Assisti há alguns dias ao filme "Cisne Negro".
Os comentários que, até então, tinha escutado, eram os melhores possíveis.: uma obra-prima, um filme psicológico denso que lhe levaria ao questionamento existencial supremo... E lá fui eu.
No fim da sessão, uma amiga e dois amigos dela comentam que o filme era genial, maravilhoso, que era preciso caminhar um pouco para digeri-lo.
"E vc, Ju, gostou do filme?" A pergunta me atingiu como um soco seco na boca do estômago. "Eles querem a verdade? Ai, caramba! Não, não gostei. Achei fraco, forçado, exagerado, longo e arrastado." Foi o momento ahfalei.com.br .
Na verdade, a idéia do filme é ótima e Natalie Portman está perfeita no papel. Ela consegue transportar o público em sua agonia, em seus questionamentos, suas transformações. Transmite, com perfeição, toda a dor de sua personagem, atormentada pela eterna busca da perfeição inatingível. Incorpora, com perfeição, a jovem bailarina que vive toda a tortura enlouquecida que o ballet impõe a quem dele queira viver. Ao mesmo tempo, compartilha com o público a jornada da menina super-protegida, fruto das projeções e frustrações de sua mãe, que busca livrar-se do cárcere familiar em que vive para tornar-se mulher. Uma personagem densa, madura e difícil que Natalie Portman interpreta de forma magistral.
De fato, Cisne Negro é um filme psicológico que teria tudo para ser perfeito, não fosse o fato de o diretor ter "errado na mão". O filme ficou longo demais, arrastado em alguns momentos e com recurso desnecessário ao suspense quase "fantasmagórico" que não tem nada a ver com a história.
"Sacadas" geniais, como os dedos dos pés que se colam como se estivessem se transformando em nadadeiras, perdem ponto diante do grotesco da cena em que as pernas da bailarina arqueiam como as de uma ave, ou do momento em que a bailarina retira uma pena que começa a nascer em sua pele.
Contudo, há cenas fantásticas como a metamorfose completa durante a coreografia do cisne negro e a poesia da sombra da bailarina, com as asas de um gigantesco cisne.
Enfim, é um filme que merece ser visto, apesar de não ser a obra-prima que se anuncia.
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2 comentários:
Rubens Ewald Filho que se cuide! Ju Foch vem aí, com suas críticas - sinceras - de cinema.
Eo José Wilker?! Ah, não. Esse só veste a capa de crítico. Você faz melhor que ele, Ju.
Também achei a cena dos dedos grudados e das pernas arqueando, desnecessárias. Pra mim, o diretor tb errou na mão.
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