As ruas próximas e a praça foram decoradas com cachos de bolas verdes ou roxas, em forma de cacho de uva, ornados com enormes folhas de parreiras.
As barracas de diversos produtores locais ocupavam o entorno de metade da praça. Tonéis de madeira serviam de mesas às pessoas que bebiam, comiam e conversavam. No centro, no vão formado entre as barracas e a Fontaine de Neptune, a banda Fanfare tocava animadamente e as pessoas assistiam e dançavam; crianças e adultos, todos se divertiam.
Experimentei um vinho que achei particularmente interessante, todo de produção artesanal e orgânica, da vinícola Changer L´Aude en Vin. O vinho se chama La Nine (mas que, como o produtor me explicou, não é “nine” do inglês, mas “nine” – lê-se “ninê” – como “niña”, ou seja, menina).
Por volta das 21:00, começou o show de Raul PAZ, um cantor cubano que as pessoas aqui parecem gostar, mas que, na minha opinião, mistura tantos estilos que acaba sem ter nenhum, além de tentar fazer um tipo sedutor, sem ter muitos elementos que o permitissem, sequer, cogitar a possibilidade.
Durante o show, o cachorro daquele mendigo que eu havia visto na porta da igreja resolveu dar uma “voltinha” pela praça, e ele, totalmente bêbado, não percebeu. O problema é que o cachorro era um pastor alemão bem grandinho e as pessoas, quando ele passava, ficavam estáticas. Um rapaz que estava ao meu lado avisou ao pedinte que, quando percebeu a ausência do seu cachorro, começou a chamá-lo, mas não se levantou de onde estava (acho mesmo que não conseguiria, pois ao seu lado havia 2 garrafas vazias de alguma bebida alcoólica que acho que era vodka). E o cachorro, parece que sabendo que seu dono não estava em condições de buscá-lo, ignorava solenemente os chamados.
Vendo que a situação não se resolveria, fui até o cachorro, lhe estendi a mão para que ele cheirasse e, como ele não demonstrou qualquer reação hostil, peguei sua coleira e o conduzi de volta para perto de seu dono que me retribuiu mandando beijos bêbados em minha direção.
E o show continuava lá no palco. O mendigo vibrava com o show psicodélico que deveria estar acontecendo no seu próprio mundo e a platéia, muito sem ritmo e sem coordenação motora, tentava dançar: um casal dançava salsa com passos de bolero; uma moça tentava dançar salsa, mas enfrentava uma batalha corporal, pois o quadril parecia não estar acostumado a “ser solto” e as pernas pareciam querer dançar country; um rapaz dançava abraçado com a namorada, e parecia estar tendo uma crise convulsiva...
Enfim, naquele momento, o show valeu, pois me distraí assistindo as “deformances” (tipo especial de performance) alheias e as pessoas, independentemente de terem ou não coordenação motora, estavam se divertindo e dançando como sabiam e podiam, o que é sempre louvável!
Antes de voltar para o hotel, aproveitei, ainda, para comer um crepe fresquinho com geléia de vinho rose. Que delícia! As geléias de vinho produzidas pelo Domaine de L´Ecluse são deliciosas, parece que você está bebendo uma bela taça de vinho. Eles produzem as geléias de vinho branco, rose e tinto e eu, que nem gosto de vinho, comprei pequenos potinhos de cada uma delas.
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