli, ocorrida há uma semana, veio como um tiro, 21 para ser exato, ao Estado Democrático de Direito. Não, não foi a primeira queda. Foi o descortinamento do que, há muito, se sabe existir, mas que nos esforçamos para não ver : o poder paralelo do crime e a pungência desse quarto poder, que, ao arrepio das regras sociais vigentes criadas pelo Poder Legislativo, se substitui ao Poder Judiciário, julgando, condenando e executando o aplicador da lei, por descontentamento não com a prática do ilícito, mas com a sua punição.
Mais chocante ainda é ver que, no dia seguinte ao bárbaro crime, um deputado estadual, publica em seu twitter uma mensagem em que diz que a juíza executada teria, ao longo de sua carreira, conquistado muitos inimigos por sua postura pessoal, pois, segundo afirma, humilharia os réus durante os interrogatórios.
O comentário do deputado, considerado por muitos como uma tentativa de chamar atenção para si e manter-se em destaque, no melhor estilo « falem mal, mas falem de mim », foi, no mínimo inadequado.
Em seu perfil em sua página pessoal, o deputado se qualifica como alguém que não se curva diante da « ditadura do politicamente correto » e « mantém posições firmes em favor da redução da maioridade penal e da defesa da pena de morte na punição de crimes hediondos »; assim como se opõe ao « desarmamento do cidadão de bem » (trechos extraídos de seu portal na Internet).
Na minha curta experiência penal, atuei como estagiária da Defensoria Pública na Capital do Estado do Rio de Janeiro, não conheci a D. Magistrada, nunca tive acesso a autos de processo em que ela tenha atuado, e não conheço seu modo de agir em audiência. Seria leviano dizer se procede ou não a alegação de que ela empregaria tratamento humilhante ao dirigir-se aos réus.
Mas o que sei é que, caso efetivamente houvesse fundamento em tal alegação, isso constaria de autos dos processos (em sua grande maioria públicos) ou teriam sido objeto de reclamação (ou reclamações) à Corregedoria, o que ensejaria a instauração de procedimento administrativo contra a magistrada, o que, até o presente momento, não foi ventilado.
Parece-me mais razoável que tal afirmação não possua amparo fático. Mas, admitamos a hipótese de que a magistrada não fosse « simpática » em audiência, até porque, felizmente, « simpatia » não é critério para a aprovação em concurso público, o que mudaria ? Sentença condenatória dada « com simpatia » continua a ser sentença condenatória. Pior : a tal « simpatia » pode até ser confundida com escárnio.
O condenado (com ou sem « simpatia ») vai ressentir-se, pois, por mais que não seja « culpa » do juiz o fato de o condenado ter de cumprir pena, senão de si mesmo que se conduziu de forma contrária às leis, ele não entende que mereça ser punido. E a « personificação » de seu algoz é o juiz que assina a sentença condenatória. E é contra ele, contra o juiz, que tal criminoso direcionará sua raiva.
E assim, o crime mostra seu poder : julga, condena e executa uma pessoa que estava apenas cumprindo seu dever ao aplicar as leis e zelar pela manutenção da ordem social.
Uma juíza. Uma profissional do Direito. Uma mãe de família. Uma mulher. Um ser humano como eu e você, com sonhos, esperanças, frustrações, crenças, descrenças, lembranças e família. Um ser humano que teve sua existência abreviada de forma brutal. Uma mãe que foi roubada do convívio de seus filhos por uma rajada de tiros de armas de uso especial.
Com o brutal assassinato da Dra. Patrícia Acioli, enfraquece um pouco mais o Estado Democrático de Direito, esse mesmo Estado Democrático de Direito que assegura ao deputado o direito de manifestar livremente sua infeliz opinião, por mais absurda que ela possa ser.
Com o brutal assassinato de Patrícia Acioli, cresce a sensação de que precisamos, sim, de mais e mais cidadãos combativos, que façam os seus trabalhos com afinco e honestidade, na construção de uma sociedade em que a criminalidade não exerça tamanho poder.
Deixo meus sentimentos à família da vítima e tenho certeza de que não há em nenhum dicionário palavras suficientes para reconfortá-los nesse momento.

Em tempo, esclareço que deixo de citar o nome do deputado estadual, pois não quero contribuir com sua promoção pessoal (se esse foi o intuito de seu infeliz comentário). No entanto, deixo o link de seu portal na internet para que, caso queiram, acessem e formem livremente suas opiniões.

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Charlotte Perriand

Fonte: Histoire d'art
Por indicação de uma amiga arquiteta, fui conhecer a exposição "CHARLOTTE PERRIAND - DE LA PHOTOGRAPHIE AU DESIGN" no PETIT PALAIS, em Paris, e adorei!

Charlotte Perriand, cujo nome desconhecia, foi uma arquiteta e designer francesa, nascida em 1903 (e falecida em 1999), que, com uma visão muito vanguardista, reformulou o design de interiores, criando o conceito dos móveis que encontramos hoje nas lojas e nas nossas casas. Eu mesma, sem saber que se tratava de um mobiliário inspirado numa criação de Charlotte Perriand, já fiquei "namorando" uma "chaise longue" que vi numa dessas grandes lojas de móveis do eixo Rio-São Paulo.

A exposição é muito interessante, com os móveis reais criados pela Charlotte Perriand, além de peças de seu acervo pessoal e as fotografias tiradas por ela que são simplesmente maravilhosas! 

Chaise Longue de posição variável. Fonte: Alain Truong


No fim da exposição, algumas de suas criações podem ser experimentadas, como, por exemplo, a "chaise longue" objeto de meu desejo (que, aliás, pede um livro, um chá e mais nada...) e uma poltrona deliciosa, que dá vontade de não levantar mais.

Fonte: Saw it first




Fonte: Frisou Frisou









Ponto alto da exposição: o visitante pode experimentar alguns dos móveis criados pela arquieta e designer.

Pontos baixos da exposição: o visitante não pode fotografar a exposição e os livros a venda no final da exposição são caríssimos!

A exposição continua no PETIT PALAIS até 18 de setembro e recomendo!

Para quem quiser saber um pouco mais: Petit Palais Paris - Expositions - Charlotte Perriand

O Petit Palais está localizado próximo à saída Champs-Élysées - Clemenceau do metrô (linha 1).

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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Partir...

Minha vida aqui anda corrida. Até por isso (e pelo fato de meu computador ter me abandonado por quase 15 dias), tenho postado muito pouco.

A tese ainda não está terminada ; tenho muito a escrever. E cada vez mais, acho que preciso pesquisar mais, ler mais, encontrar respostas. E isso é frustrante, pois sei também que preciso parar de pesquisar e começar a produzir.

A data da defesa da tese já está marcada. Meu retorno ao Brasil, também.

No início dessa « aventura », contava os dias desde minha chegada. Agora, começo a contar os dias de minha partida. E começo a viver a sensação contraditória de querer voltar para a minha casa, meu cantinho, minha família, meus amigos ; e , ao mesmo tempo, de querer ficar, de continuar perto dos amigos que fiz por aqui, de continuar a aprender.

Aproxima-se o dia de mais uma mudança. E eu começo a sentir a angústia dessa aproximação.

Partir foi difícil ; deixar meu país ; ficar longe das pessoas que amo ; me acostumar com essa distância ; começar ; conhecer novas pessoas ; me acostumar com as diferenças ; recomeçar a estudar; me mudar ; me adaptar ; voltar a ser estagiária depois de tantos anos ; e partir ; deixar as pessoas que conheci aqui ; abandonar minha rotina ; mudar ; voltar.

Partir foi difícil e partir será difícil.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Carajás - um restaurante brasileiro em Montmartre

Encontrei meio por acaso, enquanto procurava uma loja de malabares, um pequeno restaurante brasileiro em Montmartre. O local é pequeno, tem umas cinco mesas internas e umas três mesas externas, aconchegante. A decoração é exótica, cheia de referências à cultura brasileira e aos nossos Estados, mas isso encanta aos franceses e, aos brasileiros, creio que serve pra matar as saudades da nossa terra.
Gostei também do atendimento, informal e intimista, tipicamente « brasuka ». A dona do restaurante é quem nos atende e serve. Uma simpatia.
Fui acompanhada de três franceses. Eles beberam caipirinha, eu fiquei no guaraná.
Como entrada, coxinha de galinha para eles, caldinho de feijão para mim. Fiquei um pouco decepcionada com o caldinho de feijão, pois esperava aquele caldinho de feijão de boteco, grossinho, com torresminho e cheiro verde, bem carioca. O caldinho até estava gostoso, mas eu esperava outra coisa. As expectativas… Elas sempre atrapalham !
Prato principal : como os pratos aqui são (quase sempre) individuais, cada um pediu um diferente e todos provaram um pouquinho do prato alheio. Feijoada, bacalhoada, xixin de galinha e vaca atolada : todos, sem exceção, maravilhosos !
Para quem quer « matar as saudades » da comida « de casa » : recomendadíssimo. Mas, como disse antes, o local é pequeno. Se quiser não correr risco, ligue e reserve uma mesa.
Pontos altos : localização, atendimento e comida .
Ponto fraco : apesar de ter a máquina de cartão, a mesma não estava funcionando e o pagamento tinha de se rem cheque ou dinheiro.
Restaurante CARAJÁS. 24 rue des Trois Frères – Montmarte – Paris – Tel. : 01.42.64.11.26

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quem fala demais...

Fonte: Valium50
Lia o jornal de hoje quando me deparei com a matéria : « Para presidente da PETROBRÁS, ‘o problema do Rio são os cariocas’ ».
Como carioca que sou, achei o título um tanto « curioso » e resolvi ler a matéria em busca de uma explicação que, racionalmente, justificasse a estranha conclusão do presidente da PETROBRÁS.
Vi que a declaração fora dada diante de empresários, o que não é o suficiente para bem delimitar o contexto, mas que faz crer que tal manifestação foi feita num evento público.
Depois veio a explicação: o presidente da PETROBRÁS, Sr. Gabrielli, que é bahiano e disse que o comentário era « uma piada sobre os cariocas em relação aos baianos ».
Olha o problema : uma pessoa pública resolve fazer uma piada de mau gosto, sem qualquer pertinência com o assunto em debate, em um evento público, e, ainda, não satisfeito, « lança » a informação de uma suposta rivalidade entre bahianos e cariocas, rivalidade esta que, até onde sei, jamais existiu .
Situações como estas me fazem pensar num ensinamento de meu pai que, em tom de brincadeira, dizia : quem fala demais dá bom dia aos animais…

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terça-feira, 26 de julho de 2011

Racismo, xenofobia e preconceitos afins

Discutíamos, um grupo de franceses e eu, sobre um colega francês (estereótipo : pele branca, cabelos e olhos claros e constante « cara de nojo ») que, ao se referir a um homem negro que vendia amendoim na beira do Sena, empregou uma expressão extremamente racista para « justificar » o fato de recusar-se a comer os amendoins vendidos pelo senhor.
A expressão empregada, evidentemente, chocou a todos, pois mostrava uma faceta oculta de um colega que ninguém imaginava sofrer dessa « doença social ».
Eis que uma das meninas do grupo parte em defesa do colega dizendo que, na verdade, ele não era racista, tanto que havia « ficado » com uma brasileira num passado não muito distante.
Nesse momento, algumas fichas resolveram cair simultaneamente .
A primeira, que eu achava até interessante : muitos estrangeiros acham que os brasileiros são todos negros e estranham ao saber que eu sou brasileira, em razão da pele branca. A eles, explico, sem que isso me cause qualquer constrangimento, que o Brasil sempre abrigou uma enorme gama de imigrantes de todas as partes do mundo, e que, por isso , a miscigenação (mistura de diferentes etnias) é muito grande, havendo, portanto, pessoas com as mais diferentes características físicas.
A segunda, e essa eu posso dizer que me causou um belo choque, foi que o racismo (idéia absurda de que haveria diferentes "raças humanas" e que haveria uma superioridade entre elas) e a xenofobia são parentes muito próximos, o que, instintivamente, todos sabem, mas, acredito, nem todos têm o desprazer de vivenciar. De repente, a etnia brasileira passou a ser uma raça e o fato de um francês ter « ficado » com uma brasileira seria o suficiente para « provar » que uma pessoa como ele, que trata com desdém e preconceito uma pessoa de pele negra não é, de fato, racista.

Em tempo, alguns esclarecimentos : « etnia » é palavra derivada do grego e significa « povo », pessoas unidas pela mesma língua e pela mesma cultura, enquanto que « raça » é um termo altamente criticado, ligado a um conceito antropológico, segundo o qual a « raça humana » comportaria « subraças » ligadas à cor da pele. Por fim, a « xenofobia » é a aversão a pessoas e coisas estrangeiras.
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Até a padaria tira férias

Fonte: Blog da Rosa Nina
Perto da minha casa há uma padaria em que a vendedora já me conhece e sabe o pão de que gosto. 

Há uns quinze dias, contudo, percebi que a padaria estava fechada. No dia seguinte, a mesma coisa. 

Pensei que talvez tivesse havido um falecimento na família dos proprietários, único motivo razoável para um comércio estar fechado em pleno horário comercial. 

Vi que havia um aviso na porta, mas nem olhei, presumindo se tratar de aviso de falecimento.

Alguns dias se passaram e a padaria continuava fechada. 

Resolvi ler o tal aviso. Quem sabe a padaria faliu? Mudou de endereço? Não! Para minha surpresa, o papel afixado à porta anunciava que a padaria estava de férias por 15 dias. Isso mesmo. A padaria tirou férias; ou melhor, todos os funcionários da padaria, ao mesmo tempo, saíram de férias!

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domingo, 24 de julho de 2011

Quando o Google Tradutor apronta...

Essa é para as mulheres e para os homens que cuidam de suas mulheres...

Conversava com uma amiga francesa sobre cólica (sim, mulheres além de sentirem cólica, conversam sobre o assunto) e ela me garantiu que não havia uma palavra em francês que significasse "cólica", sendo empregado algo como "dor da regra", pois é, em francês a menstruação também pode ser chamada de "regra" (règle).

Não muito satisfeita, recorri ao moderno "pai dos burros", mas dos burros, burros mesmo, o "Google Tradutor".  Malandra, achando que tinha encontrado a pólvora, escrevo "cólica" e o guru eletrônico traduz imediatamente: "coliques".

Está vendo só, pensei, existe uma palavra!!! Felizmente, antes de me sentir a próxima ocupante de uma cadeira da Academia Brasileira de Letras, comentei com a minha amiga que eu havia encontrado essa palavra, mas ela me explicou que o Google Tradutor havia me pregado uma peça: coliques não significa "cólica", mas "piriri", daqueles que você tem que sair correndo para o banheiro para não passar vergonha.

Tudo bem, dessa vergonha eu fui poupada, não precisei correr pra lugar nenhum, nem falei essa abobrinha para ninguém além da minha amiga (até agora), mas imagina a cena: uma pessoa olha no seu Google Tradutor, faz a tradução on line e vai à farmácia para buscar um remédio que alivie a sua dor e sai de lá com uma caixa de "rolha em cápsulas" que não só não vai tirar a cólica, mas vai lhe causar uma enorme constirpação. É... Sobreviva ao Google Tradutor!

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domingo, 17 de julho de 2011

Le Bourget

No final de junho, aconteceu aqui nos arredores de Paris, o "Le Bourget", um salão bianual dedicado à aviação civil.

Durante uma semana inteira, o salão era de acesso exclusivo aos profissionais da área, e, no final de semana, estava aberto ao público, que lotou o local, em especial para ver o voo do AirBus A380, que, realmente, impressiona, por seu tamanho e seu peso, que pode ser sentido observando seu voo.
A multidão que aguarda para ver o voo do A380

Para os que gostam de aviões e se interessam pela aviação civil, fica a dica: o Bourget será realizado novamente em 2013, provavelmente em junho.


Um dos stands brasileiros

Stand da ENAC e da DGAC


Colina de Licabetus - Atenas

Há em Atenas uma colina, a colina de Licabetus, de onde é possível ter uma visão fantástica da cidade.

A subida é meio íngreme e cansativa. O que fiz, e recomendo, foi subir de táxi e descer a pé. 

Quando você chega ao alto há um restaurante charmoso, mas como é o único no alto de uma colina, pode-se imaginar que não tem os melhores preços possíveis... Limitei-me a tomar um suco de limão com bastante gelo e água (da torneira), pois fazia muito calor e o sol estava fortíssimo.

Há, ainda, uma pequena igreja, a capela de São Jorge, toda branquinha, no melhor estilo grego. Uma graça.

Vale a visita.

















Os três templos da cultura - Atenas


De acordo com o meu guia de turismo, uma visita interessante seria aos "três templos da cultura", a saber, a biblioteca, a universidade e a academia de Atenas.

Fui conferir, mas em nenhum dos edifícios havia a possibilidade de visitação no domingo. Precisei me satisfazer com a vista externa das construções, o que, apesar de interessante, não justifica considerar tal visita como algo obrigatório a quem visita Atenas e tem tantas coisas a visitar e conhecer.
 

 

Egina, uma simpática ilha grega

Para quem visita Atenas, uma boa dica é conhecer Egina, uma pequena ilha de 87km² (dois terços tomados por um vulcão extinto), localizada no Golfo Sarônico, no Mar Egeu.

A ilhota está localizada a 45 minutos de barco rápido ou 1 hora e meia de catamarã partindo de Atenas. A viagem até Egina não custa caro; a ida em barco rápido, custa em média 13 euros, e em catamarã, 9 euros. Comprando a ida e a volta juntas, paga-se em média 10% mais barato.

Chegamos à ilha e uma chuva forte se anunciava. O porto da cidade é muito interessante e me fez pensar em Búzios, quando se chega à cidade pelo mar. Várias lojinhas e restaurantes se espalham ao longo da costa e as pessoas parecem ter aquele ar de férias.

Fonte: Greeka.com
No porto, enfileirados, taxistas aguardam para fazer a viagem mais tradicional dos que desembarcam na ilha, que é cruzá-la até o outro lado para chegar ao balneário de Agia Marina, onde há as melhores e mais belas praias da ilha.

Como a chuva chegou conosco, ao chegarmos a Agia Marina fomos almoçar num dos charmosos (e simples) restaurantes da região e ficamos lá até que o céu começou a clarear. Algum tempo depois, o sol voltou a brilhar e podemos aproveitar o dia para um delicioso banho de mar nas águas calmas, quentes e transparentes da ilha.




 

 



Acrópole de Atenas

Atenas - Acrópole

Partenon
O título desta postagem pode até parecer um pleonasmo, mas não é.

Quando se pensa em Acrópole, pensa-se quase automaticamente em Atenas, como se só existisse uma Acrópole no mundo. Contudo, Acrópole, em grego, significa cidade alta e, apesar de ser a mais conhecida, a Acrópole de Atenas não é a única.

A Acrópole de Atenas foi construída nos idos de 450aC (idade média das construções), e hoje, passados quase 2 milênios e meio de história diante de tais edificações, as ruínas do que foram um dia  se mantém de pé e se submetem a trabalhos constantes de restauração. 

O Partenon, principal templo de Atenas e imagem mais "tradicional" que temos dessa cidade, e é quase que uma visita obrigatória a quem visita Atenas. A construção é imponente e é impossível não sentir vontade de entrar nessa construção, mas a vontade do turista curioso como eu não será satisfeita, pois a edificação é cercada e a visita ao interior é proibida.

Propileu
O Propileu, portal de entrada da parte sagrada da Acrópole, ainda encontra-se de pé. Durante a "escalada" de seus degraus de pedra, o visitante pode apreciar a vista e a magnitude da construção.  Descendo ao pé das escadarias antes de subir em direção do portal. Alguns se sentam nos degraus para planejarem os caminhos a seguir munidos de seus guias e mapas, já que não há muita indicação nos locais.
As Cariátides - Erecteion

Outra construção que me impressionou foi o Erecteion, templo dedicado à Deusa Atena, ao Deus Poseidon e a Erecteu, semi-deus rei de ateniense.

Na minha opinião, contudo, o que mais me impressionou foram as seis colunas talhadas em forma de mulheres, as cariátides, tamanha a perfeição das esculturas.



Templo de Athena Nike
Apesar das redes de proteção em torno das construções e da sensação de "campo de obra", a magnitude das construções é impressionante e um passeio pela Acrópole faz com que nos sintamos viajando no tempo e na história.


Odeon de Herodes Ático


O Odeon de Herodes Ático é um teatro construído no século I, localizado na Acrópole.

Incialmente, era uma estrutura fechada com capacidade para 5 mil pessoas, mas atualmente é uma estrutura aberta, sem cobertura, com uma imensa arquibancada em arco e um palco localizado próximo à muralha principal.


Odeon de Herodes Ático









Grécia


As notícias nos jornais do mundo não nos deixam duvidar da crise econômica que se abateu sobre a Grécia. 

 Na verdade, a crise se abateu sobre Portugal, Espanha, Itália, Grécia, em especial em razão da implantação do Euro como moeda da Comunidade Européia, opção que, apesar de aumentar a força econômica da Europa em relação á economia mundial, mas criou diversos problemas para a economia interna dos países da União Europeia.

Na Grécia, contudo, a situação está verdadeiramente calamitosa. As manifestações populares que acontecem por lá não deixam a menor dúvida quanto à gravidade do problema e a solução parece ser a sua retirada da União Européia, com o retorno de sua moeda nacional, opção que vem sendo cogitada.

Apesar da situação econômica, a Grécia continua sendo uma destinação muito interessante. Estive em Atenas e fiquei encantada com a cidade, não apenas em sua parte histórica, mas em todos os cantos.

Outro ponto interessante é a população grega. Antes de embarcar para a Grécia, li um guia sobre o país e encontrei várias referências à "grosseiria" e à "secura" de seu povo. Esse mito, contudo, não foi confirmado nos dias em que estive lá. Fui muito bem tratada pelos gregos, que se mostraram gentis e, até mesmo, brincalhões. A única demonstração de "mau-humor gratuito" que percebi foi no Museu da Acrópole, onde um funcionário da chapelaria me brindou com uma grosseiria desnecessária, mas inofensiva.

Além disso, apesar de não falar nem entender uma palavra de grego, encontrei em todos os lugares a gentileza das pessoas que falavam comigo em francês, inglês ou espanhol, mesmo que, por vezes, o diálogo virasse uma babel.
Talvez por causa da crise, os preços na Grécia são verdadeiramente baixos, sendo possível pegar táxi para as distâncias mais longas e pagar pouco mais que a tarifa de ônibus. Para se ter uma idéia, uma garrafa de água mineral, que nas ruas de Paris custará em média 1,80 euros, na Grécia, custa 0,50 euros.

Verdadeiramente, fiquei apaixonada pela Grécia, por seu povo, pelo seu clima. Senti-me em casa, acolhida, e saí de lá com vontade de voltar.