"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Carícias

Uma das boas coisas que minha constante curiosidade me trouxe foi o estudo da Análise Transacional (AT)*, método psicológico criado nos idos de 1950 pelo psiquiatra Eric Berne**.

Tinha lido o livro "Os Jogos da Vida" de Eric Berne, que sequestrei da estante da minha mãe e adorei! Fiz, então, o curso AT101 e recomendo a qualquer pessoa que queira viver bem, pois essa "técnica" é muito útil para nos ajudar em nossas próprias vidas, nas relações interpessoais de trabalho, bem como nas situações familiares e afetivas.

De acordo com texto encontrado na Wikipedia, "A análise transacional é um estudo psicodinâmico, enfatizando que a pessoa pode modificar seus sentimentos, pensamentos e escolhas pelo autoconhecimento e desenvolvimento pessoal." (grifos não presentes no original***).

Análise Estrutural: Estados do Ego.Para a análise transacional, cada pessoa, independente da idade, possui três "estados do ego", conhecidos como "Pai", " Adulto" e "Criança", que correspondem às influências parentais, aos "modelos", aos valores e programas de conduta" ("pai"); ao contato objetivo com a realidade, à racionalidade desprovida de influência emocional ("adulto"); e às experiências obtidas desde o nascimento, ligadas às emoções elementares de alegria, amor, prazer, tristeza, raiva e medo ("criança").

Esses estados egóicos estão, portanto, presentes em todo e qualquer ser humano, ainda que haja a preponderância de um deterinado estado sobre os demais.

E, muitas das vezes, os conflitos humanos, os desentendimentos, os problemas de relacionamento surgem porque as pessoas envolvidas estão atuando com preponderância de determinado estado egóico, criando comunicações cruzadas (como uma linha cruzada numa ligação telefônica).

Há, ainda, situações em que essa "linha cruzada" ocorre "propositalmente", ainda que não conscientemente, pois as partes envolvidas buscam a obtenção de determinado resultado (grife-se, ainda que não tenham consciência disso), para suprirem sua necessidade diária de "carícias", ou seja, "estímulos sociais dirigidos de um ser vivo a outro, o qual, por sua vez, reconhece a existência daquele." (Kertész)

É nessa hipótese que são observados os jogos psicológicos****, parte interessantíssima do estudo da AT e de surpreendente aplicação prática.

A AT não era para ser o tema do presente post, mas confesso que é um assunto muito interessante e acabei "me empolgando um pouco". De qualquer forma, essa introdução é extremamente necessária para que todos possam entender do que quero falar nesse momento: as carícias.

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Estou aqui em Toulouse há pouco mais de dois meses e, como já escrevi em outras oportunidades, sinto falta dos meus familiares e amigos, e dos nossos papos, carinhos e abraços, pois sempre recebi muito afeto dos mais próximos.

Tenho recebido muito carinho virtual (mensagens e e-mails) que guardo para sempre que sentir falta poder ler um pouquinho e me sentir abraçada, ainda que virtualmente.

Nos últimos dias, contudo, tive a felicidade de reencontrar um amigo do passado, com o qual não tinha contato havia anos. O acaso quis que ele estivesse por perto e que nos encontrássemos. E, de repente, me senti de volta ao meu país, a tudo o que me é confortável. E quando nos despedimos, me senti "voltando" para a França... Bateu angústia, agonia, sufocamento...  Queria conversar, mas me sentia sozinha... Falar com quem? Liguei para minha família e chorei... Chorei e vi os que me amam chorar, diante da sinceridade de  minha tristeza.

No dia seguinte, alguns colegas de mestrado vieram me perguntar se eu estava triste. De coração aberto,   contei o que estava sentindo e recebi palavras carinhosas, afagos e afirmações de que eu não estava sozinha aqui, que poderia contar com eles. Até mesmo o meu inspetor de estudo me surpreendeu com o convite para passar o final de semana com a familia dele, sua esposa e filhos, para que eu me sentisse num seio familiar e não me sentisse tão sozinha... 

Depois disso tudo, devo admitir, sou viciada em dar e receber "carícias positivas" e a cada dia me surpreendo com o carinho que recebo de meus amigos, tanto os que hoje estão fisicamente longe (mas que falam comigo por e-mail, MSN, Skype ou por este blog), quanto os novos amigos que conquistei aqui na França.


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* Fiz o curso com os didatas Danielle Tavares (http://www.atrj.com.br/) e Jorge Fagim (http://fagim.sites.uol.com.br/), os quais recomendo, pois são profissionais competentíssimos em suas áreas de atuação.

2 comentários:

Edu Corrêa disse...

Oi, Ju. Fagim agora "atende" no site www.trabalhandooser.com.br, em conjunto com Irene.
Mas se preferir manter o endereço, apenas altere-o para fagim.at.sites.uol.com.br, que ele redireciona para o novo.

Beijoca brazuca!

Claudia disse...

Ai amiga, aguenta firme que sua mamy tá chegando!!!!