"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Chauvinismo (ou chovinismo)

"Chauvinismo ou chovinismo (do francês chauvinisme) é o termo dado a todo tipo de opinião exacerbada, tendenciosa, ou agressiva em favor de um país, grupo ou idéia. Associados ao chauvinismo freqūentemente identificam-se com expressões de rejeição radical a seus contrários, desprezo às minorias, narcisismo, mitomania.
O termo deriva do nome de Nicolas Chauvin, soldado do Primeiro Império Francês, que sob comando de Napoleão Bonaparte demonstrou seu enorme amor por seu país sendo ferido dez vezes em combate, mas sempre retornando aos campos de batalha. Inicialmente, o vocábulo foi usado para designar pejorativamente o patriotismo exagerado, sendo posteriormente adotado para outros casos." (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chauvinismo).

Depois dessa elucidação didática, posso afirmar categoricamente: hoje conheci um legítimo chauvinista francês!

O professor com o qual tivemos aula hoje (durante o dia inteiro, para aumentar a tortura) é, sem dúvida, um autêntico chovinista: defensor extremado de tudo o que é francês, a "raça" mais perfeita do mundo, dava sua aula ridicularizando todos os demais países... Começou pelo Brasil, fazendo comentários do tipo que no nosso país só se sabe dançar tango e salsa; que o crescimento do país não se deve a democracia, mas ao petróleo; malhou um pouco o Lula; e que o Rio de Janeiro é muito perigoso, que se você sai com uma bolsa na orla, não só lhe roubam a bolsa, como também, se estiverem com pressa, lhe cortam a mão... e por aí foi...

Eu, que até então estava acompanhando a aula, soltei a caneta e fechei o caderno. Sinceramente, não dá pra anotar nada que um xenofóbico preconceituoso como ele fala.

No intervalo da aula, ele perguntou a uma colega minha se havia estrangeiros na sala, ao que ela imediatamente respondeu que havia uma brasileira, apontando para mim.

A cara do professor foi ao chão. Ele veio até a minha mesa e me perguntou se eu entendia bem o francês. Talvez para saber se eu tinha entendido todas as asneiras que ele falou... Respondi, com a devida secura francesa, que não só entendia e falava francês, como inglês, espanhol e português...

Ele, ainda mais sem graça, me perguntou se eu era amiga do Lula. Não, mas trabalho para uma empresa pública federal, ou seja, uma empresa do governo, limitei-me a responder. 

Ele não queria antipatia? Pois eu aprendo rápido...

Feitas as devidas apresentações, ele me perguntou se eu era de São Paulo (já que ele tinha arrasado com o Rio) e, diante da minha negativa, me perguntou se o Rio continuava violento, pois a muitos anos não ia ao Rio... Esclareci muitas coisas a ele, defendendo minha cidade e meu país, como sempre achei que é obrigação do brasileiro (sim, temos problemas, e não são poucos... mas a nossa roupa suja, somos nós que devemos lavar... e de preferência, no tanque de nossa casa!).

A aula recomeçou e o professor se emendou... pelo menos com o Brasil, sobre o qual não fez mais nenhum comentário pejorativo, tendo, até, tentado ser simpático comigo.

Com relação a todos os outros países, à exceção da França, malhou-os a todos.

Me senti diante de um verdadeiro nazista, pois foi com base nesse discurso exacerbado de superioridade de uma "raça" que as maiores atrocidades foram praticadas contra os judeus, não tem muito tempo; e tantos negros foram perseguidos, torturados e mortos ao longo da história; e tantas famílias tiveram que deixar seus países, fugindo do autoritarismo; enfim, tantas barbáries foram cometidas contra a humanidade.

E sabe o que mais choca? É que um colega da classe, advogado haitiano, ou seja, proveniente de um país vítima da mais absurda ditadura há mais de 20 anos e visto como ameaça a "paz internacional", ainda conseguisse achar graça das barbaridades que o professor falava... 

***

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha nova e querida sobrinha, me desculpe mas não aguento ler sobre as opiniões de seu "professor" e não comentar.
Em primeiro lugar ele deveria saber que nosso país vem sendo espoliado ha séculos pelos europeus.Levaram a madeira para as escadarias palacianas, levaram e levam ainda as pedras preciosas que compõem quase toda a joalheria de suas cortes. Levaram até exemplares de gente (homens e mulheres de nossas nações indígenas)para apresentar como exóticos exemplares.Esses caras, todos brancos e bárbaros são de índole tão ruim que inventaram a "pirataria" (ingleses) e os "corsários" (franceses ladrões a serviço de seus reis). Por último, gostaria de lembrar que historiadores sérios, perceberam que até os principais lemas do pensamento iluminista francês: Igualdade, Fraternidade e Liberdade jamais existiriam se não tivessem sido observados aqui em nossas tribos no contato com os cronistas franceses, já que liberdade, fraternidade e liberdade só puderam conhecer aqui. Não vou me estender mais se não terei de entrar na constituição dos grandes compêndios de farmacologia franceses, escritos com base nas centenas de espécies naturais que nossos índios ja haviam domesticado no Brasil colônia. E haja "ano da frança no Brasil". um beijo de um brasileiro triste mas orgulhoso de sua sobrinha. Não esmoreça!

Anônimo disse...

ju, ontem à noite assistimos um documentário sobre a ida de Tom Zé no Festival da França, onde foi muito mal recebido e discriminado, apesar de ter ido a convite. Ele reagiu e soltou os bichos em cima dos organizadores, sentou o dedo na cara dos franceses com vontade...um absurdo o desrespeito, mas ele não deixou barato, palavrões pesados ... se foi coincidencia ou não , alguns dias depois em outro show em Paris , foi aplaudido de pé...Você está no País deles, mas o Brasil estará aonde você estiver...Sabemos que você não poderá fazer o mesmo, mas não abaixe a cabeça...beijo com saudade ...