"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

quarta-feira, 23 de março de 2011

Colo de vó

Meu apErtamento está de cabeça pra baixo, pernas pro ar, "loco loco loco"... E isso para uma pessoa que adora ter as coisas organizadas, bem arrumadas e bonitas é a mor-te! 

Mas, como na vida é preciso ter fluidez, vou me controlando para não ter um ataque de nervos. Como digo sempre: "respira, oxigena o cérebro e vamos lá!".

A bagunça, nesse momento, é necessária e não há nada que eu possa fazer para mudar isso: na verdade, até tentei organizar a bagunça, mas, ainda assim, bagunça é bagunça, organizada ou não. E não existe cor mais "eca" que "bege papelão". Não dava pra fazerem essas benditas caixas de uma cor menos deprimente?

Minhas coisas estão empacotadas aguardando a minha partida. Não tem jeito. É assim que tem que ser. Algumas ainda aguardam que eu tome coragem e as empacote, mas são poucas, muito poucas mesmo, e de hoje não escapam!

E pra tomar coragem, resolvi tomar um café. E, é claro, a cafeteira não está guardada, mas as minhas xícaras já estão na caixa. No apErtamento, restam apenas as louças  emprestadas pela faculdade para meu uso  pessoal até minha partida. Os copos disponíveis não chegam a ser "copos de geléia", porque nunca foram usados para este fim, mas são aqueles copos "duralex", ou seja, "copo de geléia" com etiqueta! E não adianta fazer cara de que não sabe do que estou falando porque to-do-mun-do tem alguma coisa da "duralex" em casa (um copo, um prato, um pirex, qualquer coisa). Antes de dizer que não, dá uma olhadinha na sua cozinha!

Pois bem. Preparei meu café e me servi no "duralex" mesmo. E no primeiro gole me lembrei de minha avó materna, D. Bona,* que já não está nesse mundo, mas certamente ainda está bem pertinho de mim, viva em cada lembrança que guardo dela.

O café tinha o gosto do café da minha avó, que era servido no "copo de geléia" (ou no de requeijão, que, normalmente, é maior). 

Minha avó era uma mulher simples, não frequentou as melhores escolas, não tinha diploma de nenhuma faculdade, mas tinha a sabedoria que só a vida pode dar. Em sua simplicidade, não havia um único dia em que você chegasse na casa dela e ela não lhe servisse um bom café, bem forte, e, pelo menos, um pão com manteiga. Pra mim, primeira neta, afilhada e xodó, tinha sempre chá fresquinho, biscoitinhos e tomate em cubinhos com cebola, sal e azeite (do jeitinho que eu adoro)!

E eis que, como uma brisa boa, a lembrança da minha avó querida veio a me dar colo e o desconforto da bagunça ficou bem mais suave. Obrigada, vovó!

* Apelido carinhoso pelo qual chamava minha avó.


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Um comentário:

Edu Corrêa disse...

Bonito isso, Ju!
Err... Caiu um cisco no meu olho...