"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Choques culturais

Não tem jeito, mesmo depois de algum tempo, os choques culturais continuam a me impressionar.

Uma colega que me pergunta se eu tomo banho todos os dias, mesmo com esse frio todo e se surpreende com a minha resposta: um naturalíssimo "claro". "E o cabelo? O meu eu lavo no máximo 1 vez por semana e sem xampu...". "A coisa está ficando complicada", penso. E respondo, tentando ser diplomática, que lavo o cabelo "dia sim, dia não ou a cada dois dias", mas que isso é um hábito nosso, no Brasil... A diplomacia manda "empurrar" a responsabilidade por esse "desperdício de água, sabonete e xampu" para o bendito "costume".

Outro colega abre um debate sobre o uso do desodorante, que, segundo ele, não pode ser passado após o banho. Então quando, bolas?

Um colega originário de Madagascar me acompanha até a lavanderia e se surpreende que eu saiba "operar as máquinas de lavar" e separar as roupas a serem lavadas por cor e tipo. E lá estou eu, na lavanderia, ensinando um homem de 40 anos de idade a separar roupas para lavá-las... No meio da "tarefa" pergunto se ele nunca lavou as próprias roupas antes e tenho que engolir a seco a resposta de que a mulher dele é quem faz isso. "Mas você nunca a ajuda?" e ele, rindo, "você é brincalhona!".

Depois, um colega originário da África me pergunta se há muitos afrodescendentes no Brasil e se eles podem votar. Isso, sem, antes, num papo sobre a comida da cantina (que é horrível, mas assim mesmo é a única que ele come) me agraciar com o comentário que "essas coisas de cozinha" são atividades para mulheres e que ele é incapaz de "operar" o microondas, por isso se submete à comida da faculdade.

E, claro, sendo do Brasil, em especial do Rio de Janeiro, passo por constantes questionamentos culturais que passam por todos os pontos que se possa imaginar, até mesmo sobre as mulheres e as cirurgias plásticas. E hoje, uma colega sentou-se ao meu lado e mostrou o quanto lhe causo curiosidade: ela pediu pra ver os anéis que eu estava usando, quis ver o gloss que uso para que meus lábios não rachem por causa do frio e queria ler o que eu estava escrevendo, mesmo que fossem lembretes meus, pessoais, em português...

Isso sem contar as questões sobre o carnaval; se eu desfilo no carnaval, se uso plumas, enfim... 

Tenho certeza que essa curiosidade é parte da diferença cultural, mesmo, pois as pessoas que manifestam essa curiosidade são pessoas extremamente queridas e que me acolheram com braços abertos.

Em tempo, numa aula, um professor que passou 4 anos trabalhando no exterior falou algo muito interessante: nessas experiências em que estamos longe de nossa família, numa terra distante, são os amigos que fazemos que se tornam nossa "família provisória". E, nesse sentido, tive muita sorte!

***

3 comentários:

alexandro.x.pinheiro disse...

Ave maria Juju!
Sobre a moçinha do banho, não acredito que seja diferentes tipos de cultura e sim de higiêne pessoal mesmo, rsrsrs. Abraços.

Unknown disse...

Amiga,... essa última aí tá querendo te pegar! hahahaha

Edu Corrêa disse...

"...se há muitos afrodescendentes no Brasil..."? Eu responderia: - Quase a população toda, considerando-se a miscigenação.
Esse é bem desinformado, mesmo.
Obviamente, estas diferenças culturais (raciais, religiosas, socioeconomicas...), como você bem diz, não interferem - nem devem interferir - nos afetos.

E concordo com a nossa querida 'Personal Trainer'. Estás aberta a novas experiências? Kkkkk