"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Catacombes - As catacumbas de Paris



A visita às catacumbas de Paris começa com uma enorme fila do lado de fora. 45 minutos de espera para comprar o bilhete de entrada (8 euros).

A fila se deve a limitação de circulação de pessoas no interior das catacumbas: 200 pessoas por vez.

Vencida a fase da fila, a entrada se dá por uma escadaria estreita e escura: 130 degraus para baixo, em direção ao que, um dia, antes de serem transformadas em catacumbas, foram minas.
A temperatura cai a cada degrau. A iluminação é precária. O clima é de filme de suspense. Corredores sombrios. Grossas grades diante de câmaras escuras. A sensação é que a qualquer momento você poderá ser atacado por alguém ou algo surgindo das sombras. E na entrada da catacumba, um portal em que se lê "Arrète! C´est ici l´empire de la mort." ("Pare! É aqui o império da morte.").


Mas essa visita não tem nenhum intuito de assustar (e eu ficava repetindo isso pra mim mesma mentalmente ao longo do caminho), não é um "trem fantasma", nem uma "casa do terror"; é uma visita a um local histórico.

Inicialmente, os parisienses eram enterrados nos cemitérios das igrejas, depois, devido a superlotação, começaram a ser enterrados em cemitérios criados no entorno da cidade, em "valas" coletivas. Os corpos, depois de decompostos, eram desenterrados e os ossos, guardados. A vala, esvaziada, era utilizada para enterrar outros corpos. Devido ao excesso de enterros (e de matéria proveniente da decomposição, evidentemente), o solo ficou contaminado e as populações que habitavam próximas aos cemitérios começaram a adoecer.

A solução, proposta por um chefe de polícia, seria de utilizar os túneis de mineração para alocar os ossos desenterrados dos sepulcros coletivos.

Assim é que, em 1785, as minas começam a ser utilizadas para abrigar os restos mortais retirados dos cemitérios parisienses. Inicialmente, os ossos eram "jogados" no interior da mina sem qualquer ordem. A partir de 1810, contudo, os ossos começam a ser "organizados" ao longo das paredes dos corredores, ganhando ares decorativos, em que os destaques são tíbias, fêmures e crânios, além de algumas placas com epitáfios.Os ossos menores, estão por trás dos grandes ossos em destaque. Essa é a decoração dos 2km de túneis pelos quais os visitantes passaram ao longo do trajeto.

















Dos epitáfios que fui lendo pelo caminho, dois em especial chamaram minha atenção.


"Si vous avez vu quelque fois mourir un homme, considérez toujours que le même sort vous attend".  

("Se você alguma vez viu um homem morrer, considere sempre que a mesma sorte lhe espera").


"Venez gens du monde venez dans ces demeures silencieuses et votre âme alors tranquille sera frappée de la voix qui s´élève de leur intérieur: 'C´est ici que le plus grand des maîtres, le Tombeau, tient son école de vérité'." 

("Venha gente do mundo venha nesses lares silenciosos e sua alma antes tranquila será atingida pela voz que surge de seus interior: 'É aqui que o maior dos mestres, a tumba, mantém sua escola da verdade'.").

O passeio é interessante, mas não está entre os que eu classificaria como indispensável.


***
Vergonha alheia:

No final do passeio, alguns visitantes foram convidados a abrir suas mochilas, pois haviam sido flagrados furtando ossos. Os gatunos estavam levando alguns fêmures e dois crânios. É inacreditável!

***

Algumas dicas:

Quem quiser fazer o passeio deve descer na estação do metrô Denfert-Rochereau; a entrada para as catacumbas é bem em frente à saida do metrô.

O trajeto é longo: 130 degraus para baixo, 2 km de caminhada e 83 degraus para cima. Não tem banheiro, não tem onde comprar água, nem onde deixar as coisas (casacos, bolsas etc).

De acordo com o aviso na porta, a visita é desaconselhável para pessoas que sofram de insuficiência cardíaca ou respiratória, pessoas sensíveis e crianças. Eu incluiria pessoas com problemas de claustrofobia...

Dica importante para as mulheres que resolverem fazer esse passeio: nada de sandália, nem sapato aberto. Como é uma antiga mina, há lugares em que há água no chão e pontos em que mina água. No dia em que fiz a visita, estava de "melissinha" e acabei molhando meus pés numa poça d´água da qual não consegui escapar. Como não é água apenas, mas água misturada com restos humanos (afinal os ossos estão por todos os lados), não é a melhor idéia molhar os pés nessa bendita água. Resultado pra mim: uma bela alergia no meu pé. 

Quem quiser saber mais (sobre as catacumbas, óbvio): Catacombes de Paris

***

4 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite'
O velho continente é sem dúvidas o berçario de nossa civilação. Parabéns pela postagem.


ALFEN

Anônimo disse...

Ju, nunca peguei fila para entrar, mas já vi gatunos sendo revistados na saída. Situação realmente constrangedora...

Leandro disse...

Ops, desculpe. Esse comentário aí de cima foi meu.

Edson disse...

Parabens pelas informacoes.

Eu e minha mulher visitamos as Catacumbas e realmente e um lugar impressionante. E o legal e que esta foram do circuito de excursoes.