Continuando sobre o tema do adestramento humano...
Há um outro adestramento que aqui é bem comum: a prioridade é do pedestre. Melhor dizendo: se há uma faixa de pedestres e alguém quer atravessar (na faixa, que fique bem claro), a prioridade é do pedestre e os carros pararão para que ele atravesse. É sério! Não estou brincando. O pedestre, aqui, não tem muito risco de ser confundido com pino de boliche e, além disso, o motorista não quer fazer um strike.
Como consequência, há pouquíssimos sinais de trânsito e muitas faixas de pedestres...
Um dia desses, quando fui ao supermercado (que fica do outro lado da cidade...), presenciei uma cena "pitoresca", pelo menos para mim. Uma jovem dirigia seu veículo quando, por algum motivo, distraiu-se e parou seu carro com pouca antecedência da faixa de pedestres em que eu me encontrava. Tá, vamos falar francamente: ela parou o carro sobre metade da faixa de pedestres, mas parou, bolas!
A moça, coitada, ficou super "desnorteada" e pediu mil desculpas. "Calma, não tem problema", respondi, pois acostumada que estou com a agressividade do trânsito carioca, não vi tanto drama naquela "semi-irregularidade acidental" praticada pela jovem motorista, que ainda estava aprendendo a conduzir (a sim, porque aqui os novos motoristas andam com um enorme "A" colado no carro para sinalizar que estão aprendendo).
O engraçado foi que os outros pedestres que viram a cena ficaram indignados com a pobre motorista...
Eles, os pedestres indignados e a motorista mortificada, "adestrados" com a civilidade de dar preferência ao pedestre que quer atravessar a rua; eu, a pedestre que queria atravessar a rua, "adestrada" com a equivocada ótica segundo a qual devemos temer os carros, vans, ônibus, caminhões, motos ao atravessar as ruas e devemos tomar sempre cuidado para não sermos "jogados para o alto"...
O mais engraçado (ou será triste) é que, de tão acostumada com a falta de civilidade no trânsito carioca, eu ainda me pego esperando os carros passarem para, só então, atravessar a rua. Mas eles sempre param e os motoristas, como se adivinhando meus pensamentos, sinalizam com as mãos que eu posso passar (que não vou virar asfalto...).
Um comentário:
Certos motoristas, aqui, deveriam usar um "P" bem grande nos veículos. Perigosos!
Gargalhei com a ilustração!
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