A coisa está feia aqui na França. A greve já atinge níveis críticos e serviços essenciais tem sido prejudicados, como transporte público (trens, ônibus e aviões), abastecimento de combustível, estradas, escolas e, até mesmo, coleta de lixo.
No norte do país as conseqüências são sentidas de forma mais intensa: falta combustível, há saques e atos de vandalismo.
No sul, sentimos os efeitos, principalmente, no que se refere ao transporte público.
Vi notícia de que em Marseille a greve do serviço de coleta de lixo está chegando ao absurdo de pessoas incendiarem o lixo nas ruas, pois as montanhas de lixo se acumulam de tal forma que a situação já passa do tolerável, havendo uma proliferação de ratos nas ruas.
E a razão de tudo isso? Uma reforma da previdência pretendida pelo Presidente Nicolas Sarkozy, em que pretende aumentar de 60 para 62 anos a idade mínima para aposentadoria e de 65 para 67 anos a idade para a aposentadoria integral.
O problema é semelhante ao que enfrentamos no Brasil. A expectativa de vida aumenta e, portanto, os beneficiários da previdência social vivem mais tempo, o que significa que o pagamento dos benefícios previdenciários perdura por mais tempo e, com isso, o sistema previdenciário tende a “quebrar”, necessitando, em tese, de mais tempo de contribuição.
Aliás, certa vez um professor falou que o sistema previdenciário (não só brasileiro, mas mundial) já tinha nascido fadado ao insucesso...
Resultado: querem aumentar o tempo de contribuição. Trocando em miúdos, querem que as pessoas trabalhem por mais tempo.
Como no Brasil, o direito de greve na França está assegurado na Constituição, e, irresignados com o aumento do tempo de contribuição, os franceses entram em greve.
Simples assim. E, ao mesmo tempo, complicado assim.
(Sobre o tema: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/10/protestos-e-greve-na-franca-afetam-30-do-trafego-aereo-no-pais.html e http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=8&id_noticia=136525, sendo do primeiro link as fotos utilizadas para ilustrar esta postagem).
Um comentário:
Não sei como as coisas funcionam aí mas, aqui, sabemos que quando o governo precisa de mais dinheiro, simplesmente cria algum mecanismo para tira-lo do povo, em vez de propor alternativas realmente inteligentes e de mexer nos próprios gastos do Estado (que incluem salários e benefícios de parlamentares; mas eles não mexem nos próprios bolsos).
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