Vejo um castelo de sólidas paredes erguidas com sonhos. Vejo um castelo de firme piso construído com desejos. Vejo um castelo coberto por um enorme telhado de nuvens e ilusões.
Vejo um castelo que não tem sequer a pretensão de ser real; nem mesmo ilusório ele pretende ser; nem castelo; nem casa de sapê. É um castelo para quem consegue ver o que não é e mesmo assim sabê-lo ali.
Castelo. Cas te lo. Cas tê-lo.
Cas tê-lo, em verde planta, em campo, num castelo imaginário, erguido do nada e dissipado no vasto espaço de um segundo, em que palavras tornam-se silêncio e o mundo, triste, fica mudo.
Castelo de bolhas de sabão sopradas ao vento. Castelo de bolhas de sabão levadas pelo vento.
O terror do ilusório. O choque do real. E o castelo dissolve-se antes de formar-se.
E como dói a morte do que não nasceu. Como é triste a perda do que, sem ter começado, chegou ao fim.
As cartas empilhadas, de súbito, vêm ao chão. É o castelo de cartas construído ao longo dos anos que se desfaz. É o riso da criança, que vê no tombo a possibilidade de recomeço. É a lágrima do velho, que não se sente disposto a recomeçar.
É mais um castelo ilusório que se faz real, mostrando em sua dura face tudo o que não foi; tudo o que poderia ter sido, não fosse a realidade.
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