Zappeando à noite, tentando pensar em algo agradável e que não me causasse preocupação, me deparo com uma emissão sobre o Rio de Janeiro. O nome do programa? "Gangs de Rio"... Sentiu, né? Lá se foi minha tranquilidade acéfala...
Após alguns minutos, lá estava a verdade "nua e crua". Muito nua, com as roupas mínimas e os decotes máximos das "esposas" dos traficantes. E extremamente crua, jorrando sangue dos corpos dos bandidos abatidos e das vítimas cujas vidas foram ceifadas em razão da guerra contra a crescente criminalidade de nosso Estado.
Na tal emissão, traficantes entrevistados enquanto "multiplicavam" a cocaína, misturando-a com outros "ingredientes"; enquanto preparavam os saquinhos de droga, preocupando-se com a "quantidade", que deveria ser "mais ou menos" a mesma sempre; enquanto empunhavam suas armas nas vielas das favelas; enquanto desafiavam a morte com frases de efeito do tipo "se 1 morre, vem 10 no seu lugar"; enquanto seus corpos, sem vida, eram carregados, cobertos de sangue.
Na tal emissão, as esposas dos traficantes eram entrevistadas. Uma, de 27 ou 28 anos de idade, já era viúva pela 6ª vez. Entre choro de saudades e revelações sobre quantas mulheres estavam em volta do caixão do traficante, com quantas mulheres dividia seu marido, sobre quanta "porrada" levava de seu "companheiro", as mulheres dos traficantes mostravam a normalidade com que encaram a "vida-e-morte" de suas existências.
Fonte: Imagens gratis |
Na tal emissão, ainda, dois jovens adolescentes foram entrevistados. No início, encapuzados e empunhando suas armas. Depois, afirmando que teriam abandonado o tráfico e que não eram mais bemvindos no morro onde moraram, sem capuz, de boné "da moda" e camisa de futebol (um estava com a camisa da equipe de Portugal), foram entrevistados enquanto devoravam um sunday como qualquer criança. Mas a criancice acabava aí. Os dois falavam como homens vividos, calejados, a cuja infância a violência cotidiana violentou brutalmente, deixando marcas que não serão apagadas.; E num passeio em uma loja, experimentaram roupas que não poderiam mais comprar. Antes, segundo afirmavam, eles entravam e compravam o que queriam; não havia limite. Agora, palavras deles, eram "uns merdas", pois precisavam aferir o preço para verificar se estava dentre dos limites que poderiam pagar....
Enfim, eram "uns merdas" como eu e você, que trabalhamos e pagamos as contas no fim do mês e precisamos, sim, verificar o preço das coisas para saber se estão dentro de nossas possibilidades. Não eram "uns merdas", mas pessoas normais.
Na tal emissão, ainda, nossa polícia é mostrada como sendo bárbara, atroz. A população gritando, proclamando sua descrença com a "Justiça dos Homens"; crianças vítimas de balas perdidas; policiais que riem quando contam quantos abateram; traficantes enfileirados "expostos como troféus de guerra", segundo a narração do documentário. CORE. Caveirão. Evidentemente, a emissão dedicou muito mais tempo à vida do tráfico do que à vida daqueles que se dedicam a combatê-lo... Por que será?
E no fim da tal emissão, a infeliz constatação de que é essa a imagem que se "vende" do Rio de Janeiro: uma terra sem lei, em que imperam o turismo sexual, o trafico, as drogas, a violência, a barbárie...
Se eu queria uma noite de descanso, sem pensar em nada, "me dei mal", pois depois dessa bendita edição, impossível não me perguntar "onde é que vamos parar?".
Fonte: Rio de Janeiro Sitiado |
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2 comentários:
Olá Ju,
Realmente é bastante preocupante a questão do crime organizado não só no RJ (que eu tanto amo), como em todo nosso Brasil...
Que Deus nos ajude!
Grande beijo para ti!
http://omundoparachamardemeu.blogspot.com/
A imagem é otima. Parece que com toda esta violência Cristo ligou seu foguete e foiiiiiii Bjs. Mommy
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